Conheça os prazeres e desafios em trabalhar com paisagismo no Paraná
Autor: Camila Fonseca - Data: 01/07/2011
Foi no Paraguai onde tudo começou. Desde criança Ricardo Crispim conviveu com o paisagismo e decidiu aprender esta profissão com seu pai. Pouco tempo depois se mudou para Xambre - Paraná e, desde então, presta serviços fazendo projetos paisagísticos para a região.
AuE Soluções: Na sua visão, como definiria o paisagismo, tanto urbano quanto residencial, do Paraná atualmente?
Ricardo Crispim: Particularmente, creio que todo o Paraná está vivendo uma boa fase, uma vez que o perfil das micro regiões tem sido igual em todas que temos maior conhecimento. Temos visto grandes profissionais despontar, com uma mentalidade bem mais moderna; talvez devido ao acesso muito mais amplo que se vive atualmente, tanto às informações, assim como às tecnologias de produção. E graças a isso vemos com muito mais frequência, um paisagismo urbano mais rico em espécies, usando-se inclusive de árvores da nossa flora, assim como o uso mais comum de maciços compostos por forrações anuais, que trazem uma alegria muito interessante para os ambientes públicos. Quanto aos nossos paisagismos residenciais, também temos visto projetos mais ousados, creio eu que a disponibilidade crescente de plantas adultas no mercado também tem contribuído muito com a melhoria geral na qualidade das nossas composições. Acho que o paranaense tem, hoje, muitos motivos para ter esperança de um paisagismo cada vez mais moderno e recheado de boas novidades.
AuE Soluções: Como foi implantar seu estilo paisagístico na região?
Ricardo Crispim: Nós chegamos ao Paraná no ano de 2001 e encontramos uma região ao mesmo tempo promissora e complicada. Promissora porque víamos na região um mercado todo aberto. Complicada porque, como trazíamos um estilo bem diferente do que se via por aqui, havia sempre alguma resistência na aceitação, pois os clientes eram geralmente muito tradicionalistas, porém tínhamos convicção de que o que nós trazíamos era enriquecedor. O desenho simples em planta baixa dificultava muito o expressar da nossa proposta além de que, por usar maciços e plantas adultas, o custo era sempre mais elevado do que o que as pessoas estavam acostumadas. E como a pessoa nem sempre conseguia visualizar o que implantaríamos, acabavam por não perceber a viabilidade. Quando tivemos a oportunidade de mostrar ao cliente com maior clareza nossa proposta, obtivemos muito mais tranquilidade para implantar nosso estilo. Hoje estou muito satisfeito, porque passados mais de 10 anos de trabalho, o paisagismo regional tem notoriamente se transformado, os clientes tem ganhado confiança em investir, pois acreditam mais no potêncial do espaço que dispõe para o jardim. Particularmente, muito me alegro em entender que tenho contribuído para uma mudança significativa no quadro do paisagismo regional.
AuE Soluções: Existe alguma peculiaridade do estado que ainda não foi encontrada em outra localidade?
Ricardo Crispim: Entendo como uma particularidade muito interessante, a diversidade que existe tanto climática, como no caso dos solos. Veja bem, se você está na região de Umuarama-PR (região Noroeste), se deparará com um solo proveniente da decomposição de arenitos e um clima bem quente. Já na região de Cascavel (região Oeste), que fica a menos de 200 km de Umuarama, temos uma situação de solo de basaltos, ou seja, solos vermelhos e clima com médias de temperaturas bem menores que na região noroeste, assim como invernos bem mais rigorosos. Isso, é claro, qualquer pessoa que seja observadora do paisagismo, ao passar por uma região e outra, não só sentirá as diferenças térmicas como também perceberá as diferenças bem relevantes nas composições dos jardins.
AuE Soluções: Que critérios são levados em conta na hora de desenvolver um projeto de paisagismo, dadas as baixas tempeturatuas que esta região atinge?
Ricardo Crispim: É certo que, além dos gostos e expectativas dos nossos clientes, as questões de solos e clima específicos de cada micro região devem ser observadas. Procuro sempre cuidar dessa questão com uma atenção muito especial, já que você incorre em situações onde deverá implantar projetos em solos arenosos e regiões mais quentes como na região noroeste paranaense, assim como regiões dentro do próprio estado onde se depara com climas mais frios e solos argilosos que por natureza retém melhor a água. E isso requer do paisagista, maior conhecimento agronômico das espécies e também que conheça uma gama mais ampla de espécies. É, sem dúvida, algo que nos leva à busca incessante de capacitação e também a usar das supostas adversidades para o enriquecimento do conhecimento. Isso tudo se torna um brinde a qualidade.
AuE Soluções: Os espaços verdes no Paraná são ricos em espécies de plantas e biodiversidade?
Ricardo Crispim: Acredito que sim. Temos caminhado a passos largos para a melhoria nesse sentido. Espécies de palmeiras que antes não se viam em projetos de urbanização, agora tem sido mais presentes. Isso também se vê em espécies arbóreas, flores anuais, enfim, temos melhorado e, o novo, incita os profissionais a trazer sempre mais e mais novidades, enriquecendo, assim, a qualidade inclusive no que diz respeito à biodiversidade das composições.
AuE Soluções: Se tornando conhecido em todo o Brasil, os jardins verticais têm ganhado a admiração de muitos profissionais e sido tendência nesse segmento. No Paraná já existem projetos seguindo essas características do setor? (Muitos clientes já pedem esses jardins verticais?)
Ricardo Crispim: Sim. São vários os lugares públicos e privados que se vêem os jardins verticais, e como já disse anteriormente, temos vivido um tempo de despertamento. Assim, os pedidos dos clientes começam aparecer cada dia mais, porém não sei como funciona a questão das precificações em cada estado brasileiro, mas posso dizer que esse tem sido para nós um obstáculo, visto que o acesso a insumos e plantas específicos desse tipo de composição ainda tem sido muito caro.
AuE Soluções: Você acha que um projeto executado com o auxílio de um programa facilita a relação com o cliente?
Ricardo Crispim: Sem dúvida. Até existe uma questão muito interessante que quero compartilhar: há alguns dias atrás, fui atender uma cliente que não conhecia a empresa, e ao chegar ela começou a pedi que todo o projeto fosse feito da maneira que tinha pensado. Todavia, este era um pedido de uma composição um tanto quanto pobre quando se comparado ao potencial que o ambiente oferecia. Então, lhe ofereci uma sugestão. Me comprometi a montar um projeto para ela, expressando exatamente conforme ela havia pedido e um outro no qual a gente mostraria a nossa composição para o ambiente. Resultado: ela gostou de tal forma da nossa proposta, que mal quis ver o que ela tinha pedido. Enfim, é certo dizer que para nós o uso do programa tem sido uma ferramenta tanto para desmistificar os equívocos das pessoas, assim como para permitir ao nosso cliente visualizar o quão grande potencial o ambiente dele possui, além de que nos traz uma segurança confortável, já que sabemos que estamos montando exatamente o jardim que agradou o cliente.
AuE Soluções: Quais os principais desafios que enfrentou quando iniciou nesta profissão?
Ricardo Crispim: Acho que nosso início não foi uma exceção ao início de ninguém. Tínhamos limitações desde o acesso a plantas de boa procedência, centros produtivos muito distantes (naquele tempo nós ainda não tínhamos produção própria), até no contato com o cliente, no que diz respeito à apresentação das propostas. Era eu um novo paisagista na região, com uma nova e desconhecida estilística de trabalho, mas com o tempo instalamos produção na região que hoje nos supre em alguns itens, firmamos bons contatos com rede fornecedora, e quanto à apresentação dos projetos, temos a convicção de ter resolvido essa questão da melhor forma, já que, o que antes muitas vezes encantava só as nossas mentes, o PhotoLANDSCAPE nos permitiu mostrar ao nosso cliente, que os sonhos que temos tido com a natureza, gera frutos que com certeza compensam ser compartilhados.
Veja um projeto do Paisagista Ricardo Crispim: Paisagismo Residencial no Paraná
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