Jardins Botânicos: cores, aromas, arte e ciência
Autor: Camila Fonseca - Data: 12/04/2011
Pessoas que se dizem amantes da arte, apreciam quadros de grandes pintores, livros e fotografias. Mas pouco se conhece sobre a história de uma das maiores inspirações, que pode ser considerada mais que uma obra de arte: o Jardim Botânico. Repleto de cores, beleza, ar puro e exotismo, o "pulmão" dos centros urbanos ganha a atenção de quem passa por ali, e perfuma o ambiente e a alma de seus admiradores.
Funcionando também como objeto de pesquisas, nos jardins botânicos podem ser encontradas milhares de espécies raras e, algumas, até mesmo, em extinção. Dependendo do tipo de plantas que compõem o acervo do jardim, diferentes estufas são desenvolvidas para que se adequem ao ambiente. Dessa maneira, é possível oferecer as condições ideais de cultivo daquelas espécies procedentes de locais com características climáticas diferentes dos lugares que habitam.
No Brasil, existem cerca de 30 Jardins Botânicos cadastrados no Sistema Nacional de Registro dos Jardins Botânicos. Dentre os mais conhecidos e com classificação máxima (A), estão o Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ) e o Instituto de Botânica de São Paulo. O maior JB carioca foi fundado em 13 de junho de 1808 por Dom João. A princípio, sua idéia era a de implementar uma fábrica de pólvora e um jardim para aclimatação de plantas vindas das mais diversas partes do mundo.
Atualmente o JBRJ é um órgão federal vinculado ao Ministério do Meio Ambiente. Ele é um importante centro de pesquisas mundiais nas áreas de botânica e conservação da biodiversidade. Sua coleção abriga, aproximadamente, nove mil espécies vegetais. Muitas são brasileiras, mas também é contituído por plantas estrangeiras. O JBRJ é formado por cerca de 200 canteiros, 15 lagos e 1.500 espécies em estufas, como Orquidário, Bromeliário, Insetívores e Cactário. Existem, ainda, alguns jardins temáticos e uma vasta área remanescente da Mata Atlântica.
Mas nem só de paisagens da flora o JBRJ é contemplado. Incríveis monumentos, como a Casa dos Pilões, estátuas de Narciso e Eco(produzidas por Mestre Valentim) e o portal da Academia de Belas Artes, projetado pelo arquiteto Grandjean de Montigny, agregam cultura e provocam encantamento de quem visita. Sua área de extensão é de 137 hectares.
Mas, pensa que excentricidade está apenas nos mais populares? Se enganou. O Jardim Botânico de Inhotim - MG foi lançado na Semana do Meio Ambiente, do ano passado, pelo Instituto Inhotim e já possui uma grande quantidade de plantas. Sua área tem 100 hectares de visitação, um acervo botânico com 4 mil espécies e cinco lagos ornamentais. A coleção de Araceae, família de imbés a antúrios e copos-de-leite é a maior coleção viva no hemisfério sul, com, aproximadamente, 500 espécies. As palmeiras também têm sua colocação significativa: em Inhotim, elas são a maior coleção do mundo, somando 1.300 espécies em viveiros e jardins.Além do imenso leque de opções, distintas atrações são oferecidas para quem visita.
Embora os padrões paisagísticos siga uma linearidade estética, o Instituto buscou abusar da variedade com o intuito de sensibilizar os visitantes sobre a importância da biodiversidade. A disposição de raras espécies também é uma prioridade na decoração do local. O objetivo é apresentar essas plantas de beleza única, mas que pouco são utilizadas em projetos paisagísticos. Curvas e passagens que subitamente causam uma nova perspectiva são a aposta da linguagem de paisagismo do Inhotim. Efeito surpresa. O Instituto reune ainda inúmeras obras de arte a céu aberto e cerca de 500 outras obras de artistas brasileiros e internacionais.
Mundo afora, os Jardins Botânicos estão cada vez maiores e não param de crescer. Segundo a Professora de Botânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Fátima Salimena, os da Europa, mais especificamente o Royal Botanic Gardens em Kew, de Londres (Inglaterra), é o maior, com mais de 7 milhões de espécies. O jardim New York Botanical Garden, em Nova Iorque (Estados unidos), também chega a abrigar de 7 milhões de espécies, com uma espressiva coleção de plantas tropicais. De acordo com Fátima, no Brasil, um exemplo a ser seguido é o Jardim Botânico de Curitiba. Ele aprensenta diversos projetos de conservação da flora paranaense.
Em seu ponto de vista, um dos maiores bens que um Jardim Botânico pode dar é valor cultural. "Um jardim botânico é expressão de cultura. É uma
oportunidade única de se conhecer sobre plantas, seus usos, sua diversidade
pelo mundo e regiões. É um espaço para divulgação de conhecimentos botânicos, de aproximação de nossas raízes, da natureza conservada, valores já quase perdidos no mundo
atual", avalia. Esses locais, além de possibilitarem desenvolver estudos científicos, possibilitam o contato direto com a natureza e emanam liberdade.