Costa Rica é o país mais feliz e verde do mundo?
Autor: Leone Nogueira - Data: 13/04/2017
Costa Rica foi nomeado no ano passado como o país mais avançado e o mais feliz do mundo, seguido por México, Colômbia, Vanuatu e Vietnã. É a conclusão a que chegou o Índice Planeta Feliz da New Economics Foundation, que lançou recentemente o seu ranking de 2016. E declarou: "Onde no mundo as pessoas estão usando recursos ecológicos de forma mais eficiente para ter um vida longa e feliz."
Pode ser surpreendente que nem os EUA e nenhum país europeu esteja entre os dez primeiros, mas não surpreende que Costa Rica está na primeira posição; este pequeno país da América Central também liderou o ranking em 2009 e 2012. O Índice Planeta Feliz pondera expectativa de vida, bem-estar, o impacto ambiental e a desigualdade para estimar a qualidade de um país. E o governo da Costa Rica fez um esforço e um investimento significativo em todos e cada um desses aspectos. Quanto ao ambiente, Costa Rica tem sido um pioneiro. Já nos anos 90´s, o país aprovou uma série de leis "cultura verde", incluindo a Lei de Florestas Nacionais financiados com os impostos, que protege as florestas, a água, a biodiversidade e beleza natural, bem como para atrações turísticas, como para recursos científicos. Fazendo um resumo, a Costa Rica tem incorporado em seu modelo de governo a capacidade para lidar com os principais problemas ambientais e de saúde com que o mundo enfrenta hoje.
Como resultado, além de ser o país com a maior pontuação no Índice de Planeta Feliz, Costa Rica também tem uma boa posição no Índice Global de Trabalhadores Felizes (terceiro lugar), no Doing Business 2017 (no quinto lugar na América Latina) e no Índice de Liberdade Individual. Também é líder na América Central em termos de direitos do trabalhador e está entre as economias mais competitivas na América Latina. Isso destaca um aspecto chave do índice de planeta feliz: as políticas públicas têm um grande impacto sobre o bem-estar da população. Mas não são a única coisa a considerar e essas classificações, mesmo que elas seja um orgulho para o pequeno país da América Central, elas têm suas limitações. Em primeiro lugar, os índices globais inevitavelmente incluem alguns indicadores e excluem outros, o que pode levar a alguma dissonância cognitiva.
Como pode um país ser feliz e ecologicamente bom, mas subdesenvolvido?
Bem, o Índice de Planeta Feliz não leva em conta alguns indicadores importantes, como educação, renda, acesso à água potável e a eletricidade, ou as taxas da pobreza. Se todos estes fatores são tidos em conta, poderá estabelecer uma imagem muito mais completa e, provavelmente, muito diferente da felicidade. Costa Rica, que ficou em primeiro lugar no Índice de Planeta Feliz 2016, ficou na posição 42 em outro. Enquanto isso, o Equador, décimo no Índice de Planeta Feliz, ficou na posição 76 em competitividade global, de acordo com o Relatório de Competitividade Global 2016-2017, e ficou na posição 103 no índice da Universidade Yale. De acordo com a Comissão de Políticas de Desenvolvimento das Nações Unidas, os países menos desenvolvidos do mundo são caracterizados por uma deficiência de renda per capita e vulnerabilidade econômica. O que quer dizer que, pelo menos o 50% da população vive na pobreza extrema, e são também os países mais expostos às alterações climáticas e as suas consequências.
Então, um país verde é sinônimo de um país feliz?
O Índice do Planeta Feliz é útil se você quiser redefinir felicidade em termos de bem-estar ambiental e práticas sustentáveis, mas precisa de alguns ajustes. Nos países menos desenvolvidos, baixas emissões de carbono têm claramente mais a ver com a falta de indústria do que com as políticas ambientais. Nestes países simplesmente não acontecem os mesmos processos de crescimento econômico experimentado pelos países desenvolvidos desde a Revolução Industrial até II Guerra Mundial.
Autor: Ariana López Peña, Profesora da Escuela de Relaciones Internacionales, Universidad Nacional de Costa Rica
Anterior Próximo