Entrevista com a arquiteta paisagista Ana Lúcia Iath

Autor: Adriana Corrêa - Data: 10/12/2005

Com apenas dois anos de profissão, a arquiteta paisagista Ana Lúcia Iath carrega muito conhecimento na bagagem. Formada em publicidade pela Universidade Gama Filho, ela também estudou arquitetura na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Há alguns anos, resolveu seguir seu coração e se especializou em paisagismo na Universidade Veiga de Almeida. Desde então, vem trabalhando na capital, região serrana e litoral do Estado do Rio de Janeiro, no sentido de recuperar e preservar os ecossistemas degradados e ameaçados pela ação do homem e da natureza. Conheça o trabalho exemplar dessa profissional na entrevista concedida este mês à Revista Digital AuE Soluções.

AuE: Conte-nos a sua trajetória. Como se tornou paisagista?
Iath: Após trilhar alguns anos como publicitária (minha primeira formação), decidi retomar um antigo projeto de trabalhar com paisagismo e meio-ambiente. Em 2003 voltei a estudar para me especializar em paisagismo - já que havia cursado a faculdade de arquitetura na mesma época em que me graduei em publicidade. Neste retorno, descobri a escola dirigida pelo paisagista Fernando Chacel, foi com ele que me encantei pela vertente ecológica. Durante o período que passei lá, adquiri conhecimentos de botânica, solos, clima, estética ambiental e educação ambiental, entre outras matérias interdisciplinares tão importantes ao projeto paisagístico. E foi assim que o paisagismo entrou na minha vida. Há dois anos, montei um escritório com a arquiteta paisagista Ivon Amaya, no Atelier da Paisagem*. Hoje, juntas à uma equipe interdisciplinar, desenvolvemos projetos de micro e macro escala.

AuE: Como profissional, o que é indispensável em seus projetos?
Iath: O total conhecimento do local de intervenção e do programa a ser adotado para o projeto. Desta maneira pode-se fazer a leitura correta da paisagem em que se está intervindo e propor projetos harmônicos com o seu entorno. É fundamental integrar a paisagem.

AuE: Costuma seguir tendências no paisagismo?
Iath: Acredito que a tendência do mundo é cuidar do planeta e, o paisagista, como tal, tem papel fundamental no exercício da responsabilidade ambiental. Acho que é por isso que tenho esta inclinação para trabalhar a paisagem como ferramenta de recuperação dos ecossistemas e estética. Atualmente essa tendência é chamada de Estética Ambiental.

AuE: Considera a tecnologia importante para a sua vida profissional?
Iath: Quando iniciei o trabalho no Atelier*, detectamos a necessidade de agilizar e otimizar nosso tempo de projeto. Começamos então a buscar ferramentas tecnológicas que pudessem nos auxiliar nesta tarefa, como softwares, por exemplo. Encontramos o AutoLANDSCAPE, que se mostrou a ferramenta mais apropriada para trabalharmos e, aos poucos, fomos conhecendo melhor o programa. Como resultado, não só agilizamos o nosso serviço, como agregamos mais informações aos nossos projetos, permitindo ao cliente uma visão mais completa da obra e do orçamento proposto.

AuE: De que maneira o paisagismo pode contribuir para a qualidade de vida das pessoas?
Iath: Nossa missão é aproximar as pessoas da natureza, através da sensibilização pelo belo, passando um pouco de conhecimento e respeito pelo meio ambiente.

AuE: Como avalia o mercado de trabalho atualmente?
Iath: O mercado está em crescimento, principalmente para os profissionais que acreditaram nesta vertente ecológica de trabalho. Não é possível mais realizar grandes projetos de construção sem a presença de uma equipe que trabalhe a paisagem, e sem levar em conta a necessidade cada vez maior das pessoas de estarem em contato com a natureza.

AuE: Qual o principal desafio da profissão?
Iath: Conscientizar os clientes - sejam empresários ou clientes residenciais - da importância de projetos paisagísticos ambientais e da utilização cada vez maior de espécies nativas como instrumento de melhoria da qualidade de vida local e global.

AuE: Fale sobre o seu último trabalho.
Iath: Nosso último trabalho foi o projeto de Recuperação Paisagístico Ambiental da Faixa Marginal de Proteção da Lagoa de Araruama. Nesta obra foi possível aplicar o conceito de Estética Ambiental, recuperando uma área totalmente degradada com a utilização de espécies 100% nativas e conseguindo um resultado estético de recomposição do ecossistema de restinga. A área faz parte do campus de uma universidade e criou-se um "calçadão ecológico". O trabalho foi aprovado pela SERLA, órgão estadual de proteção a rios e lagoas. O projeto foi executado em cinco meses e entregue em agosto de 2005.

AuE: Dentre os seus projetos, qual deles merece destaque?
Iath: Este ao qual me referi acima e um segundo, onde trabalhamos o mesmo conceito de jardim de restinga, mas em uma escala residencial. Neste caso, a intervenção foi feita em uma área de 3.000 m2, na região da Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. Utilizamos somente plantas de restinga, como cactus, bromélias, orquídeas, palmeiras e muitas espécies desconhecidas de grande efeito paisagístico. A execução levou três meses. A obra foi entregue em julho de 2005.
Este trabalho fez parte do Congresso Brasileiro de Botânica e foi muito elogiado como uma maneira de contribuir para a melhoria dos ecossitemas locais através da micro escala.

*Atelier da Paisagem
Av das Américas, 15700/224 - Recreio - RJ
Tel: (21) 2437 5374/2437 3890/7823 9679
email: atelierdapaisagem@gmail.com


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