Os paisagistas Caterina Poli e Sérgio Menon falam sobre o papel do paisagista
Autor: Anita Cid - Data: 08/04/2009
Caterina Poli é arquiteta, formada pela Universidade de São Paulo (FAU-USP) em 1993. Trabalha na área de paisagismo desde 1990, tendo montado seu próprio escritório em 1998.
Sergio Menon é engenheiro agrônomo, formado pela Faculdade de Agronomia de Pinhal em 1987 e abriu a Grama & Flor Paisagismo em 1993. Estão trabalhando juntos desde 2004, quando formalizaram sua parceria e juntaram suas empresas. Elaboram projetos de áreas externas e paisagismo, prestam serviços de execução e manutenção de jardins e atuam tanto no meio residencial como corporativo.
AuE Soluções: Como o paisagismo contribui na qualidade de vida da população?
Caterina e Menon: Vemos o paisagismo como uma forma de arte, assim como a arquitetura, a escultura, etc. O papel do paisagista é criar jardins pensando na função e na forma, através do bom planejamento dos espaços e seleção de espécies vegetais que cresçam belas e saudáveis e que combinem entre si e com o ambiente. Quando o profissional consegue um resultado belo, isso causa bem estar nas pessoas. E viver ou estar em um lugar bonito é essencial para a qualidade de vida. Além disso, quanto mais verde, melhor para o ar e para o clima; e quanto mais áreas permeáveis, menos problemas como enchentes e alagamentos.
AuE Soluções: Como o paisagismo pode ser um diferencial de uma casa ou de um empreendimento imobiliário?
Caterina e Menon: As áreas de lazer das casas e dos empreendimentos vêm tendo uma crescente valorização. O mercado imobiliário percebeu que o comprador em potencial está se preocupando cada vez mais com as áreas externas no momento da escolha. E é o projeto paisagístico que pensa na questão estética e funcional do jardim. Um jardim bem planejado com uma área de estar agradável ou uma piscina bonita tornam o imóvel mais vendável.
AuE Soluções: Como o paisagismo pode ser uma ferramenta para a recuperação e proteção do meio ambiente?
Caterina e Menon: O paisagista se preocupa com a utilização das espécies vegetais adequadas para cada projeto. E com a conservação das áreas permeáveis. É necessário conhecimento técnico para realizar a recuperação de áreas verdes. No nosso caso, a associação entre agrônomo e arquiteta, ambos com vasta experiência em paisagismo, nos possibilita projetar e executar com competência um reflorestamento ou um projeto que priorize a proteção do meio ambiente.
AuE Soluções: Como você faz a seleção das plantas que você usa em seus projetos? Você leva em consideração a frequência de manutenção no processo de escolha?
Caterina e Menon: Selecionamos as plantas pensando na localização e implantação do projeto, no clima, na insolação, condição da terra, na quantidade de chuvas que ocorrem no local, no gosto do cliente, nas cores e formas, nos custos, possibilidade de manutenção do jardim, além da estética e da funcionalidade do projeto. Sugerimos maneiras de manter o jardim e oferecemos serviços de manutenção.
AuE Soluções: Como vocês criam jardins personalizados que refletem o gosto de seus clientes?
Caterina e Menon: Realizamos uma entrevista com o cliente para identificar seus desejos. Escolhemos plantas que se adequem ao seu gosto e ao local do projeto, mas que reflitam uma maneira nossa de pensar um jardim, que passa por nosso gosto pessoal e pelas espécies que gostamos de usar, além do nosso conhecimento técnico.
AuE Soluções: Como a parceria entre um engenheiro agrônomo, Sérgio Menon, e uma arquiteta, Caterina Poli, enriquece os projetos paisagísticos que a empresa de vocês realiza?
Caterina e Menon: São duas formas de olhar o paisagismo que associam técnica e estética.
AuE Soluções: Qual a receita para fazer um jardim bonito e agradável, que possa ser utilizado por aqueles que utilizam o local?
Caterina e Menon: Não há uma receita fixa, mas alguns aspectos devem ser considerados: escolha adequada das plantas e elementos construídos, boa manutenção, etc.
AuE Soluções: Como você utiliza o software AutoLANDSCAPE em seu dia-a-dia profissional? Quais as vantagens de usar o programa?
Caterina e Menon: Quando vamos realizar o projeto executivo de plantio, inserimos as espécies vegetais nas quantidades e dimensões a serem plantadas, geramos uma tabela que possui as informações necessárias para a execução do projeto e para a criação de um orçamento. A vantagem do AutoLANDSCAPE é que, depois de criarmos um padrão para cada espécie com base nos portes que utilizamos, o próprio programa insere, distribui e quantifica as plantas no projeto. Isso economiza muito tempo de trabalho.
AuE Soluções: Dentre os projetos que vocês realizaram, qual deles destacariam? Conte-nos um pouco sobre este projeto.
Escolhemos o projeto de uma casa no bairro de Pinheiros em São Paulo, pois exemplifica bem como usamos o software AutoLANDSCAPE para conseguir um ótimo efeito, não só gráfico como prático. Realizamos o projeto paisagístico enquanto era feita a reforma da residência. A arquitetura contemporânea da casa também somou muito ao resultado.
Logo na entrada da casa, colocamos um pândano, que é uma planta bastante escultural. Uma palmeira garrafa centralizada no caminho de quem sai da casa também foi muito valorizada pela parede de concreto no estilo "taipa-de-pilão".
Além disso, utilizamos duas palmeiras imperiais cujas copas atravessam os orifícios da laje superior. Abaixo delas, bromélias na areia, criando a nossa prainha paulistana.
Fizemos uso de outros materiais como pedrisco, além da grama amendoim, para diversificar texturas de piso. Junto ao muro, usamos arundinas, que são orquídeas que crescem bem verticalmente e dão flor.
Nos corredores laterais, sugerimos caminhos de cruzetas, e usamos plantas como o papiro, a moréia, a tumbérgia, espécies mais verticais para não atrapalhar a circulação.
Junto à piscina, no fundo do terreno, as arecas-de-lucuba plantadas em sequência estão em destaque. A tumbérgia grandiflora é uma trepadeira que escolhemos para o muro, para contrastar com sua cor e com o painel da piscina. Também utilizamos alguns vasos vietnamitas azuis com cycas junto ao muro azul dos fundos, como mais um elemento decorativo.
Ainda, temos alpínias, cycas, jabuticabeira, bambus-hatiko e mais algumas palmeiras, criando um resultado bem natural de aspecto tropical, mas de certa maneira cuidadosamente organizado. O resultado ficou ótimo, os clientes ficaram muito satisfeitos, nós, profissionais, realizados e mais ainda, uma foto deste jardim foi publicada na Garden Design norte-americana de jan-fev 09. Não poderia ter tido melhor resultado!
Veja o projeto de paisagismo de Caterina Poli e Sérgio Menon em AutoLANDSCAPE
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