Palmito Juçara: o consumo está levando a espécie à extinção
Autor: Anita Cid - Data: 01/06/2009
Você sabia que mudando alguns hábitos de consumo podemos preservar o meio ambiente e salvar espécies que estão em extinção? Por isso, iniciaremos este mês uma série que abordará estes hábitos e como que todos nós somos responsáveis pela proteção e salvação do planeta.
Muitos de nós não imaginamos que o simples ato de abrir um vidro de palmito pode ser responsável pela destruição de várias árvores seriamente ameaçadas de extinção. O palmito é uma iguaria fina, valiosa e de grande aceitação no mercado, tanto no Brasil como no exterior. Corresponde ao produto comestível, extraído da extremidade superior do tronco de certas palmeiras, constituindo-se de folhas jovens, internas, ainda em desenvolvimento, envolvidas pela bainha das folhas mais velhas. No entanto, o ciclo destas palmeiras é longo - o palmito leva de oito a doze anos para alcançar o tamanho de corte - e cada palmeira produz somente um único palmito de menos de 20 cm de comprimento, sendo que a coleta implica necessariamente na morte da planta. Fatos estes que colocaram em extinção as palmeiras produtoras de palmito.
No Brasil, várias palmeiras produzem palmito comestível. Entre elas, a espécie mais conhecida e apreciada é a Euterpe edulis, comumente chamada de palmito Juçara ou Jiçara, produtora do palmito branco. O extrativismo extensivo desta espécie não só coloca em risco sua existência como de outras espécies da flora e da fauna. Segundo os especialistas, a Euterpe edulis é uma espécie-chave na ecologia da Mata Atlântica. Ela está na base da cadeia alimentar de dezenas de seres vivos, seus frutos e sementes são importantes para a sobrevivência de várias espécies de aves, roedores e até de macacos. Esses animais, por sua vez, participam da dispersão das sementes da planta por toda a floresta. Desse modo, a derrubada das palmeiras juçara afeta em vários níveis os processos ecológicos, fragilizando ainda mais os escassos remanescentes da Mata Atlântica.
Devido à grande exploração, atualmente existe menos de 8% da área original de plantação de Palmeira Juçara. Além da depredação do meio ambiente, a exploração predatória desse produto também traz graves riscos à saúde do consumidor. Sendo uma atividade ilegal e criminosa, os palmiteiros, pessoas responsáveis pela corte das palmeiras, roubam o palmito e o embalam sem cuidados de higiene. Os palmitos são levados aos acampamentos e cozinhados em condições pouco higiênicas. Então, são envazados e transportados para fábricas clandestinas onde recebe um vidro e rótulo.
Uma boa alternativa para este problema é o consumo de outras espécies de palmito, produzidos por outros tipos de árvore como a palmeira real da Austrália, pupunha e açaí. Espécies estas que são cultivadas em plantações próprias e são próprias para consumo. Quando for consumir palmito procure saber a sua origem e faça também a sua parte na proteção do meio ambiente.
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