A Arte do Paisagismo do Arq. Paisagista Ulisses Bething

Começamos 2020 com belos exemplos de sucesso de nossos clientes!

A Revista Auepaisagismo, cuja publicação teve início em 2004, sempre apresentando os paisagistas e demais profissionais da área de paisagismo, plantas, meio ambiente, tem o prazer de conversar com o Paisagista Ulisses Bething, da Bething Arquitetura, que vai nos atualizar sobre seu trabalho.

Auepaisagismo - Como começou o seu interesse pela área de paisagismo? O que o levou à decisão de escolher este caminho tão necessário à qualidade de vida das pessoas e ao bem do Planeta em que vivemos?

Eu sempre gostei muito de plantas, roça, mato, floresta, nasci em uma cidade pequena do interior de SP, onde o mato nas periferias era muito próximo do centro, dava para ir de bicicleta pedalando facilmente. Mas, essa coisa de organização da paisagem viva começou mesmo a despertar na faculdade, no início dos anos 80, quando fazia o curso de Arquitetura. Nosso professor de Paisagismo era muito bom, um verdadeiro apaixonado pelo tema, pela Botânica.

Quando você tem contato com um professor apaixonado por aquilo que ensina e compartilha, é um bom começo.

Mas, paralelamente a esse início de contato com as técnicas de Paisagismo na escola, minha família tinha acabado de se mudar para o Rio de janeiro, e foi aí que eu realmente tive a noção de que um bom projeto de paisagismo pode reordenar e/ou organizar a distribuição de espécies conforme uma série de critérios que remetem a conceitos formais, culturais, de desenho, de cores, texturas, cheiros, sombras, relevos, sons (de pássaros principalmente), enfim, tive contato com o Aterro de Flamengo, projeto idealizado por Lota Macedo Soares, onde o grande Burle Marx concebeu e desenhou um universo paisagístico absolutamente fantástico, e que eu não conhecia até então. Foi uma verdadeira avalanche de sensações e informações.

Ia para lá, passava o dia caminhando pelo grande “parque”, que incluía várias obras de arquitetura importantes, o Aeroporto Santos Dumont, o Museu de Arte Moderna, Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, obras arquitetônicas belíssimas, abraçadas por aquele verde maravilhoso.

Ali você não precisa de professores, basta observar, escutar, tatear, é só ligar todos os seus sentidos... são cores, formas, texturas, dimensões, toda a Botânica distribuída conforme um desenho ordenado, organizando a paisagem, incorporando o “verde” anárquico das lindas matas cariocas em arte pura. É uma espécie de contemplação ativa. Ali você não precisa ser um paisagista para perceber toda a magia daquele espaço verde.

Aí alguém vai dizer, isso é óbvio, é o que o Paisagismo faz, ora bolas. Mas quando isso passa a ser uma descoberta, que foi o meu caso, a coisa muda completamente de figura!

A partir dali, voltava para as minhas aulas de Paisagismo com “fome”, estava com aquele vírus verde devidamente inoculado na minha formação de arquiteto.

Auepaisagismo - Houve dificuldades no início? Como as venceu?

Não tive dificuldades no início, nenhuma, foi tudo acontecendo de forma natural. Me formei e passei a exercer normalmente as minhas atividades de arquiteto, quando em meu primeiro trabalho, já me deparei com uma demanda de Paisagismo na Fazenda Morro Vermelho, em Jaú SP.

Lá fazíamos um projeto de detalhamento do Haras Morro Vermelho, trabalhava na obra com meu pai, detalhávamos a Arquitetura e consequentemente, o Paisagismo. Lá projetei e construí meu primeiro viveiro de plantas auto irrigável. Depois disso trabalhei no Shopping Jardim Sul em São Paulo, coordenando os projetos dos lojistas e participando da organização e execução do plantio do Paisagismo em um projeto (que não era meu) que já estava pronto.

A partir daí, algo curioso aconteceu, fui trabalhar na equipe de projeto do Aeroporto de Cumbica em Guarulhos, projeto do Terminal 2, e também participei do plantio de outro projeto que estava pronto, meu professor da faculdade tinha participado de sua concepção. Já conhecia bastante os conceitos desse projeto porque o professor sempre o utilizava para suas aulas.

O aprendizado na disciplina foi grande, as informações vinham naturalmente, e casando as arquiteturas em que eu trabalhava com a paisagem verde de entorno.

Depois disso trabalhei na Canhedo e Beppo fazendo projetos das novas concessionárias de rodovias durante o início do processo de privatização, no final dos anos 90. Fazia as praças de pedágio, balanças, Sistemas de Apoio aos Usuários, áreas de lazer para caminhoneiros. Fizemos os projetos para as concessionárias da época, Vianorte, Ecovias, Autoban e Rodovia das Cataratas.

Projetos de Paisagismo em rodovias tem um complicador muito grande, que é a qualidade do solo. Via de regra, nas rodovias modernas, a área de plantio está, ou em aterros, ou em cortes, que tem solo muito ruim e que precisam de tratamento, principalmente na região de plantio de árvores, com covas maiores, mais profundas, substratos bem definidos e aplicados de maneira correta. Nessa fase, descobri o valor que tem uma boa consultoria agronômica e botânica. Nessas condições, é fundamental que você tenha, ao seu lado, esse arcabouço técnico para que o paisagismo “vingue”.

Os resultados de um bom projeto de Paisagismo são colhidos a longo prazo, você fica a mercê do tempo de desenvolvimento das plantas para que o projeto se consolide até atingir a forma conforme foi concebido.

Da para especificarmos mudas mais desenvolvidas, diminuindo esse processo, mas quanto mais desenvolvida é a muda e/ou os espécimes a serem plantados (ou transplantados), mais caro é a implantação, vai depender da verba disponível reservada para o Paisagismo. Algumas prefeituras, alguns políticos, precisam (ou gostam) de ter essa visualização mais rápida da obra efetuada na sua administração, portanto os orçamentos deverão ser feitos por várias pessoas e/ou entidades, geralmente junto às Secretarias de Meio Ambiente e Finanças, questão de muita conversa para se chegar a um cronograma físico financeiro adequado às expectativas, eliminando surpresas desagradáveis durante o processo de implantação.

Uma das dificuldades que sempre tive, desde o início de minha carreira, é que a maioria dos contratantes, acha que projetos de Paisagismo são simples, é só colocar as “arvrinhas” naquele desenho colorido e bonito, não raro ignorando as dificuldades com análises de solos, estudos de Botânica, Agronomia, custos de implantação, manutenção e suporte.

Via de regra, com instalações e dimensionamentos de viveiros de plantas para reposições de espécies, além de toda poesia que envolve a concepção de um projeto de Paisagismo, não é um processo simples.

Mas isso vai ficando claro para o contratante a medida que as reuniões vão sendo feitas para acerto e aferição do setup, que vai orientar tudo, concepção, análises e cuidados com o solo, implantação, plantio, manutenção e custos.

Mas, respondendo a sua pergunta lá no início, acredito que tive um pouco de sorte, estava sempre no lugar certo, na hora certa.

Auepaisagismo – Conte-nos um pouco sobre seu trabalho em São Paulo. Quais as características marcantes do Paisagismo nesta região?

Por incrível que pareça, nunca fiz um projeto de Paisagismo em São Paulo, meus projetos sempre atenderam demandas de outros locais, e sempre naquela característica do início de minha carreira, as coisas vão acontecendo.

Auepaisagismo - Você é usuário do AutoLANDSCAPE. O que mudou em seu fazer paisagístico com o uso do software?

Mudou tudo, posso afirmar que, finalmente entrei no paraíso.

Como todos sabem, o AutoCad é uma plataforma, e a maneira correta de trabalharmos com esse software é a utilização de aplicativos ligados a sua área de atuação, arquitetura, cálculo estrutural, elétrica, hidráulica, topografia e geometria, e .... paisagismo.

Eu tinha assinado um contrato com prazo desesperador, procurei na internet um aplicativo de Paisagismo, pois até então desenhava tudo diretamente no cad. Foi aí que encontrei o AutoLANDSCAPE. Pesquisei sobre, assisti alguns vídeos no Youtube, resolvi experimentar.

Não só cumpri o prazo tranquilamente, como apresentei um trabalho muito bem-acabado, pois tive tempo suficiente para a concepção e definição dos conceitos paisagísticos do projeto. A correria (e o estresse) cederam lugar para experimentações, pois o trabalho “braçal” ficou a cargo do AutoLANDSCAPE.

O mais impressionante nesse aplicativo, é o tempo que se ganha na execução do projeto, sem mencionar o ótimo acabamento e todas as possibilidades que você encontra para sua apresentação.

Eu não consigo trabalhar mais em projetos de Paisagismo sem a utilização do desse software.

Muito importante que se diga, o suporte técnico de toda a equipe do AutoLANDSCAPE é sempre imediato, resolvendo todo e qualquer tipo de problemas que possam ocorrer, esclarecendo dúvidas, principalmente no início de utilização, apesar de ter características bastante intuitivas, você vai clicando e as coisas vão acontecendo.

Alguns dos muitos projetos desenvolvidos:

Praça das Colunas - Serra Es

Parque Capivari - Louveira SP

Auepaisagismo - Imaginamos que todos os projetos são caros ao seu criador, mas há algum que lhe deu maior sentimento de realização?

Não tenho nenhum em particular, mas todos estão em meu coração, projetos são filhos.

Cada projeto tem a sua característica, processos de concepção diferentes, mergulho sempre de cabeça no atual, identificando expectativas, estudando o entorno, a região, a vegetação nativa, as pessoas que ocuparão aquele espaço verde ... etc, etc.

Cada projeto tem a sua demanda, que é sempre específica, e dentro desses universos distintos, as ideias ocorrem de maneira também diferenciada. Em uma concessionária de rodovias por exemplo, defini todo o Paisagismo através da floração de suas árvores, com as cores da concessionaria, amarelo e vermelho, implantei ipês amarelos e Erythrina speciosa (ou vermelha), o contratante ficou satisfeitíssimo, noutro implantei ondas coloridas de ipês roxo, branco, amarelo, que quando floridos, identificarão a distância o parque.

Via de regra, o projeto que mais gosto é sempre aquele que estou fazendo.

Auepaisagismo - Qual seria a sua recomendação para os iniciantes que se decidem pela bela profissão de embelezar o planeta e, em consequência, valorizar o ambiente das cidades.


Especializar-se.

Façam cursos, estudem a Botânica brasileira, somos um país riquíssimo (se não o mais rico do planeta) em espécies vegetais. Implantando espécies predominantemente nativas, você será também responsável pela atração de pássaros, insetos polinizadores, poderá com isso (essa ajuda natural) ser também responsável por distribuir sementes de novas árvores, novas plantas, para um entorno muito grande, difícil de ser mensurado. Ao longo do tempo, a natureza vai ser a sua parceira, e isso é extremamente gratificante e lindo!

E quando for conceber um projeto de grande porte, conte sempre com a possibilidade de uma boa consultoria agronômica e botânica, parcerias com grandes viveiros e fornecedores de plantas, lembre-se, você nunca está sozinho.

Recomendo também, conhecer pessoalmente um projeto brasileiro importante de Paisagismo já consolidado, fazendo uma visita ao Aterro do Flamengo, ali você vai aprender e entender muita coisa sobre o desenho nativo.

Parque Urbano - Ibitinga SP

Haras Jau SP

Veja estes projetos de Ulisses Bething:
Parque Urbano Ibitinga SP
Praça das Colunas Serra ES
Parque Capivari
Revitalização paisagística de praças públicas- Município de Mauá

Contato: bething.arq@gmail.com
- 11 96333 7883

B E T H I N G
A R Q U I T E T U R A
Rua Padre Antonio Tomas, 228
Água Branca | São Paulo | SP
| 11 96333 7883 |