Olhar paisagístico e botânico devem estar alinhados na escolha das plantas do seu projeto!
Autor: Matheus Leôncio e Taís da Costa Morais - Data: 30/01/2025
Há um termo muito comum quando se trata da escolha vegetativa: “paleta de plantas”. Assim como em outras áreas que exigem criatividade e inspiração, escolher as plantas que irão compor um projeto de paisagismo é uma tarefa cheia de opções. Alguns profissionais já possuem uma seleção de espécies preferidas e, em muitos casos, utilizam certas plantas como marca registrada.
A composição da paisagem pode seguir vários estilos diferentes, que variam de acordo com o gosto do cliente, o espaço disponível e o clima local. Após definir o estilo do projeto, o paisagista pode testar o volume, a massa vegetal e os elementos secos que estarão presentes no espaço e, em seguida, definirá as espécies.

É importante destacar que, antes de definir quais serão essas espécies, o profissional deve considerar a funcionalidade, a sustentabilidade, o sombreamento e a iluminação do projeto, pois esses aspectos são essenciais para a eficiência do jardim.
Quais são as características da vegetação que precisam ser analisadas ao escolher cada espécie?
Forma:
O perfil e as tendências de uma planta — ou até mesmo do próprio mercado — influenciam essa escolha.
Cada espécie possui uma forma única e, com isso, proporciona diferentes visuais. Em suma, o projetista pode compor seu projeto com as seguintes categorias vegetativas:
Arbórea: Nesse grupo estão incluídas árvores, palmeiras e espécies coníferas. São plantas com altura superior a cinco metros, com caule único que se bifurca em galhos a alguns metros acima do solo.
Arbustiva: Enquadram-se aqui plantas com altura média de até seis metros. Seu caule apresenta subdivisões acima do solo e é tão resistente quanto o das árvores.
Herbáceas: Caracterizam-se por ter caule não lenhoso, com altura geralmente inferior a um metro. Apresentam grande quantidade de ramificações, muitas vezes especializadas na produção de flores.
Outras tipologias incluem as trepadeiras e as epífitas:
As trepadeiras podem ter caule lenhoso ou herbáceo, e se projetam sobre estruturas e muros.
As epífitas são geralmente herbáceas e têm como característica o uso de outras plantas como suporte, sem se fixar diretamente ao solo.

Tamanho:
Refere-se à altura e à dimensão que irão compor o volume vegetativo escolhido.
Árvores, por terem estrutura mais alta, geralmente são as primeiras a ser projetadas. Com o sombreamento gerado pela copa, pode-se definir as outras camadas do jardim: arbustos e, por fim, herbáceas.
Textura:
Cada folha, caule e galho pode apresentar diferentes texturas: liso, lenhoso, com espinhos, aveludado, rugoso, brilhante ou opaco.
A escolha da textura está relacionada ao movimento da composição, ao contraste, à leveza e ao estilo do projeto. É importante lembrar que essas combinações devem considerar também a arquitetura e os elementos secos, como mobiliários.

Cor:
As cores das flores, folhas, cascas e forrações devem ser consideradas na última etapa do projeto.
A escolha varia conforme o estilo do cliente e a proposta do projeto. Cores quentes transmitem energia e dinamismo, enquanto cores frias remetem à suavidade e tranquilidade. Para uma combinação mais técnica, utiliza-se o círculo cromático como referência.
Solo:
O solo pode apresentar diversas características (veja os exemplos). Cada espécie possui preferências e restrições quanto ao tipo de solo.
Compreender essas características permite um melhor aproveitamento das potencialidades do terreno, resultando em uma plantação bonita e saudável.
Características importantes do solo:
Nutrientes: Um solo rico em nutrientes, como fósforo, nitrogênio e potássio, contribui significativamente para o sucesso do plantio.
pH: O pH do solo deve ser adequado à espécie cultivada. Embora não seja uma regra, a maioria das plantas prefere solos neutros ou ligeiramente ácidos.
Umidade e Clima:
Cada espécie vegetal apresenta características específicas adaptadas às condições climáticas de sua região de origem.
Por exemplo, plantas tropicais tendem a preferir climas quentes e úmidos, enquanto plantas desérticas se adaptam melhor a climas secos e quentes.
O clima interfere na vegetação por meio da temperatura, umidade do ar, precipitação, radiação solar e ventos. A relação entre clima e vegetação é fundamental, pois o clima determina quais tipos de plantas se desenvolvem em cada região do mundo.
Microclima:
Segundo o Ministério de Minas e Energia, o microclima é uma área pequena onde as condições atmosféricas diferem da zona ao redor. Em outras palavras, trata-se de um fenômeno que ocorre na camada de ar próxima à plantação ou ao solo, influenciado por barreiras geomorfológicas, vegetação, corpos d’água e construções humanas.
O microclima tem papel fundamental no equilíbrio dos ecossistemas. Ele influencia a vegetação e até mesmo os microrganismos presentes no solo, regulando seu desenvolvimento, sobrevivência e funções. Fatores como radiação solar, temperatura e umidade afetam diretamente os ciclos bioquímicos.

Concluir um projeto paisagístico vai muito além da escolha estética das plantas. É um processo que exige sensibilidade, conhecimento técnico e integração entre o olhar botânico e o paisagístico. Considerar fatores como forma, textura, cor, solo, clima e microclima é essencial para criar composições equilibradas, sustentáveis e funcionais. Ao unir criatividade e ciência, o paisagista contribui para ambientes mais saudáveis, belos e harmoniosos, que dialogam com a natureza e com as necessidades humanas.
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