A revolução das plantas secas
Autor: Marinês Eiterer - Bióloga - Data: 02/02/2007
Amostras de material botânico têm sido colecionadas por naturalistas e biólogos há centenas de anos. Coleções de plantas secas - usadas, por exemplo, para documentar a descrição de espécies novas - são chamadas de herbários. A técnica empregada para preparar essas amostras recebe o nome de herborização e é tão antiga quanto simples: podemos secar amostras de material botânico prensando-as entre folhas de papel - jornais velhos, por exemplo.
A herborização foi primeiramente utilizada por ilustradores botânicos, preocupados em preservar as características naturais das plantas que retratavam. Com o barateamento do papel na Europa, após o surgimento das primeiras fábricas, ainda no século XII, o material tornou-se mais acessível, o que facilitou a difusão da herborização e o desenvolvimento dos herbários.
Luca Ghini (1490-1556), professor de botânica da Universidade de Bologna, na Itália, é considerado o primeiro botânico a usar técnicas de herborização. Seu herbário pessoal data de 1520. Ghini difundiu a técnica entre colegas, além de incentivar o intercâmbio de plantas herborizadas.
Os herbários modernos são verdadeiros repositórios de informação, armazenando coleções de importância local, nacional ou internacional, dependendo da abrangência do material colecionado. Suas funções incluem identificação, pesquisa e educação. Consultando coleções de herbários podemos ter uma idéia da distribuição geográfica e do comportamento (época de floração) das espécies. Mais recentemente, o material herborizdo também tem sido usado em estudos moleculares (contagem de cromossomos, análise de DNA, extração de substâncias químicas etc.).
Todo material herborizado é registrado e recebe uma etiqueta com informações padronizadas, tais como: identificação da espécie, local e data de coleta e nome do coletor. Vale notar que nem sempre o coletor é também o responsável pela identificação; ao contrário, o mais comum é que a identificação específica seja feita por um especialista no grupo, anos após o material ter sido depositado no herbário.
Existem hoje cerca de 3,3 mil herbários em todo o mundo. Há um catálogo mundial de herbários, chamado Index Herbariorum, no qual todos eles devem estar devidamente registrados. O maior herbário do mundo está no Musèum National d`Histoire Naturelle, em Paris; foi fundado em 1635 e abriga hoje cerca de 7,5 milhões de exemplares. Para se ter uma idéia, basta dizer que esse total equivale à soma do acervo de todos os herbários brasileiros. O maior herbário brasileiro, que é também o mais antigo, está no Museu Nacional, no Rio de Janeiro. Foi criado por Ludwig Riedel, em 1831, e conta hoje com 500 mil exemplares.
Alguns dos mais importantes herbários do mundo estão sendo informatizados, permitindo assim que qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo, tenha acesso aos respectivos acervos via Internet. Esse é o caso, por exemplo, do New York Botanical Garden e do Neotropical Herbarium Specimens, ambos nos Estados Unidos; experimente: Virtual Herbarium