Gustaaf Winters fala sobre o ensino de paisagismo
Autor: Anita Cid - Data: 07/12/2007
Gustaaf Winters nasceu em Bergh, na Holanda. É Biólogo graduado pela Unesp de Rio Claro, especializado em Paisagismo na Holanda. Foi paisagista do Parque Ecológico Tietê em São Paulo(1978 - 1983); Assistente Técnico do Secretário de Obras e Meio Ambiente (1983 - 1985); Diretor Técnico do Parque ecológico Tietê em São Paulo(1988 - 1995); Coordenador do Programa "Somando Verde", da Secretaria de Rec. Híd, San. e Obras de São Paulo (1985 - 1995); Consultor de diversas prefeitura, dentre eles a de Vinhedo, SP. Também é autor de mais de 980 projetos paisagísticos já inaugurados em diversos municípios. Participação no Paisagismo do Aeroporto Internacional de São Paulo, Cumbica-Guarulhos. Diretor-Presidente do Centro Paisagístico "Gustaaf Winters" desde 1991. Título de especialização em Paisagismo dado pelo CRBio em 1996. Consultor e colaborador das Revistas: Natureza e Paisagismo. Na foto acima,Gustaaf Winters.
Aue Soluções: Como é o curso que o senhor ministra?
Gustaaf: Ministramos basicamente 3 cursos: "Básico de Jardinagem e Manutenção", com um dia e meio de exposição teórica e meio dia de prática; "Manejo em Áreas Verdes", com carga horária de 26 horas, direcionado às administrações municipais e futuros consultores em parques e jardins; e nosso carro chefe, "Curso Avançado de Paisagismo", com 35 horas-aula, destinado para engenheiros, agrônomos, arquitetos, etc. A programação pode ser conferida no nosso site centropaisagistico
Aue Soluções: Por que criou estes cursos?
Gustaaf: Na verdade foi uma promessa que um mendigo me fez fazer, quando estava na pior, numa noite em Nice-França, quando ainda era estudante. Estava com febre, sem comer e procurando um abrigo. Depois que ele e eu contamos a nossa história, ele me indicou um albergue, desde que eu prometesse à ele que tudo que eu aprenderia, seria passado para muita gente. Na volta ao Brasil, fui selecionado num concurso, para trabalhar no projeto do Parque Ecológico do Tietê (de Burle Marx e de Rui Othake). De lá participei do projeto e implantação do Aeroporto de Guarulhos. Mas não deixava de pensar na promessa feita ao mendigo. Quando fui convidado a assessorar um secretário estadual de meio ambiente consegui cumprir a promessa. Saí pelo Estado de São Paulo para treinar jardineiros das prefeituras. Era um dos primeiros cursos de jardinagem em 1980. Só que vinham todos no curso: menos jardineiros. Tive que melhorar o nível para atender os arquitetos e os agrônomos e paisagistas. Daí nasceu o Curso de Manejo em Áreas Verdes. O Curso Avançado de Paisagismo nasceu depois que me demiti do cargo de assessor, em 1990. E o de jardinagem, veio depois, para atender um outro público.
AuE Soluções: Atualmente, no Brasil, ainda não existe uma graduação destinada a formação do profissional paisagista. O senhor acha necessário a criação de um curso de paisagismo?
Gustaaf: Está mais do que na hora. Pelo menos as apostilas dos meus cursos seriam menos copiadas.
AuE Soluções: Na sua opinião, quais são as melhores opções para os paisagistas adquirirem mais formação teórica?
Gustaaf: Hoje em dia, no Brasil, quem quiser ser um bom paisagista, teria que se matricular num curso de Arquitetura, depois num de Agronomia. Com esses dois diplomas na mão teria que se matricular numa faculdade de Biologia, depois Geografia, depois Ecologia... Não poderá esquecer de fazer Psicologia e Marketing: tem tudo a ver também. Isso pra ser autônomo. Se quiser abrir uma empresa fazer ainda um Curso Técnico de Administração.
AuE Soluções: O senhor acha que as diversas feiras realizadas pelo Brasil contribuem para esta formação? Em que estas feiras contribuem para os estudantes da área?
Gustaaf: Há 10 anos atrás nem isso tinha, né? Hoje temos a FIAFLORA, em SP... GARDEN FAIR, em Holambra. São boas oportunidades para se reciclar, obter novas ou velhas informações.
AuE Soluções: Qual a avaliação que o senhor faz da formação acadêmica dos paisagistas brasileiro?
Gustaaf: Poucos são os cursos superiores que preparam o profissional para o mercado de trabalho: isso vale para todas as especialidades profissionais. Imagina Paisagismo então! Os que se tem destacado, no paisagismo brasileiro, são aqueles que "ralaram" muito. Estudaram em casa, viajaram, fizeram cursos complementares aqui e lá fora e,por fim: fizeram muitos jardins. Em cada jardim aprenderam uma coisa nova. Erraram muito mas, aprenderam tanto que hoje seus jardins são verdadeiras grifes.
AuE Soluções: O senhor acha que com os avanços tecnológicos haverá maior necessidade de formação profissional?
Gustaaf: Como disse Fernando Chacel, num dos congressos da FIAFLORA, repetindo as palavras de um filósofo mexicano:..." Daqui a pouco, vão existir dois tipos de pessoas: os mais rápidos e os mais lentos". principalmente nessa área. A tecnologia vem para ajudar o paisagista a ser mais rápido e mais exato.
AuE Soluções: O senhor acha que a profissão de paisagista deveria ser regulamentada?
Gustaaf: São mais de 400 profissões aguardando reconhecimento e regulamentação. Paisagismo é apenas mais um deles. E no andar da carroça, deve ser uma das últimas prioridades, já que para alguns, essa discussão está encerrada.
Para conferir outra entrevista de Gustaaf Winters na reveista AuE Soluções entrevista
Veja abaixo alguns projetos de Gustaaf Winters publicados em nosso site:
Projeto:
Entrevista com autor:
Data de publicação: 09/05/2005
Projeto:
Entrevista com autor:
Data de publicação: 28/09/2007
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