Livro comemora centenário da ilustradora botânica Margaret Mee
Autor: Anita Cid - Data: 03/11/2009
Margaret Ursula Mee é considerada uma das mulheres mais notáveis do século 20, sendo uma das mais importantes colaboradoras e protetoras da floresta amazônica e aclamada pelos botânicos e críticos de arte do mundo inteiro pelo seu trabalho. Nascida em 1909 em Chesham na Inglaterra, estudou arte e pintura nas escolas St. Martins School of Art, Centre School of Art e Camberwell School of Art em Londres. Em 1952, mudou-se para o Brasil com o seu segundo marido, Greville, e deu aulas de arte durante 5 anos na São Paulos British school.
Mee iniciou a sua atividade como artista botânica no Instituto de Botânica, em São Paulo. Explorou as selvas brasileiras em inúmeras expedições realizadas entre 1958 e 1964 antes de se dedicar à exploração da Amazônia entre 1964 e 1988. Para executar o seu trabalho, ela recolhia algumas plantas e pintava outras nos locais onde as encontravam. As três publicações mais conhecidas do seu trabalho são "Flowers of the Brazilian Forests" (1968), "Flowers of the Amazon" (1980) e "In Search of Flowers of the Amazon Forest" (1988).
Margaret Mee ficou fascinada pela miscigenação brasileira, ao encontrar, em seu caminho, os habitantes locais, com os quais teve a oportunidade de viver por algum tempo, tornando-se amiga de muitos, com o passar dos anos. Lutou e perdeu algumas batalhas contra terríveis insetos, como o pium, por não usar luvas e redes sobre seu chapéu; mas nunca perdeu o senso de humor, mesmo após as situações mais perigosas e hostis. Nas colônias onde permanecia, visando preservar as plantas pelo maior tempo possível, cultivava pequenos jardins onde plantava as espécies, muitas das quais terminaram em centros de pesquisas de São Paulo e do Rio de Janeiro.
A artista também esteve envolvida em pesquisas no Instituto de Botânica de São Paulo, o que proporcionou a ela viagens por todo o Brasil e ampliou seus conhecimentos sobre as plantas e suas riquezas. Manifestava frequentemente seu desagrado em relação à exploração destrutiva da Floresta Amazônica, o que se transformou em uma cruzada apaixonada pela preservação do ambiente, que conquistou a admiração e o respeito de muitos, como o amigo Roberto Burle Marx.
O reconhecimento de seu trabalho chegou em forma de suporte financeiro concedido pelo governo brasileiro, pela Sociedade Geográfica Nacional e pelo Prêmio Guggenheim. Nove novas espécies de plantas registradas por Margaret Mee, anteriormente desconhecidas pela ciência, levaram seu nome em sua homenagem, incluindo a Aechmea meeana, a Sobralia margaretae e a Neoregelia margaretae.
Quando Margaret faleceu na Inglaterra, vítima de um acidente de automóvel, ela deixou 400 ilustrações em guache, 40 livros de esboços e 15 diários. Em sua honra foi fundada a "Margaret Mee Amazon Trust", organização para educação, pesquisa e conservação da flora amazonense, promovendo intercâmbio para estudantes de botânica e ilustradores de plantas, brasileiros que desejam estudar no Reino Unido ou conduzir pesquisa de campo no Brasil.
O livro "Flores da Floresta Amazônica: a arte de Margaret Mee" foi lançado em comemoração ao centenário de nascimento da artista e traz, aproximadamente, sessenta dos principais trabalhos, considerada uma das mais importantes ilustradoras botânicas do século XX. Esta edição apresenta desenhos adicionais produzidos durante suas viagens pela floresta, desde sua primeira expedição, em 1956. Os textos foram extraídos diretamente dos diários que ela mantinha durante suas extensivas - e muitas vezes solitárias - aventuras pelo Amazonas, e trazem seus comentários sobre as flores, árvores, aves e animais da região, as rotas, itinerários e plantas encontradas, bem como suas opiniões sobre a floresta tropical brasileira que desaparecia rapidamente. Vale a pena conferir!