Entrevista com a bióloga Marinês Eiterer
Autor: Anita Cid - Data: 31/05/2007
Marinês Eiterer é graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Juiz de Fora (1989-1994), com mestrado em Botânica pela Universidade Federal de Viçosa (2003-2005). Atualmente é consultora botânica da AuE Soluções, trabalhando na identificação e organização do banco de dados das plantas que compõe o Sistema AuE Paisagismo e como autora de artigos da seção de Botânica da Revista Digital AuE Soluções.
AuE: Como você avalia sua participação na revista digital AuE Soluções?
Marinês: Nós vivemos em um país com uma grande biodiversidade e a botânica que aprendemos na escola está muito aquém dessa grandiosidade. São raras as escolas com jardins e que os usa em aulas práticas de Ciências ou Biologia. A maioria tem um pátio todo impermeabilizado. O ensino de botânica não deve se restringir à memorização de uma lista de nomes e formas. Ela é muito mais do que isso, como venho tentando mostrar em meus artigos para a Revista Digital AuE Soluções, envolvendo história, morfologia, fisiologia, genética, ecologia e assim por diante. Gostaria que os leitores tivessem o mesmo prazer que eu tenho ao ler sobre botânica.
AuE: Qual é o balanço que você faz da revista ao longo destes três anos?
Marinês: A Revista Digital AuE Soluções vem crescendo ao longo dos anos, despontando como uma importante fonte de informações para arquitetos e paisagistas.
AuE: Como foi a escolha pela profissão de bióloga?
Marinês: Fiz um curso profissionalizante na área de construção civil e fiquei alguns anos trabalhando nessa área. Na época, porém, achei o ambiente da construção muito preconceituoso e também não gostei de ficar presa em um escritório. Por isso, retomei os estudos com 24 anos de idade. Decidi mudar radicalmente de área e assim escolhi o curso de Ciências Biológicas. Adorei o curso, especialmente a botânica e os trabalhos de campo.
AuE: Como foi sua contribuição para a ampliação do banco de fonte da AuE Soluções?
Marinês: Participei, junto com outros botânicos, da identificação de plantas que estão no banco de dados. Um trabalho difícil, pois, como a empresa não tem um herbário, as espécies são identificadas a partir de fotografias. Além, disso, orientei na apresentação correta dos nomes das espécies, obedecendo ao Código Internacional de Nomenclatura Botânica e suas atualizações, por intermédio do International Plant Name Index e do Missouri Botanical Garden. O banco de dados é revisado periodicamente, dessa forma podemos detectar e corrigir erros eventuais. O processo de revisão, no entanto, é demorado, pois já temos hoje um banco de dados com 1110 plantas e em constante expansão. Não seria exagero afirmar que a AuE Soluções possui hoje um dos maiores banco de dados sobre plantas ornamentais existentes no país e eu muito me orgulho de ter colaborado nesse empreendimento.
AuE: Qual a importância de se conhecer melhor cada tipo de planta e suas propriedades?
Marinês: O Brasil não tem tradição na horticultura e vejo que muitos têm dificuldade nos tratos triviais com as plantas e desconhecem totalmente o que cultivam. Nossos centros de botânica não desenvolvem programas educacionais para leigos, como ocorre com freqüência na Europa, por exemplo, onde a horticultura é uma prática antiga e muito valorizada. Por isso, ainda é comum em nossas cidades encontrar mudas de árvores de grande porte plantadas em lugares absolutamente inadequados. Ou mesmo plantas tóxicas ou com espinhos em locais de convivência de crianças ou na porta de apartamentos. Um jardim tem seus encantos, mas pode ter também seus perigos, tanto para quem usufrui como para as próprias plantas ou para o ambiente a sua volta. Por exemplo, uma planta aparentemente inofensiva pode "fugir" de um jardim, causando estragos em ecossistemas nativos próximos. Mas vamos deixar as plantas fugidias para outra hora - quem sabe, talvez, a próxima edição da Revista digital AuE Soluções...
Para ler outro artigo da bióloga Marinês Eiterer .
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