As transformações de Miranda Magnoli no ensino de paisagismo
Autor: Jéssica de Souza - Data: 15/03/2022
No mês das mulheres a Revista AuE Paisagismo Digital traz a história de uma arquiteta paisagista que foi referência no cenário do ensino de paisagismo: Miranda Magnoli.
Vinda de uma época em que as mulheres eram ensinadas sobre a importância de ser uma boa esposa, saber cozinhar, tocar piano e bordar, Miranda teve o privilégio de estar em uma família que a incentivou aos estudos para buscar uma profissão. A escolha da arquitetura foi através do irmão mais velho, que cursou engenharia e levava para ela livros de Giò Poti, Bruno Zevi.
Em 1951 entrou para a FAU/USP e foi no 5° período da graduação que teve o primeiro contato com o paisagismo através da inclusão da cadeira ministrada por Roberto Coelho Cardozo. Formou-se em 1955 e chegou a trabalhar diretamente com Cardozo e Abelardo de Souza, mas queria mesmo era seguir para o urbanismo. Por um período, a carreira da arquiteta foi de muita batalha, ajudou seu irmão com a construção de algumas casas pois estava sem emprego, passou em um concurso da prefeitura o qual foi demitida por causa das troca de gestão, mudou-se para Porto Alegre e tentou atuar com o urbanismo local, voltou para São Paulo, mas em nenhum momento deixou de lutar pela sua paixão. E foi através de um convite de Abelardo para lecionar na USP, em 1971, que ela iniciou as transformações que viria a fazer no ensino da faculdade de arquitetura e que consequentemente mudaram a forma de pensar o urbanismo e as transformações que o paisagismo podem causar nas cidades.
Como primeira ação, implementou o estudo do espaço público, mesmo o mercado sendo maioria de projetos privados. Esse foco era antigo, vindo dos primeiros arquitetos que lecionaram no início da faculdade e que estavam acostumados com esse tipo de mercado de trabalho.
“Nós temos que fazer o mercado.” - Miranda Magnoli
Através desta fala ela começou as mudanças na grade do curso. Atuou por um tempo à frente do grupo das disciplinas de Planejamento para poder futuramente criar um grupo de disciplinas de paisagismo, visto que antes ele estava atrelado ao planejamento e era deixado em segundo plano. O paisagismo deixou de ser visto como “apenas criar jardins” para algo mais amplo como “espaços livres de edificação e de urbanização”, foram contratados profissionais para atuarem como professores em novas disciplinas (projetos e parques, paisagismo na cidade, planejamento da paisagem) além de serem inseridos a especialização e pós-graduação e pesquisas para aqueles arquitetos que quisessem se aprofundar mais na área.
Miranda Magnoli preparou e consolidou o caminho para os futuros arquitetos paisagistas, transformando o cenário do paisagismo no Brasil, tanto no ensino dentro das universidades, quanto no entendimento da importância da área.
Faleceu em Julho de 2017.
Referência:
PAISAGEM E AMBIENTE: ensaios Especial Miranda Magnoli. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo: Universidade de São Paulo, 1986-2006. Anual. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/paam/issue/view/3333/952. Acesso em: 15 mar. 2022.
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