Ciência cidadã
Autor: Marinês Eiterer - Data: 14/01/2019
Ciência cidadã
Por Marinês Eiterer (*)
Todo e qualquer cidadão pode se envolver ativamente com a prática científica. Como? Bem, talvez você ainda não saiba, mas a chamada ciência cidadã conta com a participação de pessoas comuns na coleta de dados. E isso tem dado sustentação várias pesquisas importantes, em todo o mundo.
A expressão ciência cidadã pode ser nova, mas a participação de pessoas comuns em atividades científicas já vem ocorrendo há muito tempo. Um exemplo. Certa vez, o ornitólogo estadunidense Wells Woodbridge Cooke (1858 -1916) iniciou um ambicioso programa de monitoramento de aves. O seu objetivo era identificar as rotas migratórias de determinadas espécies que são encontradas nos Estados Unidos.
Pois bem, graças à colaboração de observadores de aves espalhados por todo o país, ele conseguiu reunir um milhão de dados, algo que jamais conseguiria sozinho ou contando apenas com uma pequena equipe de pesquisadores. Os dados, anotados em fichas padronizadas, ainda hoje estão sendo digitalizados!
Com a popularização da Internet, no início da década de 1990, as redes de ciência cidadã cresceram. Uma expansão que foi ainda maior depois da chegada do smartphone. Atualmente, qualquer naturalista amador pode tirar a fotografia de uma planta com um celular; em seguida, usando um aplicativo apropriado, ele pode obter as coordenadas geográficas do local onde a planta está crescendo.
Eventos localizados, envolvendo grupos de observadores com interesses comuns, têm sido promovidos com o objetivo de conduzir inventários da flora ou fauna de determinados locais.
São as chamadas bioblitz, por meio das quais se procura identificar o maior número possível de espécies, em um curto intervalo de tempo. Nos Estados Unidos, por exemplo, uma bioblitz de 24 horas conseguiu acrescentar 400 espécies à lista de espécies de um parque nacional, uma das quais era nova para a ciência.
É comum a participação de estudantes em levantamentos de flora e fauna. Eles fazem levantamentos dentro da escola, no seu entorno ou vão a sítios especiais. Uma boa opção no retorno às aulas é iniciar um projeto na sua escola e conhecer a biodiversidade local, junto com seus alunos.
Há muitas redes que promovem a ciência cidadã. O eBirder é uma rede de contagem de populações de aves. O Inaturalist é uma rede mundial de observadores da natureza.
O WikiAves é uma rede brasileira de observadores de aves, já tendo reunido um impressionante acervo de imagens e sons.
Há ainda redes de astrônomos amadores, de registros históricos, de observadores de bacias hidrográficas, de monitoramento da qualidade da água, e assim por diante. A diversidade é grande. Pesquise um pouco e você seguramente encontrará alguma do seu interesse.
(*) Bióloga; embora com formação especializada em botânica, tornou-se também uma observadora de aves, atualmente colabora com iNaturalist e consultora botânica da AUE Soluções.
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