Plantas ornamentais: Botânica para Paisagistas II
Autor: Diego R. Gonzaga - Data: 30/08/2012
Continuando a série de artigos sobre botânica para paisagistas, este mês vamos apresentar o sistema de nomenclatura botânica APG e discutir porque os nomes científicos das plantas eventualmente sofrem mudanças.
Para quem chegou agora, veja o artigo do mês anterior: Plantas ornamentais: Botânica para Paisagistas I.
Além do que estamos habituados a ver nas plantas, a botânica tem estudado o DNA para classificar corretamente o parentesco entre as espécies. A partir destes estudos muitas famílias botânicas foram reposicionadas, pois com este estudo filogenético o conhecimento das famílias se tornou bem mais preciso.
O sistema APG (The Angiosperm Phylogeny Group) é um sistema de taxonomia vegetal moderno utilizado na classificação de plantas com flor. A primeira classificação do APG foi publicado em um jornal inovador em 1998. Desde então, a classificação tem sido aperfeiçoada através de duas novas atualizações.
APG III foi publicado na edição de outubro de 2009 em Botanical Journal of the Linnean Society. Dentro dos clados se encontram as famílias, e estudos comprovam suas posições ou sugerem seus reposicionamentos. Muitas plantas sofreram mudanças em relação as famílias, o banco de dados adotado de acordo com as famílias do APG III se encontram em ThePlantList.
Estamos revisando todo o banco de dados da AuE Soluções, em breve você irá notar que no Paisagismo Digital e na nova versão dos softwares desenvolvidos pela AuE Soluções (primeiras imagens da versão 2012 do AutoLANDSCAPE, HydroLANDSCAPE e PhotoLANDSCAPE) as famílias botânicas estarão identificadas de acordo com o novo sistema APG III.
A figura acima demostra como os clados se localizam no APG III
Não é apenas as famílias que sofrem mudanças, o nomes científicos estão sempre em revisão. Dados de ThePlantList (Acesso em: 28 de agosto de 2012) apontam que da flora mundial descrita e estudada, 28.7% (298,900) são de nomes aceitos, 25.4% (263,925) são de nomes não resolvidos e 45.9% (477,60) são de nomes sinonimizados. Os nomes não-resolvidos estão sendo trabalhados e podem ser confirmados ou se tornarem sinônimos.
Com isso muitos nomes científicos foram modificados no nosso sistema, afim de manter o banco de dados Oficial que é desenvolvido pela AuE Soluções sempre atualizado com as maiores referências de estudo sobre as plantas. Conferindo assim maior confiabilidade dos nomes científicos aos clientes.
| As revisões botânicas alteram o nome das plantas, mas os nomes antigos não deixam de existir, eles tornam-se sinonímias do novo nome | | |
Como exemplo de mudança de nome científico temos os nomes Tabebuia avellanedae e Tabebuia impetiginosa ambos pertencentes da família Bignoneaceae, conhecidos popularmente como ipê-roxo e/ou ipê-rosa, com as revisões mais recentes estão classificadas como Handroanthus impetiginosus. Os nomes antigos não deixam de existir, eles tornam-se sinonímias do novo nome, e podem ser consultadas nos principais bancos de dados sobre a flora nacional e mundial. Para cada espécie vegetal, existe apenas um único nome científico válido.
Quando se examinam coleções botânicas nota-se que plantas idênticas são com frequência referidas de diferentes formas. Este fato, resultante de variadas causas, determina a existência de nomes científicos e sinonímias.
No Paisagismo Digital, por exemplo, cada planta pode ser consultada pelo nome científico atual (1), pelos nomes populares (2)e/ou pelos nomes científicos obsoletos ou sinonímias (3).
Handroanthus impetiginosus - Foto: Guilherme Motta
Sobre a mudança dos nomes das famílias botânicas, a mudança é diferente. Alguns indivíduos que sofrem mudanças de famílias, e os nomes antigos das famílias continuam existindo, porém as plantas que constam em cada grupo são modificadas de acordo com a filogenia.
O gênero Zamia antigo pertencente a família Cycadaceae, atualmente está posicionado na família Zamiaceae. Posterior a isso, o gênero Cycas, muito utilizado no paisagismo conhecido popularmente como cica, sagu, palmeira-sagu, continua na família Cycadaceae.
Zamia furfuraceae - Foto:Guilherme Motta
Cycas revoluta - Foto: Guilherme Motta
No próximo mês vamos analisar a questão das variedades, formas e cultivares, até lá !
Leia também: Plantas ornamentais: Botânica para Paisagistas I
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