O paisagista Mauricio Estellita fala sobre a regulamentação da profissão de paisagista
Autor: Anita Cid - Data: 10/06/2010
Mauricio Estellita possui graduação em Engenharia Agronômica pela Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" da USP (1961) e mestrado em Agronomia (Produção Vegetal) pela UNESP (2004), onde regularmente é palestrante nos cursos de extensão de paisagismo e jardinagem. Artista plástico na área de desenho em bico de pena e técnica mista, possui formação incompleta em Artes Plásticas pela UNAERP - Universidade de Ribeirão Preto (1974). Atua no Centro Universitário Barão de Mauá como professor e coordenador adjunto em cursos de graduação e pós-graduação. É profissional autônomo com escritório de projetos de paisagismo. Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase em Parques e Jardins, atuando principalmente nos seguintes temas: paisagismo, desenho, arquitetura, jardinagem e plantas ornamentais
AuE Soluções: Qual é a função do paisagista na construção da paisagem principalmente nos grandes centros urbanos?
Estellita: Cabe ao paisagista conceber paisagens urbanas que concorram para o bem estar de seus moradores, tanto sob o aspecto social e estético, como ecológico.
AuE Soluções: Frente às diversas catástrofes naturais que estamos vivenciando, tais como enchentes, vulcões, terremotos, entre outras, as profissões que lidam diretamente com o meio ambiente ganham especial destaque. Qual é o papel do paisagismo neste cenário?
Estellita: A atividade paisagística deve, além de operar com responsabilidade técnica e artística, fazer sua contribuição com a sociedade visando prevenir e minimizar os efeitos destas ocorrências.
AuE Soluções: Atualmente no Brasil a profissão de paisagista não é regulamenta, o que permite que profissionais de diversas áreas exerçam a profissão. O que você acha desta situação?
Estellita: Acho uma situação absurda que contraria completamente as normas da profissão de paisagistas vigentes no resto do mundo.
AuE Soluções: Você acha que a profissão deve ser regulamentada? Quais são os caminhos para isso?
Estellita: Acho que a necessidade de regulamentação, principalmente do ensino do paisagismo, está ficando cada vez mais evidente, na medida em que os projetos paisagísticos atuais estão cada vez mais ligados a preservação dos eco sistemas urbanos e portanto atuando diretamente na vida dos habitantes das áreas urbanas. O caminho para a regulamentação seria inicialmente a criação da profissão, que legalmente, não existe!
AuE Soluções: Qual é a sua opinião sobre o ensino do paisagismo no Brasil? Você acredita que é necessário uma formação específica na área?
Estellita: Sim. Diante da importância do assunto, acho necessária uma formação especifica sobre o assunto como acontece no resto do mundo onde a atividade é regulamentada sob a denominação de "Arquiteto Paisagista" (Landscape Architect), profissão, que como tal, é inexistente no Brasil. Sobre o ensino atual o considero o acadêmico distanciado da realidade da profissão e o informal com grande irregularidade em seu nível de eficiência e acessibilidade.
AuE Soluções: Quais são as melhores alternativas para que os profissionais de paisagismo se mantenham atualizados e se aperfeiçoem profissionalmente?
Estellita: Frequentar os eventos ligados ao paisagismo: feiras, exposições, simpósios, congressos e sites específicos (como o caso do paisagismodigital.com.br). Associar-se a entidades ligadas à atividade como a ABAP (Assoc.Bras.dos Arquitetos Paisagistas) e a ANP(Assoc.Nacional dos Paisagistas). Consultar periódicos e literatura especializada.
AuE Soluções: O que está sendo feito para que o mercado de paisagismo se torne mais profissional?
Estellita: Praticamente nada. O termo "paisagismo", por força de uma legislação corporativista, passou a ser de uso exclusivo dos arquitetos e arquitetos urbanistas. Estes profissionais possuem em seu curso uma reduzida carga horária, a meu ver insuficiente para o exercício eficiente desta atividade, o que os obriga buscar, após a graduação, uma complementação de conhecimentos.
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