A pior praga dos jardins

A pior praga dos jardins

Eng. Agr. José César Utida da Fonseca Prof da Escola de Paisagismo de Brasília

Um bom projeto Paisagístico, deve obrigatoriamente atender a demanda dos clientes, nos quesitos, de beleza e funcionalidade, dos impactos ambientais e da legislação, dos custos de implantação, etc., porém, além de tudo isso deve considerar também a sua manutenção nos anos vindouros.

Normalmente e principalmente em parques e praças, esse item fica em segundo plano, ignorando se aspectos práticos de realização de manutenções, tais como controle de pragas, doenças, adubações, podas, irrigação, etc. Constantemente vejo placas pelas cidades informando aos contribuintes, que o Jardim em questão será objeto de revitalização, me pergunto por que? o que deu errado?

Normalmente, na pratica, o que se vê são novos projetos, que mudam tudo, descaracterizam o projeto original, se é que havia um, mas elas indicam que algo deu errado, ou o projeto não se adequou ao local, ao público a que se destinava ou não se pensou como seria feita a manutenção adequada, sendo esta, aparentemente a principal causa das constantes revitalizações que implicam em novas obras e despesas aos contribuintes.

O projeto paisagístico moderno, projetado por um paisagista consciente, deve considerar a manutenção, senão corre o risco de se tornar mais um "elefante branco "nas cidades, sem uso, pela ausência de manutenção, na maioria das vezes ignorada na fase de projeto.

Há poucos meses, em São Paulo, andei pelo "minhocão" a procura dos jardins verticais, tão mencionados pela mídia e pelo poder publico a época de suas inaugurações, em 2016, - Jardins verticais são instalados em quatro prédios minhocão em SP

Para a minha "não decepção" ocorreu o esperado, estão em estado de abandono, sem manutenção, nada de imprevisível aconteceu, enquanto a manutenção foi responsabilidade dos executores da obra, que tiveram o benefício da compensação ambiental, esta foi feita, vencido o contrato e repassada a responsabilidade a prefeitura nada mais foi feito, viraram "trambolhos"

Em reportagens recentes, de 30/03/2019, leio que os moradores querem remover as estruturas pois não podem arcar com os custos de manutenção que não é realizada pela Prefeitura e pelo que vi, em pouco tempo vão começar a cair, podendo provocar até acidentes....me pergunto, quem projetou pensou na manutenção?..
Após dois anos de manutenção prédios desistem de jardins verticais

Logo depois, no mesmo mês, leio sobre a construção de um "Boulevard" no "Minhocão", onde foi publicado com grande repercussão...um esboço do projeto arrojado, com floreiras, jardins, etc., ...me pergunto, lá vamos nós de novo, outra obra, mais gastos , quem vai pagar? Quem vai executar? Não aprendemos nada?

O novo projeto leva em conta o que deu errado? Prevê os custos? os procedimentos? Enfim, sem a previsão da manutenção, o melhor projeto vira "nada" - Minhocão capa projetos verdes

Paisagistas e projetistas, que se dizem preocupados com a sustentabilidade dos seus projetos devem ter responsabilidades sobre novas obras, não dá mais para ignorar, lavar as mãos e "deixar "isso para quem for cuidar, resolver, novos projetos devem obrigatoriamente incluir esse item nas premissas do ante projeto ou suas obras serão destruídas pela pior praga dos jardins...e não são as saúvas!!!
São os PROJETOS que ignoram a MANUTENÇÃO ...

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