Insetos aliados: os guardiões naturais do seu jardim

Autor: Brenda de Melo Esteves - Data: 01/09/2025

Quando pensamos em insetos no jardim, logo vêm à mente pragas que destroem folhas, flores e hortaliças. Mas nem todos são vilões: existe um exército de pequenos aliados que trabalham dia e noite para manter o equilíbrio do ecossistema. Eles controlam pragas, polinizam e ajudam suas plantas a crescer mais fortes e saudáveis. Descubra quem são esses “jardineiros invisíveis” e como atrair cada um deles para o seu espaço verde.

O vilão do jardim: o pulgão
Pequeno, mas perigoso, o pulgão (Aphididae) é uma das pragas mais comuns em jardins e hortas. Com apenas 1 a 3 mm de tamanho, ele vive em colônias e se alimenta sugando a seiva das plantas.
Os sintomas são fáceis de perceber: folhas enroladas, brotos enfraquecidos e até um pó preto conhecido como fumagina, que aparece porque o pulgão excreta uma substância adocicada chamada honeydew. Além disso, pode transmitir doenças entre as plantas.
Mas não é preciso entrar em desespero: justamente contra o pulgão entram em ação os aliados do jardim — joaninhas, crisopídeos, moscas sirfídeos, vespas parasitoides e muitos outros.
Onde há pulgão, há oportunidade para os aliados mostrarem seu poder!

Abelhas: polinizadoras indispensáveis
Nenhum inseto é mais importante para a vida das plantas do que as abelhas. Elas garantem a polinização de flores, frutas e hortaliças, aumentando a produtividade do jardim e trazendo vida ao espaço.
Como atrair: plante flores ou árvores frutíferas nativas, ofereça água e evite agrotóxicos. Abelhas nativas sem ferrão são ótimas companheiras.

Crisopídeos: os leões em miniatura
Conhecidos como lacewings, esses insetos verdes delicados escondem uma arma poderosa: suas larvas, chamadas de “leões dos pulgões”. Elas atacam pulgões, moscas-brancas, cochonilhas e tripes.
Como atrair: flores pequenas e aromáticas, como ervas (endro, funcho, camomila), são irresistíveis para eles.

Moscas sirfídeas: polinizadoras discretas
Muitas vezes confundidas com abelhas por causa das cores, as moscas sirfídeas desempenham dupla função: os adultos polinizam, enquanto as larvas se alimentam de pragas como pulgões.
Como atrair: cultive flores como calêndulas, margaridas e coentro.

Besouros carabídeos: vigilantes noturnos
Durante a noite, esses besouros patrulham o jardim em busca de larvas, caracóis e lesmas. São aliados silenciosos e eficazes, especialmente em hortas.
Como atrair: mantenha áreas com pedras, folhas secas e cobertura vegetal no solo.

Louva-a-deus: os guardiões do jardim
Com seu aspecto imponente, o louva-a-deus é um predador generalista. Ele se alimenta de grilos, gafanhotos, moscas e lagartas, ajudando a controlar surtos de pragas.
Como atrair: arbustos e gramados altos oferecem abrigo. Evite eliminar ovos durante a poda.

Joaninhas: as devoradoras de pulgões
As simpáticas joaninhas são predadoras vorazes. Um único adulto pode comer até 50 pulgões por dia, e suas larvas chegam a devorar centenas em poucas semanas. Além dos pulgões, também se alimentam de cochonilhas e ácaros.
Como atrair: plante coentro, camomila, endro, salsa, cosmos e margaridas. Evite pesticidas.

Vespas parasitóides: caçadoras invisíveis
Essas vespas não vivem de açúcar ou néctar: elas depositam ovos dentro de larvas e ovos de pragas, eliminando-as de forma natural. São invisíveis ao olho desatento, mas essenciais no controle biológico.
Como atrair: flores simples, como coentro e erva-doce, fornecem néctar para os adultos.

Libélulas: caçadoras do ar
Elegantes e coloridas, as libélulas caçam mosquitos e pequenos insetos voadores em jardins próximos à água.
Como atrair: um pequeno lago ou espelho d’água ajuda a manter populações estáveis.

Aranhas: tecelãs indispensáveis
Apesar do medo que muitas pessoas têm, as aranhas são predadoras valiosas. Suas teias capturam mosquitos, moscas e mariposas, reduzindo naturalmente a presença de pragas.
Como atrair: preserve cantos naturais do jardim, evite limpar demais e não use venenos.

Como criar um jardim amigo dos insetos aliados:

Plante espécies nativas e diversas, que floresçam em diferentes épocas do ano;

Evite pesticidas químicos — eles matam tanto pragas quanto aliados;

Mantenha refúgios naturais: folhas secas, troncos, pedras e cantos menos “arrumadinhos”;

Inclua fontes de água: uma bacia, um bebedouro ou um lago ornamental podem fazer diferença.

Conclusão
Ao cultivar um espaço verde que acolhe esses insetos, você transforma o jardim em um ecossistema equilibrado, sustentável e cheio de vida. Eles trabalham de forma silenciosa, mas os resultados são visíveis: menos pragas, plantas mais fortes e um ambiente mais vibrante. Afinal, um jardim vivo é muito mais bonito e saudável.
Além de acolher esses aliados naturais, é possível planejar de forma estratégica quais espécies cultivar e como distribuir os elementos no espaço verde. Os softwares da AuE facilitam esse processo, oferecendo um banco de plantas com informações técnicas e recursos de simulação. Assim, é possível escolher espécies que atraem polinizadores e predadores naturais de pragas, criar áreas de refúgio e até visualizar como o jardim ficará em cada estação. O resultado é um projeto que une beleza, funcionalidade e sustentabilidade, transformando o jardim em um verdadeiro ecossistema vivo.