Da engenharia elétrica ao amor pelas plantas: a trajetória inspiradora de Antônio Lopes de Souza
Autor: André Guilherme Rego - Data: 26/08/2025
Antônio Lopes de Souza é um daqueles profissionais que, ao contar sua história, nos faz lembrar que nunca é tarde para recomeçar e principalmente, nunca é tarde para transformar uma paixão antiga em uma nova profissão. Natural do Rio de Janeiro, ele vive hoje em Cosmópolis, interior de São Paulo, onde tem deixado sua marca no paisagismo local. Mas seu caminho até aqui foi tudo, menos linear.
Formado em Projetos Elétricos, Antônio construiu sua carreira por décadas nessa área. Morou no Rio de Janeiro até 1998, depois se mudou para São Paulo, e em 2010 retornou ao Rio para trabalhar em um dos maiores empreendimentos industriais do país, o Comperj. Foi apenas em 2023 que ele voltou definitivamente para São Paulo, onde reside até hoje.
Uma paixão que floresceu com o tempo
Apesar da formação técnica, o paisagismo sempre esteve por perto. Antônio conta que desde jovem se interessava por jardinagem, chegando a fazer um curso ainda na adolescência. Sempre que surgia a oportunidade, colocava a mão na terra para montar jardins para amigos. A paixão foi se fortalecendo aos poucos, até que, ao se aposentar, resolveu se dedicar de vez a essa vocação adormecida.
O primeiro passo profissional veio de forma despretensiosa. Já aposentado, começou como voluntário no paisagismo do condomínio onde morava, no Rio de Janeiro. A convite da síndica, iniciou o trabalho na jardinagem e, com o tempo, participou do projeto de revitalização de uma grande área comum.
Transformando o espaço urbano com sensibilidade
A ideia inicial era criar um jardim tropical, mas as fortes correntes de vento do litoral exigiram uma mudança de planos. O projeto foi remodelado e deu tão certo que chamou a atenção dos moradores e abriu portas para novas oportunidades.
Antes:
Imagens cedidas por Antônio Lopes de Souza
Depois:
Imagens cedidas por Antônio Lopes de Souza
Com a colaboração de dois jardineiros, Antônio conseguiu transformar completamente o espaço. Um dos pontos marcantes do projeto foi a reorganização do estacionamento, reduzindo de 33 para 18 vagas, o que permitiu ampliar a área verde e criar uma conexão mais harmoniosa com o entorno do condomínio.
Antes:
Imagens cedidas por Antônio Lopes de Souza
Depois:
Imagens cedidas por Antônio Lopes de Souza
Superando perdas com propósito
Infelizmente, nesse mesmo período, Antônio enfrentou uma grande perda pessoal: ficou viúvo após um relacionamento de 50 anos. O luto, no entanto, não o afastou da nova carreira pelo contrário, foi no paisagismo que ele encontrou refúgio e motivação para seguir em frente.
"Eu precisava focar em alguma coisa para preencher a ausência"
Paisagismo com propósito e equilíbrio financeiro
Atualmente, Antônio observa com olhar crítico a forma como o mercado tem tratado o paisagismo, especialmente no setor comercial e imobiliário. Ele percebe uma tendência de uso excessivo de plantas adultas nos projetos, o que encarece o processo e acaba afastando muitos clientes. Sua proposta é mais equilibrada: prefere trabalhar com mudas de médio porte e orientar os clientes sobre os benefícios da paciência, lembrando que a beleza de um jardim está também no seu desenvolvimento ao longo do tempo.
Adaptação ao clima e à rotina dos proprietários
Em Cosmópolis, região com muitas chácaras e clima seco, ele tem se dedicado a mostrar aos moradores o quanto o paisagismo agrega valor aos imóveis. Além disso, tem um cuidado especial ao escolher espécies resistentes à seca, já que muitos proprietários visitam suas chácaras apenas quinzenalmente ou uma vez por mês.
A irrigação automatizada é outro ponto que ele pretende explorar cada vez mais nos seus projetos. Manter um jardim saudável exige planejamento desde a escolha das plantas até os recursos disponíveis para sua manutenção.
Tecnologia como aliada: o uso do PhotoLANDSCAPE
Um recurso essencial no seu trabalho tem sido o uso do software PhotoLANDSCAPE. Antônio conheceu a ferramenta ainda no Rio de Janeiro, quando trabalhava em uma usina cercada por natureza exuberante, com esquilos e até tucanos. Ele queria valorizar ainda mais aquele espaço e começou a experimentar ideias com o Paintbrush. Com o tempo, sentiu necessidade de uma ferramenta mais profissional e encontrou no PhotoLANDSCAPE o aliado ideal.
Hoje, ele afirma que é o único software que utiliza. Sua forma de apresentar os projetos é simples e eficaz:
uma página com fotomontagens,outra com as espécies vegetais utilizadase uma terceira com a planta baixa para dimensionamento.“Eu acho ele bem fácil de usar. Ele me ajuda a fazer a apresentação para os clientes”
Projetos atuais: paisagismo em grande escala
Atualmente, Antônio está envolvido em dois grandes projetos em chácaras da região. Ambas com cerca de 1.500 metros quadrados, onde ele cuida tanto das áreas internas quanto externas.
Imagens cedidas por Antônio Lopes de Souza
Em uma delas, está transformando um extenso gramado, criando pontos de interesse paisagístico ao longo do terreno. Na outra, o espaço foi dividido entre jardim e pomar, e ele está conduzindo as duas frentes.
Imagens cedidas por Antônio Lopes de Souza
Antônio gosta de compor usando kaizucas e ciprestes italianos, além de flores como gerânios, cordylines e dracaenas. Trabalha com pedras para dar personalidade aos espaços e gosta de criar variações de nível nos jardins próximos à casa, usando espécies como fênix e cycas para dar estrutura e elegância.
Imagens cedidas por Antônio Lopes de Souza
Um conselho de quem cultiva o paisagismo com alma
Com a experiência de quem trilhou uma longa carreira e fez do paisagismo uma nova paixão, Antônio acredita que o verdadeiro diferencial está na entrega. Para ele, mais do que dominar técnicas ou softwares, é essencial criar uma conexão sincera com o que se faz. Nem sempre é possível começar fazendo o que se ama, mas é possível aprender a amar o que se faz e isso faz toda a diferença. Antônio defende que foco, dedicação e vontade de aprender são os principais ingredientes para quem quer crescer na área. Afinal, capacidade todos têm; basta cultivar.
Veja a entrevista completa no Youtube:
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