Tribos Brasileiras desistem dos Jogos Mundiais dos Povos Índígenas
Autor: Regina Motta - Data: 19/10/2015
A cidade de Palmas, no Tocantins, está em fase final de preparação para receber os Jogos Mundiais dos Povos Indígenas (JMPI). A competição foi lançada em junho pela presidenta Dilma Rousseff, em Brasília, e está em fase final de montagem das estruturas para receber os atletas.
O evento ocorre entre os dias 23 de outubro e 1º de novembro e vai reunir 23 povos nacionais e grupos indígenas de 22 países.
Para a realização dos jogos, o ministério do esporte firmou um acordo de cooperação técnica com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) para o investimento de até US$ 13 milhões. Com a prefeitura de Palmas, o ministério firmou um convênio para investir R$ 4,2 milhões.
A principal estrutura para a prática das modalidades é a Arena Verde, que concentrará grande parte das modalidades e tem capacidade para cerca de 10 mil pessoas.
Mas os jogos vão além do esporte e será uma oportunidade de troca cultural entre todos os participantes. Para isso, foram criadas a Oca da Sabedoria, a Feira de Artes Indígenas e a Feira da Agricultura. Esses espaços receberão comércio de artesanato e alimentação indígena, além de contar com apresentações culturais, palestras e debates.
A cidade espera receber cerca de 2 mil atletas indígenas do Brasil e do exterior. As etnias nacionais ficarão alojadas na Aldeia Okara, formada por 24 ocas. Já os indígenas estrangeiros serão acomodados em escolas de tempo integral da cidade. Segundo a secretaria municipal criada especificamente para tratar dos jogos, são esperados 10 mil turistas nas duas semanas de jogos.
Para ajudar os turistas nos deslocamentos em Palmas, a organização dos jogos criou o aplicativo para celular JMPI Guia Tocantins, disponível gratuitamente na Google Play e na Apple Store. O aplicativo mostra a localização de pontos importantes da cidade. Além disso, a organização dos jogos treinou 350 voluntários para trabalhar no evento.
Desistências
Depois da decisão das etnias Kraô e Apinajé de se recusarem a participar dos jogos, foi a vez de os guaranis-kaiowás desistirem da competição. As justificativas são as críticas à política do governo sobre a demarcação de terras e a presença da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu, no processo de organização do evento.
| "Enquanto o Brasil joga com o agronegócio e promove jogos para "gringo ver", nossas terras têm seus estudos e processos de demarcação paralisados e são revisadas, diminuídas e suspensas pelo Executivo, Legislativo e Judiciário", diz um trecho da Moção de Repúdio dos guaranis-Kaiowás. "O único jogo que jogaremos será o de recuperar os nossos territórios", acrescenta a nota. | | |
Fonte:
http://meioambienterio.com/2015/10/10111/palmas-esta-em-fase-final-de-preparacao-para-receber-jogos-mundiais-indigenas.html#
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