Jardinagem Orgânica
Autor: Marinês Eiterer - Bióloga - Data: 27/09/2006
Junto com seus dois filhos, mais os meus dois, ele dirigiu a caminhonete lentamente pelas vizinhanças e recolheu todas as folhas que conseguiu (...). Quando cheguei mais perto, pude ver (...) um monte de folhas, que agora já tinha aproximadamente 0,5 m de altura. (...) Nesta primavera, todos os vestígios das folhas desapareceream, e a pequena horta do meu amigo parece ter pelo menos de 5 a 8 cm de solo a mais que no ano passado. - Campbell, S. 1999. Manual de compostagem para hortas e jardins: como aproveitar bem o lixo orgânico doméstico. São Paulo, Nobel.
Já tive um vizinho que era exatamente o oposto do personagem referido na passagem acima. Para manter e `alimentar` as plantas do jardim, ele freqüentemente comprava adubo sintético e solo embalado em sacos plásticos. Ao mesmo tempo, tudo aquilo que ele recolhia e tirava do jardim (folhas e flores secas, gravetos etc.) era embalado e ia para o lixo. Folhas que caiam na calçada o irritavam profundamente. Para ele, folhas velhas e secas eram sujeira; algo desnecessário na paisagem imóvel e `limpa` da frente de sua casa.
Albert Howard (1873-1947) dizia que a manutenção da fertilidade do solo é a primeira condição para o desenvolvimento de plantas saudáveis, resistentes a pragas e doenças. Para ele, isso pode ser conseguido por meio de métodos naturais (e em boa medida gratuitos), sem a utilização de fertilizantes ou venenos sintéticos. Albert Howard foi o fundador do movimento da agricultura orgânica e autor de um livro clássico sobre o assunto, An agricultural testament. A jardinagem orgânica adota os mesmos preceitos da agricultura orgânica.
Uma das principais preocupações da jardinagem orgânica é com a manutenção da saúde do solo de um jardim. O solo deve ser protegido da incidência direta dos raios de sol, dos ventos e da chuva. Por causa disso, deve estar sempre coberto de matéria orgânica, a exemplo do que ocorre com o solo de uma floresta. Em um jardim doméstico, devemos com freqüência adicionar matéria orgância. A cobertura morta será gradativamente incorporada ao solo, graças à ação de insetos, fungos, bactérias e outros seres vivos que vivem ali. No fim das contas, a presença de organismos vivos é essencial para a manutenção da fertilidade do solo. Esse é um dos motivos pelos quais o jardineiro orgânico não vê com bons olhos o uso de inseticidas ou venenos químicos em geral.
Todo o material que retiramos de um jardim, incluindo aparas de grama, galhos e folhas secas, podem e devem ser usados na manutenção da saúde do solo. Uma recomendação simples e geral seria a seguinte: picote peças grandes, pois isso acelera o processo de decomposição. Além disso, também podemos aproveitar boa parte dos restos orgânicos provenientes da cozinha. A borra de café que fica retida nos coadores é um exemplo óbvio. Mas não é difícil descobrir por conta própria a melhor maneira de aproveitar outras coisas que costumamos jogar no lixo. De resto, lembre-se: pense duas vezes antes de jogar fora qualquer material que poderia ser aproveitável e valioso em seu jardim.
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