Arborização Urbana: Reestruturando o meio ambiente nas cidades
Autor: Jéssica de Souza - Data: 16/09/2021
No passado, o êxodo rural ajudou no processo de urbanização no Brasil. Em 1950 deu-se início a uma migração campo-cidade devido às grandes oportunidades no mercado de trabalho que o meio urbano oferecia, principalmente na região sudeste com a industrialização, além da busca pela qualidade de vida, estabilidade, etc. Mas esse rápido crescimento deu origem a cidades que surgiam e/ou cresciam sem nenhum planejamento, ocasionando diversos problemas como os voltados para as questões do meio ambiente.
Os principais problemas estão ligados à flora. Com uma grande concentração da população em um local é necessário abrir espaços para que elas construam locais de moradia e de assistência; com isso acaba ocorrendo o desmatamento da flora local e redução da fauna como consequência. Outros problemas que aparecem são as inundações (que acontecem por acúmulo de lixo e pelas ruas pavimentadas que retiram a drenagem de chuva dos solos), a poluição atmosférica ( consequência da emissão de gases que alteram a qualidade do ar) e aumento da temperatura.
Buscar a Arborização Urbana é reestruturar novamente o meio ambiente nas cidades e, com isso, melhorar a qualidade de vida da população e resolver ao máximo os problemas causados pela urbanização. O plantio de árvores traz diversos benefícios que vão desde o aspecto ecológico até o social; auxiliam na estabilidade dos solos, conforto térmico, qualidade do ar, direcionamento de ventos, abrigo à fauna, reduzem a poluição sonora e o estresse nas pessoas, entre diversos outros benefícios.
Mas para a prática da arborização precisa haver um planejamento/projeto para que não ocorra conflitos com outros equipamentos urbanos (postes, fiação, calhas, muros, calçadas). É necessário fazer a escolha correta das árvores que serão plantadas no local no que diz respeito à espécies que possam trazer sombreamento, serem nativas, que não apresentem riscos à população, não causem danos em ruas e calçadas, etc.
Principais pontos ao pensar no projeto de Arborização
Ao pensar em um bom projeto, tanto em áreas verdes (parques, praça) quanto em vias (ruas, avenidas, calçadas), devemos considerar os seguintes pontos:
- Condições do ambiente;
- Características das espécies
- Largura das ruas e das calçadas;
- Fiação Aérea e subterrânea;
- Afastamentos;
- Diversificação das espécies.
Em Condições do meio ambiente entra o caso do desenvolvimento das plantas em seu habitat, as nativas, para que não ocorra problemas como a diferenciação no porte da mesma, floração. Para que elas cresçam saudáveis em seu clima ideal.
A Característica das espécies engloba adquirir o máximo de informações sobre a planta como o seu desenvolvimento, tamanho das flores e dos frutos, resistência do tronco, tamanho e forma das copas, se as raízes são profundas, estética, resistência à pragas e doenças, tipo de folhagem, etc. Atentar-se a esses fatos é importante pois, por exemplo, dependendo do tipo da folhagem (tamanho) ao cair ela pode entupir calhas ou machucar algum pedestre que estiver passando; raízes superficiais podem causar a quebra das calçadas; árvores de porte médio/alto causam problemas na fiação elétrica em vias.
Na Largura das Ruas e Calçadas as recomendações são para evitar arborizar ruas estreitas (normalmente <7m - verificar planilha local). Já nas vias mais largas, antes de definir o porte da árvore, verificar dados como largura da calçada e recuo das edificações para evitar que o volume das copas não atrapalhem a passagem de veículos grandes e entrem em conflito com o loteamento. Observar essa questão também em canteiros centrais das vias.
Já o cuidado com a Fiação Aérea e Subterrânea é um dos mais importantes. Na fiação aérea temos a rede de alta tensão e baixa tensão, além da rede telefônica e a TV a cabo; a menor altura delas é de 4,8m e por isso é recomendado não fazer o plantio de árvores na calçada em que elas se encontram ou, se for plantar, optar pelas de pequeno porte (<4m). A fiação subterrânea e redes de esgoto, dependendo da raiz da árvore, podem sofrer com obstruções; por isso que no plantio tem que haver um afastamento das tubulações.
O Afastamento se refere às distâncias que as árvores têm que ter uma das outras e com elementos como pontos de ônibus, esquinas, hidrantes, postes de iluminação, semáforos, etc. Geralmente existem tabelas com esses valores de distanciamento nas secretarias de meio ambiente das cidades.
Por fim, na Diversificação das espécies, é pensado para que o local não seja um ambiente monótono e possua diferentes pontos focais na paisagem. Mas essa diversificação precisa ser feita de forma consciente trazendo uma uniformidade.
Algumas informações de plantio
O primeiro dado a ser considerado para iniciar o plantio é a escolha das mudas. Elas devem ser saudáveis e com ramificações acima de 1,80m em números de 3 e 4 equilibradas. Além das mudas, tem sido bem comum o plantio de árvores de grande porte que são, em sua maioria, retiradas de um local não adequado e replantadas em condições ideais.
É importante também dar o espaçamento correto entre uma árvore e outra. Esse espaçamento influencia no crescimento, forma do tronco, manejo e custos de produção. O recomendado é saber o diâmetro da copa da árvore e entre as copas deixar um espaço de 1m.
Após demarcar os espaçamentos é aberta uma cova com dimensões calculadas de acordo com o tamanho da muda, recipiente usado e tipo de solo. Devem ser localizadas a uma distância de cerca de 0,50m da sarjeta e ter o solo preparado com adubos de acordo com com sua necessidade. O canteiro ao redor da muda ideal é de 1m2 e para não ficar com a terra exposta é recomendado inserir uma forração para que não seja depositado lixo no local, surjam ervas daninhas e tenha o pisoteio; a grama pode ser usada para a proteção mas corre o risco de serem encontradas fezes de animais.
Muitas vezes são utilizados tutores para auxiliar no direcionamento do crescimento das plantas verticalmente, e o material recomendável para a função são estacas de madeira ou bambu. Eles devem ser enterrados em uma profundidade de 0,50m e com uma pequena distância do tronco da muda; sendo presos por barbantes e sisais. Para ser evitado um possível vandalismo pode ser inserido uma grade de proteção ao redor da muda em materiais como madeira, ferro, etc.
Podas
Diversas vezes a poda é considerada uma atividade com fins estéticos, que podem moldar as plantas em um jardim. Mas, na realidade, existe um um caráter funcional que pode ser desde a uma limpeza (onde os ramos doentes são retirados) até uma solução de plantio inadequado.
Entretanto, essa prática pode gerar problemas se não for feita da maneira adequada, causando uma abertura para entrada de patógenos, descaracterizando a fisiologia das mesmas, entre outras situações.
Mas se a poda for realmente necessária é preciso tomar alguns cuidados como a época da poda da espécie, utilizar equipamentos corretamente, modo de execução, tipo de poda usada e o tratamento que será dado a elas futuramente.
Sempre fique atento à existência de fiações elétricas lembrando de desligar a rede antes de iniciar a atividade, insetos como marimbondos e abelhas, ninhos de pássaros e isolar a área para evitar passagem de pessoas ao redor evitando acidentes.
Os tipos de poda são classificados de acordo com sua finalidade:
* Poda de formação: quando são retiradas as ramificações que surgem abaixo da altura recomendada para não prejudicar a passagem de pedestres e veículos;
* Poda de limpeza: para retirar ramos velhos;
* Poda de contenção: para adequar a copa ao espaço físico;
* Poda emergencial: feita quando a árvore está comprometendo a segurança dos pedestres, edifício e outras instalações.
Espécies mais utilizadas na Arborização Urbana no Brasil
Acácia Mimosa (Acacia podaliriaefolia)
Porte: 6m
Copa: Arredondada / 4m (diâmetro)
Desenvolvimento: rápido
Floração: amarela / Julho à Setembro
Frutificação: Vagem / Setembro e Outubro
Manacá de Jardim (Brunfelsia uniflora)
Porte: 3m
Copa: arredondada / 2m (diâmetro)
Desenvolvimento: médio
Floração: Branco e lilás / Setembro à Março
Frutificação: cápsula
Ipê de Jardim (Stenolobium stans)
Porte: 8m
Copa: arredondada / 6m
Desenvolvimento: rápido
Floração: amarelo / Agosto à Setembro
Frutificação: vagem / Outubro à Novembro
Quaresmeira Rosa (Tibouchina granulosa)
Porte: 6m
Copa: arredondada / 4m
Desenvolvimento: rápido;
Floração: rosa e roxo / Dezembro a Julho
Frutificação: pixídio / Abril à Maio
Para quem quiser saber mais informações sobre o assunto Arborização Urbana é só acessar as redes da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana (SBAU) apoiadora do Congresso Brasileiro de Arborização Urbana (CBAU), evento que ocorrerá virtualmente entre os dias 03 e 06 de Outubro com temas como: Profissionalização de Arboristas, Trabalhos em Alturas e Técnicas Verticais, A escolha da árvore certa para cada situação, Política Nacional da Arborização no Brasil.
Fonte: Virtual CBAU
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