Jardim Quinta das Lágrimas - 7 Séculos de História
Autor: Cristina Castel-Branco - Data: 07/11/2011
nos jardins da Quinta das Lágrimas acumulam-se memórias desde o século XIV, tanto nos elementos construidos como nas suas arvores, nas suas lendas populares e na sua verdadeira história. O documento mais antigo onde a Quinta é referida data de1326, ano em que a Rainha Santa Isabel mandou fazer um canal para levar a água de duas nascentes para o Convento de Santa Clara. Ao sítio de onde saia a água chamou-se "Fonte dos Amores", por ter presenciado a paixão de D. Pedro, neto da Rainha Santa, por Inês de Castro.
Jardim Quinta das Lágrimas
A outra fonte da Quinta foi baptizada por Camões de "Fonte das Lágrimas", por ter nascido das lágrimas que Inês chorou ao ser assassinada. O sangue de Inês terá ficado preso às rochas do leito, ainda vermelhas depois de 650 anos... "Lágrimas são a água e o nome amores", escreveu Camões nos "Lusíadas". Em 1650 a Quinta foi murada, fizeram-se caminhos e muros que suportam a terra e as árvores da mata e construiu-se o grande tanque que recebia a água da Fonte das Lágrimas e a encaminhava, através de um canal, para alimentar as mós do grande lagar onde se fazia muito e bom azeite.
Jardim Quinta das Lágrimas
Em 1813, o Duque de Wellington esteve na Quinta das Lágrimas a convite do seu ajudante de campo, António Maria Osório Cabral de Castro, dono da Quinta e antepassado dos actuais proprietários. Para festejar foram plantadas duas Wellingtonias (Sequoia gigantea) e ergueu-se uma lápide com a célebre estrofe dos "Lusíadas" que situa a história de Pedro e Inês na Quinta. Miguel, filho de António, manda construir (por volta de 1850) um jardim romântico, com lagos serpenteantes e árvores exóticas e raras, às quais o micro-clima da Quinta deu um porte impressionante passados dois séculos.
Jardim Quinta das Lágrimas
Seu sobrinho, D. Duarte de Alarcão Velasquez Sarmento Osório, bisavô dos actuais proprietários, constrói junto à entrada da mina mandada fazer pela Rainha Santa uma porta em arco e uma janela neo-góticas, que dão acesso ao mundo misterioso da mata da Quinta. O século XIX testemunhou várias visitas reais, desde o Imperador do Brasil ao Rei D. Miguel de Portugal. Em 1995 foi inaugurado o Hotel Quinta das Lágrimas, membro da famosa cadeia Relais & Chateaux e considerado um dos melhores de Portugal.
Jardim Quinta das Lágrimas
Em 2004 Gonçalo Byrne (Grande Prémio da Academia de Belas Artes de Paris), desenhou uma nova ala de com um centro de reuniões e um spa. Em 2006 a Arq.Paisg. Cristina Castel-Branco inicia o restauro dos jardins, doados à Fundação Inês de Castro. É recriado um jardim medieval, restaurados os muros da mata, os canais dos Amores e das Lágrimas, são plantadas cortinas de vegetação, uma alameda de sequóias, e um jardim japonês dentro do Hotel, e é construido o anfiteatro Colina de Camões (Primeiro prémio Nacional de arquitectura Paisagista 2008). Estes elementos, da Fonte dos Amores à colina de Camões, encontram-se no seu sítio original, autênticos e íntegros.
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