Reserva de Mata Atlântica: Patrimônio Natural Mundial
Autor: Regina Motta - Data: 06/08/2014
Áreas Protegidas
Região entre São Paulo e Paraná também é reconhecida como Reserva da Biosfera pela Unesco por seus bens étnico-culturais O trecho da Mata Atlântica que se inicia na Serra da Jureia (Iguape - SP) e vai até a Ilha do Mel (Paranaguá - PR) foi declarado Reserva da Biosfera, pela Unesco, em 1991. Localizada entre as latitudes de 24º 10 e 25º 40 Sul e as longitudes 46º 50 e 48º 44 Oeste, a área, cuja altitude varia de 0 a 1,4 mil metros, também recebeu o título de sítio ido Patrimônio Natural Mundial da organização, em 1999.
Os Sítios do Patrimônio Mundial Natural protegem áreas consideradas excepcionais do ponto de vista da diversidade biológica e da paisagem. Neles, a proteção ao ambiente, do patrimônio arqueológico, o respeito à diversidade cultural e às populações tradicionais são objeto de atenção especial. Os Sítios geram, além de benefícios à natureza, uma importante fonte de renda oriunda do desenvolvimento do ecoturismo.
Histórico
A Mata Atlântica, que se estendia por 17 estados brasileiros, correspondia a aproximadamente 1,3 milhão de quilômetros quadrados ou 15% do território nacional. Após 500 anos de ocupação, a área ficou reduzida a 95 mil quilômetros quadrados, ou seja, 7,3% da original.
Logo depois do descobrimento, iniciou-se à exploração intensiva e desordenada da floresta, sendo que o pau-brasil foi o principal alvo de extração e exportação dos exploradores que colonizaram a região. O primeiro contrato comercial para a exploração do pau-brasil foi feito em 1502, o que levou o Brasil a ser conhecido como Terra Brasilis, ligando o nome do país à exploração dessa madeira avermelhada como brasa. Outras madeiras de valor também foram extraídas até a quase extinção: tapinhoã, sucupira, canela, canjarana, jacarandá, araribá, pequi, jenipaparana, peroba, urucurana e vinhático.
No Nordeste brasileiro, a extinção quase total da vegetação, deve-se principalmente a monocultura da cana-de-açúcar, o que agravou as condições de sobrevivência da população, causando pobreza e êxodo rural.
Na região Sudeste, a cultura do café foi a principal responsável pela destruição da vegetação nativa, restando uma área muito pequena para a preservação de espécies, algumas em risco devido à poluição ocasionada pela emissão industrial de agentes nocivos.
Na região Sul, a exploração predatória da Mata Atlântica devastou o ecossistema da floresta de Araucárias devido ao valor comercial da madeira extraída dos pinheiros. A paisagem é caracterizada por montanhas isoladas e rios em vales profundos. O relevo é acidentado, com escarpas que, por serem paralelas à costa do oceano Atlântico, recebem o nome de Serra do Mar.
As áreas remanescentes da Mata Atlântica, localizadas nas serras do Mar e da Mantiqueira, caracterizam-se pela vegetação exuberante, com acentuado higrofitismo. As florestas atlânticas, ecossistemas que apresentam árvores com folhas largas e perenes, com exemplares que chegam a atingir 50 metros de altura, e grande diversidade de briófitas, cipós e epífitas, como bromélias e orquídeas.
A fauna endêmica é formada principalmente por anfíbios, mamíferos e aves das mais diversas espécies. A vida é muito intensa no estrato alto, nas copas das árvores, que se tocam formando uma camada contínua. Essa cobertura gera uma região de sombra que, por sua vez, cria o microclima típico da mata, sempre úmido e sombreado. Dessa forma, há uma estratificação da vegetação, criando diferentes habitats para a diversificada fauna.
Biodiversidade
A biodiversidade da Mata Atlântica é semelhante à da Amazônia, havendo subdivisões do bioma em diversos ecossistemas devido a variações de latitude e altitude. São 250 espécies de mamíferos, 1020 de pássaros, 197 de répteis, 340 de anfíbios e 350 de peixes que integram até hoje o bioma, sem contar os insetos, e demais invertebrados, e, ainda, as espécies não descobertas pela ciência que podem habitar os trechos intactos de floresta.
Outro número impressionante da fauna da Mata Atlântica refere-se ao endemismo: das 1.711 espécies de vertebrados que ali vivem, 700 são endêmicos, sendo 55 de mamíferos, 188 de aves, 60 de répteis, 90 de anfíbios e 133 de peixes. Essas características a tornam o ecossistema bioma de maior biodiversidade na face da Terra. Por outro lado, em um bioma reduzido a cerca de 7% de sua cobertura original, é inevitável que a diversidade faunística esteja pressionada pelas atividades humanas. De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a Mata Atlântica abriga hoje 383 dos 633 animais ameaçados de extinção no Brasil.
Onça pintada - fauna da Mata Atlântica
Reserva da Biosfera
A inclusão da Mata Atlântica na Reserva da Biosfera pela Unesco tem por objetivo estimular a preservação das florestas primárias e garantir a existência do seu patrimônio étnico e cultural, representado especialmente, pelas comunidades indígenas que habitam o entorno da área protegida. Essas comunidades convivem, há séculos, em plena harmonia com o meio ambiente, servindo-se deste sem destruí-lo.
Seus conhecimentos sobre madeiras e plantas medicinais, técnicas artesanais e manifestações rituais e artísticas, que dependem dos recursos naturais, ficarão ameaçados se estes desaparecerem.
Fonte: Reserva de Mata Atlântica é sítio do Patrimônio Natural Mundial
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