Apresentação de Projetos: Prancheta x Computador
Autor: Guilherme Motta - Data: 07/10/2004
Nunca houve uma época como a nossa, com tantas mudanças e uma evolução tecnológica tão rápida. Há pouco mais de 100 anos, Thomas Edison inventou a lâmpada elétrica e, desde então, foi possível aproveitar a noite para o desenvolvimento de diversos trabalhos. O nosso dia, que tinha apenas 8h de luz, passou a ter 24h. E as velhas noites escuras, iluminadas com velas, passaram a ter luz de boa qualidade. Ganhamos os dias mais longos que qualquer outro ser humano já teve.
O problema é que apesar deste tempo extra e da comunicação facilitada - carros, aviões, celular, etc. -, muitas vezes, passamos a noite em claro para terminar um projeto. Por que o mundo atual exige de cada um de nós uma produtividade maior. Contudo, ser produtivo é produzir mais num tempo menor ou igual ao anterior e não trabalhar mais para aumentar a produção. No último caso, aumentamos a produção, mas não a produtividade.
Na era moderna sempre sobra tempo para saudosismo: os filmes de Samurais lutando com espadas e flechas parecem-nos muito bonitos e românticos, mas esses recursos são totalmente inúteis contra canhões e metralhadoras da guerra moderna. Não há como negar o prazer de passar horas desenhando e produzindo um acabamento gráfico a mão em um projeto. Mas vale a pena se abster deste prazer para ocupar as noites com outras atividades.
Muitos dizem que, assim, acaba a "graça" da profissão. Bem, se a "graça" é virar noite trabalhando, quero mudar de profissão. Porém, se a finalidade é moldar espaços para que sejam mais agradáveis e úteis aos seres humanos, neste caso, o desenho, seja ele feito à mão ou num computador, é um meio e não um fim.
Tempo é muito mais do que dinheiro; é vida! Quando perdemos tempo, perdemos muito. Usar toda a tecnologia disponível para aumentar nossa produtividade é uma imposição do mundo moderno.
É possível viver sem a tecnologia. Os índios do Xingu, por exemplo, desconhecem o significado até da palavra trabalho, pois, como não possuem propriedade privada, caçam, pescam e plantam na roça comunitária. Satisfeitas suas necessidades, passam o dia conversando ou se divertindo. Quem quiser pode se candidatar a uma "vida de índio" e abrir mão de cama com cobertor, geladeira, cerveja na sexta-feira, chuveiro quente e etc. Em Roma, faça como os romanos!
O velho modo de trabalho não pode ser resgatado com um mágico "Pirlimpimpim" - só no Sítio do Picapau Amarelo. O Futuro já começou, dê-lhe suas mãos e siga adiante. E que as mudanças sejam bem-vindas. Afinal, elas já estão aí, bem-vindas ou não.
Não acho possível que um bom desenhista na prancheta consiga desenhar mais rápido que um bom desenhista no computador. Mesmo se houvesse alguém assim, o tempo ganho nas correções, que não requerem o redesenho de todo o projeto, já eliminam o desenho à mão da disputa. Além disso, os programas de projetos assistidos pelo computador, como o AutoLANDSCAPE, que já quantifica mudas e calcula o preço automaticamente, mudam todo o tempo gasto na tarefa de desenhar e orçar. Afinal, o desafio de qualquer projetista é fazer projetos melhores, atender aos clientes e solucionar seus problemas.
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