Duas ou três coisas sobre as coníferas
Autor: Marinês Eiterer - Bióloga - Data: 07/12/2006
Nesta época do ano, muita gente se preocupa em confeccionar sua própria árvore de Natal. O "pinheiro" é tradicionalmente usado para isso, principalmente por causa de sua forma triangular, que para o cristianismo simboliza a Santíssima Trindade. Essas árvores são também símbolos de eternidade, pois vivem milhares de anos. Os pinheiros fazem parte de um grupo botânico conhecido como "coníferas", no qual estão algumas das maiores e mais antigas plantas que vivem na Terra. Há coníferas recordistas em tamanho (sequóias atingem mais de 100 m de altura) e longevidade (indivíduos da espécie Pinus longaeva podem viver até 5 mil anos).
O nome coníferas deriva da presença de cones (a popular pinha, cujo nome técnico é estróbilo), a estrutura reprodutiva dessas plantas. O cone é encontrado em quase todas as coníferas, com exceção apenas de juníperos e teixos. Há dois tipos de cone: o que produz pólen (masculino) e o que produz óvulos (feminino), sendo que este último é maior. Os dois tipos podem ser encontrados em uma mesma árvore, quando em geral os cones masculinos ficam nos ramos inferiores e os femininos nos superiores, ou apenas em árvores separadas. Um cone é formado por um agrupamento de escamas, entre as quais as sementes são formadas. Os cones têm forma, tamanho e cor variados, dependendo da espécie. Um cone muito utilizado na decoração natalina é a pinha dos pinheiros (Pinus).
Entre as coníferas mais conhecidas podemos citar os pinheiros, os ciprestes e as tuias. Algumas pessoas costumam se referir às coníferas como se todas elas fossem também "pinheiros", mas a rigor, os pinheiros são apenas aquelas espécies pertencentes ao gênero Pinus. Existem cerca de 600 espécies de coníferas em todo o mundo. Um número, convenhamos, modesto, principalmente se comparado às 250 mil espécies de plantas com flores (angiospermas) conhecidas.
O cones masculinos de uma conífera produzem milhões de grãos de pólen, que são de tal modo dispostos que o vento facilmente os carrega. O resultado disso é que, na estação reprodutiva, uma imensa nuvem de pólen se desprende de cada conífera. É necessário então que um grão de pólen caia sobre uma gota pegajosa do tamanho da cabeça de alfinete, que está sobre uma das escamas de cada um dos cones femininos, localizados na parte superior da copa das coníferas. Na maioria das espécies, a maturação das sementes pode levar até dois anos.
As coníferas estão incluídas em um grupo botânico conhecido como "gimnospermas" (gymno = nua ou descoberta + sperma = semente), pois as sementes dessas plantas não estão envolvidas dentro de um fruto (como ocorre com as angiospermas). As escamas do cone, apertadas umas contra as outras, envolvem e protegem a semente. Em algumas coníferas, como nos juníperos (Juniperus) e teixos (Taxus), a semente é envolvida em uma estrutura carnosa e colorida, tendo um aspecto geral de fruto.
Embora seja um grupo relativamente pobre em espécies, as coníferas ainda dominam a paisagem natural em muitas regiões frias do planeta. No Brasil, há poucas espécies nativas de coníferas, com destaque para o pinheiro-brasileiro ou pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifolia); além de umas poucas espécies de podocarpo (Podocarpus). Algumas coníferas são intensamente exploradas, seja como fonte de madeira ou de celulose; o que tornou muitas delas vulneráveis ou mesmo ameaçadas de extinção. Algumas dessas espécies estão sendo hoje cultivadas e protegidas em jardins particulares e públicos.
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