O Uso de Agrotóxicos na Manutenção de Jardins
Autor: Eng. Agrônomo Jose Cesar Utida da Fonseca - Data: 06/09/2019
Os jardins demandam cuidados contínuos na sua manutenção, são as podas de limpeza, as adubações, as irrigações, a substituição de plantas, mas, talvez o maior desafio seja o controle de pragas e doenças, que na maioria dos casos implicam na aplicação de inseticidas e ou fungicidas.
O uso desses produtos além de complicado, do ponto de vista prático, pois normalmente os jardins se encontram muito próximos as residências ou em áreas com grande circulação de pessoas, tem se as restrições impostas pela legislação ambiental, ainda mais restrita em áreas urbanas.
O paisagista profissional, que atua diretamente na implantação e manutenção de jardins enfrenta problemas de ordem prática, pois as pragas e doenças existem e necessitam de controle, porém a legislação é restritiva e veda o uso de defensivos agrícolas em áreas urbanas, assim tem se um verdadeiro conflito de interesses, dos clientes, dos fornecedores de defensivos, da ANVISA, que impõe restrições, conforme nota técnica da .....ANVISA Nota Técnica 04/2016, além de algumas cidades terem legislação que trata especificamente desse tema, soma se a isso a pequena disponibilidade de produtos registrados para o uso em plantas ornamentais e ou jardins, como pode se constatar nos dados de registros do Ministério da Agricultura...Agrofit - Consulta de Registro no MAPA...
Na internet encontram se dezenas de produtos recomendados para uso em jardins, que na verdade são produtos de uso agrícola, sem registro para o uso em jardins, com concentrações menores, ou seja, em tese, são menos "tóxicos", no entanto, com eficiência reduzida, preços inflados e sem as recomendações obrigatórias nos rótulos dos produtos originais, o caso do herbicida GLIFOSATO é emblemático, odiado por ambientalistas e amado por quem tem o dever de oficio de manter livre de ervas daninhas grandes áreas urbanas.
As grandes empresas não tem interesse no registro de produtos para o uso urbano, pois tais procedimentos são caros e o mercado a ser atendido não é compensador, assim na prática temos improvisações, por pequenas e médias empresas, que usam brechas legais para atender o mercado.
A solução ideal seria os órgãos de pesquisas oficiais atuarem para dar suporte técnico científico nas recomendações de uso de produtos químicos, adaptando e testando produtos de uso agrícola, principalmente de uso em horticultura, onde os riscos de contaminação são avaliados com grande cuidado, pois os produtos tratados são ingeridos, evitando se que os paisagistas, envolvidos na manutenção de jardins, atuem sem os riscos das soluções precárias, usando produtos de baixa eficiência, com custos altos e na maioria das vezes sem registro junto aos órgãos de controle.
Assim, por enquanto, fica o paisagista num conflito, de um lado as demandas reais da manutenção dos jardins, com suas lagartas, ervas daninhas, fungos e bactérias, normais as plantas, ainda mais quando se tratam de jardins com espécies exóticas, com baixa resistência as pragas e doenças tropicais e de outro lado as limitações da legislação e do mercado...
Nosso colaborador, Eng. Agrônomo José César Utida da Fonseca, é Professor na Escola de Paisagismo de Brasília.
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