A paisagista Marisa Lima fala sobre os 30 anos de profissão
Autor: Anita Cid - Data: 06/09/2009

Marisa Lima é formada em Paisagismo na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio do Rio Janeiro (UFRJ), em 1979. Desde então vem atuando nesta área. Participou das principais mostras de arquitetura e paisagismo como Casa Cor, Morar Mais, Master Casa, Casa Office, Arquidesign (antiga Casa Natal em Santos). Fez jardins em várias cidades do Brasil e um projeto na França. Além de fazer projetos de paisagismo, executa e faz manutenção dos mesmos, presta consultoria e realiza seminários. Também já ministrou aulas sobre paisagismo. Fez inúmeros cursos de aperfeiçoamento e muitas viagens pelo mundo para conhecer os vários estilos de jardins, conhecer plantas novas e atualizar-se.
AuE Soluções: Como o paisagismo contribui na qualidade de vida da população?
Marisa: Quando plantamos árvores e plantas elas contribuem para filtrar o ar, diminuir o calor, promover o relaxamento e valorizar sua casa, sua rua ou até um bairro inteiro. As áreas de lazer são importantíssimas para qualidade de vida. Um lugar para exercícios ao ar livre é muito mais agradável do que um local fechado. O local público ao ar livre é também um local de encontros sociais, divertimento, passeios com a família, entre outros eventos que só fazem bem aos seres humanos.
AuE Soluções: Qual é o papel do paisagismo na estruturação do espaço urbano?
Marisa: Ao longo do tempo o homem foi percebendo que a vegetação nas cidades contribui para aproximá-lo da natureza, trazendo assim conforto ambiental, qualidade de vida e preservação ecológica. Desde então elementos vegetais são cada vez mais incorporados ao projeto de edifícios públicos, comerciais, residenciais, além de ruas, parques e praças.
AuE Soluções: Atualmente discute-se muito o conceito de sustentabilidade. No entanto, poucas pessoas ainda o colocam em prática na hora de elaborar seus projetos de paisagismo. Quais recursos você utiliza para criar projetos sustentáveis?
Marisa: Atualmente a sustentabilidade é uma moda, mas no meio dos paisagistas sempre foi uma coisa normal e comum. É o correto, isso não é um modismo como grande parte da mídia anda divulgando. Quando usamos plantas nativas de uma determinada região, já é um passo para se criar um projeto sustentável. Captar a água da chuva para irrigação, nunca usar agrotóxicos nem adubos químicos - sempre orgânicos - ou um conjunto de várias ações como estas, criamos espaços sustentáveis naturalmente.
AuE Soluções: Como você cria projetos personalizados que refletem o gosto de seus clientes?
Marisa: Antes de projetar, vamos ao local para analisarmos o clima, a insolação e a arquitetura do local. Depois de várias outras análises, temos uma longa conversa com o cliente para perceber seus anseios e criarmos um projeto paisagístico que agrade quem irá ali habitar. Porém, temos que respeitar o ecossistema do espaço, ou seja, não adianta o cliente desejar um jardim tropical em um lugar de clima frio, ou um jardim europeu em um local de muito calor. Temos que explicar ao cliente o que é possível ser feito e fazê-lo ver também a beleza de cada uma das plantas de uma determinada região.
AuE Soluções: Como você faz a seleção das espécies botânicas? Quais fatores você leva em consideração no processo de escolha?
Marisa: De acordo com as análises explicadas na pergunta anterior e também procurando pelas espécies nativas de cada região, pois elas já estarão adaptadas e, sendo assim, não tem como o jardim não se manter.
AuE Soluções: Ao longo de sua carreira você projetou jardins para residências, praças, condomínios, varandas, sítios e jardins comerciais. Qual a diferença de projetar para diferentes tipos de espaço e o que valorizar em cada um deles?
Marisa: A diferença é qual o uso que daremos ao espaço e que elementos precisamos colocar neste jardim. Qual a expectativa da região (dos clientes que ali habitam) que será implantado? Não adianta colocarmos uma área pra skate em uma região em que não se pratica o esporte. Valorizamos cada um dos elementos utilizados buscando harmonia, escondendo alguma coisa indesejada com a vegetação, trazendo beleza para o local.
AuE Soluções: Ao completar 30 anos de profissão, qual o balanço que você faz da sua carreira?
Marisa: Que é muito bom fazer o que gostamos. A minha profissão é muito prazerosa, pois não existe nada melhor que trabalhar ao ar livre, acompanhar o crescimento e a evolução de sua obra, pois um jardim está sempre mudando a cada estação. Cada dia lido com uma situação diferente e o melhor de tudo é que todos os clientes viram amigos.
AuE Soluções: Dentre os projetos que você realizou qual deles você destacaria? Conte-nos um pouco sobre este projeto.
Marisa: Eu gosto de muitos deles. Já trabalhei ensinando rapazes e moças de comunidades carentes a fazer jardins em áreas públicas no Rio de Janeiro, e isso foi muito gratificante. Já fiz um jardim para uma artista plástica que queria um espaço bem tropical, cheio de cores e, dias depois de implantado, recebi um e-mail dela contando que ficou exatamente como ela queria e que o colorido das plantas estava inspirando-a em seu trabalho. Também fiz um sítio que o cliente pediu que fosse feito todo em função de sua filha de 3 anos na época. Então projetei uma praça para que ela brincasse no quintal.
Confira algumas fotos dos projetos de paisagismo de Marisa Lima a seguir:





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