Paisagismo no World Architecture Festival 2021 - Part.1
Autor: Jéssica de Souza - Data: 30/12/2021
Sanya Mangrove Park. Fonte: Site da Turenscape.
https://www.turenscape.com/project/detail/4771.html.
Acesso em: 03 de Janeiro de 2022
O World Architecture Festival é um evento internacional que premia projetos de arquitetura em 20 categorias que englobam tanto edificações como paisagismo.
Em 2021 o WAF recebeu cerca de 500 projetos concluídos entre o ano de 2019 e 2021, vindos de 62 países, relacionados com o tema Reinicializando a cidade: ecologização, saúde e urbanismo.
Foram destaques em edifícios o projeto Copenhill - Bjarke Ingels Group, e em paisagismo o Al Fay Park - SLA.
Dentro da categoria de paisagismo os projetos foram divididos em duas subcategorias: contexto natural e contexto urbano. Na matéria deste mês vamos falar sobre os vencedores no contexto natural.
Paisagismo: Contexto Natural
Sanya Mangrove Park - Turenscape - China:
Sanya Mangrove Park. Fonte: Site da Turenscape.
https://www.turenscape.com/project/detail/4771.html.
Acesso em: 29 de Dezembro de 2021
Projeto de restauração feito no mangue do rio Sanya que, devido ao rápido desenvolvimento urbano e econômico da cidade, passou por uma crise ecológica causando o acúmulo de lixo, poluição da água, destruição da floresta de mangue e da várzea.
Em uma área de 10 ha foram introduzidas áreas caminháveis e terraços, uma topografia recortada com fluidez para introduzir as águas do rio no parque e minimizar o efeito das enchentes na época das monções, além de ser usado os resíduos da construção que existia no local para criar diferentes níveis de água para atender às necessidades de crescimento e habitat das espécies de animais e plantas locais.
Atualmente o projeto já conseguiu restaurar o habitat do mangue e se tornar um ponto de convivência dos moradores.
Suining South Riverfront Park - ECOLAND Planning and Design Corp.e Sichuan Provincial Architectural Design and Research Institute CO.LTD. - China
Suining South Riverfront Park. Fonte: Holi - Mooool.
https://mooool.com/en/suining-south-riverfront-park-by-ecoland.html.
Acesso em: 30 de Dezembro de 2021
O projeto de 47 ha entrou como uma estratégia para ressignificar o local onde tinha sido construído um dique às margens do rio Fujiang para conter as enchentes na cidade. A estrutura hidráulica cinza tinha sua função, mas era um espaço desagradável para os moradores e que causou uma degradação ecológica ao rio. Então o governo contratou a empresa para realizar um projeto de paisagismo que trouxesse soluções de melhoria integrando a estrutura já existente com um parque para a população. A engenharia ecológica foi usada para inserir uma cobertura ciliar regenerativa e conexões entre a malha urbana e natureza.
Antes existia uma avenida que servia como uma barreira entre a cidade e o rio. Então, para conectar o novo parque ao urbano foi criado uma tecelagem urbana onde foram inseridas faixas de pedestres na avenida que se ligam às passarelas que levam os visitantes por um passeio em meio à natureza. Estes espaços caminháveis formam um jogo de alturas criando pontos de mirantes e locais rentes aos lagos e à vegetação.
Cortes foram feitos para criar os lagos ao longo do parque onde ocorre a fitorremediação das águas que escoam da cidade. Entre esses lagos se formaram ilhas que servem de zona de transição e filtragem das águas pluviais. Um sistema de bio-valas foi criado para captar a água e armazenar para uso na irrigação e instalações de água da paisagem.
Path of the Forest, Roques Blanques Park Cemetery - Battle e Roig Arquitectura SLP - Barcelona
Path of the Forest, Roques Blanques Park Cemetery. Fonte: Site Battle e Roig Arquitectura.
https://www.batlleiroig.com/en/projectes/cami-del-bosc/.
Acesso em: 30 de Dezembro de 2021
O cemitério Roques Blanques fica situado junto ao parque Collserola e contratou uma empresa para ajudar na expansão de mais uma área do local. Nos 2000 m² disponibilizados foi elaborado um caminho que iria abrigar cerca de 1100 novas sepulturas. Essas sepulturas são destinadas ao novo método de sepultamento, cremação, onde as urnas com as cinzas são ecológicas pois são feitas de madeira de castanho.
No foi construído um muro de contenção, devido ao terreno acidentado, chamado de parede Kraimer. A estrutura é totalmente natural devido à combinação de materiais vivos (plantas arbustivas) e mortos (troncos de castanheiros).
Na parede Kraimer foi feita também um Jardim de Borboletas que contém plantas arbustivas e herbáceas de flores com cores vibrantes que favorecem o surgimento das borboletas, além da vegetação ser nativa.
Koper Central Park - Enota - Eslovênia
Koper Central Park. Fonte: Site Enota.
https://www.enota.si/filter/projects/2019022014542894/.
Acesso em: 30 de Dezembro de 2021
O projeto está situado na cidade portuária de Koper que antigamente era uma ilha e hoje encontra-se ligada ao continente. Essa ligação se deve ao fato de que porções do mar foram secando ao longo dos anos e formaram regiões de salinas. Com o desenvolvimento urbano estas salinas começaram a ser ocupadas e em um desses espaços encontra-se o Koper Central Park.
Um dos principais pontos importantes do projeto é a ligação que ele faz entre o passeio marítimo, que fazia a conexão da ilha com o continente, com a Piranska Road, nova estrutura vinda com a expansão. Outros pontos em questão são trazer uma área de convívio para a população, pouco encontrada na cidade, e um maior contato com o mar, que antes era pouco visitado devido a falta de estrutura para uma permanência.
Para isso foi pensado um conceito de praia urbana para o antigo passeio e um parque que fizesse essa transição do subúrbio ao mar. Formas orgânicas foram inseridas respeitando a topografia do terreno, trazendo fluidez ao parque além de espaços de entretenimento como pista de obstáculos para crianças, parede de escalada, pontos de observação, área de leitura, local para concertos, entre outras funções. Já a vegetação usada foi totalmente mediterrânea onde as de crescimento alto foram estrategicamente colocadas em locais de permanência oferecendo áreas sombreadas e proteção contra impactos do ambiente ao redor do parque. Por fim, damos destaque aos caminhos, onde foram usados pisos intertravados em pontos onde o fluxo é maior e o restante foi deixado para o visitante fazer o próprio caminho.
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