Plantas exóticas: uma ameaça a biodiversidade brasileira

Autor: Anita Cid - Data: 07/10/2010

O Brasil é conhecido mundialmente por sua biodiversidade e riquezas naturais. Nossas florestas e matas são admiradas por suas belezas e por abrigar milhares de espécies vegetais e animais. No entanto, toda esta diversidade natural pode estar ameaçada por um fator aparentemente inofensivo: as plantas exóticas. Plantas exóticas são aquelas que são originárias de outra região e que rapidamente se dispersam, de forma que ameaçam as espécies próprias de ecossistemas nativos, causando alterações nos processos ecológicos. A invasão por plantas exóticas afeta o funcionamento natural do ecossistema e tira espaço das plantas nativas.

Atualmente as plantas invasoras são consideradas a segunda maior ameaça mundial à biodiversidade, ficando atrás somente da destruição de habitats pela ação humana. A maior parte dos problemas ambientais é absorvida e seus impactos são amenizados com o tempo, mas isso não ocorre com os processos de invasão. Ao contrário, eles se agravam à medida que as plantas exóticas ocupam o espaço das nativas. Além da perda da diversidade, os ecossistemas naturais ficam desequilibrados, o que pode gerar inclusive, prejuízos econômicos.

Por meio do processo denominado contaminação biológica, elas se naturalizam e passam a alterar o funcionamento dos ecossistemas nativos. Historicamente, o maior responsável por seu aparecimento é a colonização européia nos demais continentes. À medida que o homem foi colonizando novos ambientes, levou consigo plantas e animais domesticados, utilizados como fonte alimentar e de estimação, proporcionado, para diversas espécies, condições de dispersão muito além de suas reais capacidades. Atualmente, graças aos meios de transporte aéreo, o fenômeno da dispersão de espécies ganhou velocidade e intensidade.

Com a crescente globalização e o consequente aumento do comércio internacional, espécies exóticas são translocadas, intencional ou não intencionalmente, para áreas onde não encontram predadores naturais, tornando-se mais eficientes que as espécies nativas no uso dos recursos. Dessa forma, multiplicam-se rapidamente, ocasionando o empobrecimento dos ambientes, a simplificação dos ecossistemas e a própria extinção de espécies nativas.

Espécies exóticas invasoras invadem e afetam a biota nativa de, praticamente, todos os tipos de ecossistemas da Terra. Ocorrem em todos os grandes grupos taxonômicos, incluindo os vírus, fungos, algas, briófitas, pteridófitas, plantas superiores, invertebrados, peixes, anfíbios, répteis, pássaros e mamíferos. Algumas características que permitem que as espécies exóticas se tornem potenciais invasoras são: alta taxa de crescimento relativo, grande produção de sementes pequenas e de fácil dispersão, alta longevidade das sementes no solo, alta taxa de germinação dessas sementes, maturação precoce das plantas já estabelecidas, floração e frutificação mais prolongadas, alto potencial reprodutivo por brotação, pioneirismo, alelopatia e ausência de inimigos naturais.

Em virtude da agressividade, pressão e capacidade de excluir as espécies nativas, seja diretamente, seja pela competição por recursos, estas espécies podem, inclusive, transformar a estrutura e a composição dos ecossistemas, homogeneizando os ambientes e destruindo as características peculiares que a biodiversidade local proporciona.

De acordo com informação do Secretariado da Convenção sobre Diversidade Biológica - CDB, as espécies exóticas invasoras já contribuíram, desde o ano 1600, com 39% de todos os animais extintos, cujas causas são conhecidas. Adianta ainda o Secretariado da CDB que mais de 120 mil espécies exóticas de plantas, animais e microrganismos já invadiram os Estados Unidos da América, Reino Unido, Austrália, Índia, África do Sul e Brasil.

O estudo elaborado pela AuE Soluções e apresentado no 61ª edição do CNBot apontou que apenas 21% das plantas encontradas no Brasil são nativas, percentual baixo e que compromete a biodiversidade do país. Visto isso, sempre que tiver oportunidade opte por espécies nativas. Estas além de valorizar nosso patrimônio cultural, elas contribuem para a manutenção do equilíbrio natural do nosso ecossistema.

Veja também:
*AuE Soluções no 61º CNBot

*Theodoro Guerra fala sobre reflorestamento da Mata Atlântica

*Paisagismo e reflorestamento com plantas nativas - as mudas, onde estão?

*SBAU divulga carta de recomendações


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1 - Autor: Isabel Lira - Data: 29/10/2010 22:19:20

Adorei a abordagem deste assunto porque estou procurando argumentação científica para "freiar" a disseminação da planta "Neem indiano" que vem ocorrendo aqui em Fortaleza(CE).

Com o argumento de que cresce rápido e dá sombra logo, ela está espalhada por toda a cidade, tanto em jardins residenciais como em praças, ruas e avenidas. Quem colaborar, Fortaleza agradece.



2 - Autor: Sidney Carneiro de Mendonça Fernandes - Data: 15/10/2010 12:47:09

Quero parabenizá-los a respeito da matéria:"Plantas exóticas; uma ameaça à biodiversidade Brasileira". Estou no paisagismo há quase vinte anos e acrescentei a educação ambiental a nossas atividades no escritório, dado o absurdo da "Disney - plantas" que se tornou a cidade de São Paulo (um ambiente paisagístico "tóxico").Como se não bastasse a baixa diversidade de espécies e o absoluto desprezo de toda a sociedade ao planejar e manejar seus projetos do dia a dia, pensamos a Amazônia , pré - sal, e não conseguimos formar massa crítica sobre o manejo vegetal nativo.

Encontro frequentemente em meu trabalho(acho que igualmente os colegas) forte barreira cultural que permeia todo o pensamento estético (como propulsor do partido do projeto), legando um papel secundário à reflexão e apreciação dos motivos reais que impedem uma maior presença da vegetação (em todos os portes) nativa.

Vale lembrar que mudanças importantes no setor envolvem a todos, desde a prática horticultural, educação/informação, e mercado.

Este é um assunto de absoluta importância ! Parabéns!



Sidney Fernandes

Paisagista




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