Carol Costa e o universo Minhas Plantas
Autor: Jéssica de Souza - Data: 17/03/2022
Março é um mês dedicado às mulheres e para homenageá-las a Revista Paisagismo Digital conversou com uma mulher que tem sido referência nas redes quando o assunto são plantas: Carol Costa.
Como o papo foi recheado de informações, vamos dividir todo este conteúdo em duas partes. Neste mês vamos começar contando sobre a trajetória da Carol, as mudanças que ocorreram em sua vida e que fizeram com que ela se tornasse jardineira, empresária, youtuber, colunista, enfim, como ela mesma diz:
“(...) trabalho em várias frentes. Como uma árvore cheia de ramos”.
Logo após, iremos entrar no universo do Minhas Plantas para entender um pouco desse sucesso todo e tudo o que faz parte da empresa. Por fim, vamos falar sobre o protagonismo da mulher dentro do perfil de público que se relaciona com plantas.
De jornalista à jardineira
Carol sempre gostou de se comunicar e por isso decidiu cursar jornalismo. Trabalhou em empresas como Abril, Globo, Folha de São Paulo, Record e colocou em prática todo o conhecimento que aprendeu durante a graduação. Com muita dedicação adquiriu mais conhecimentos com a prática e isso lhe trouxe 5 prêmios como editora. Mas mesmo com esse sucesso ela sentiu que faltava algo em sua vida:
“(...)eu acho que é como se o jornalismo tivesse morrido dentro de mim. Ele foi se esvaziando com o tempo, a sensação de que eu estava falando para ninguém, a sensação que eu estava falando de temas que não eram do meu interesse. (...) quando eu me fiz a pergunta de que o que eu gostava de fazer, do que me fazia bem, me surgiu uma resposta muito curiosa: ‘eu quero mexer com planta’.”
Mas engana-se quem pensa que a idéia surgiu na cabeça dela de uma hora para outra. O contato com a natureza sempre esteve presente, desde a época da infância em que morou no interior onde sua mãe tinha plantas no quintal de casa, e as visitas ao sítio do avô; até quando foi para a faculdade de jornalismo e ganhava mudinhas de plantas da mãe. Cuidando das plantas foi adquirindo algumas percepções, sabendo quais precisavam de mais água, menos água, o interesse foi aumentando e isso se tornou um hobbie na sua vida.
Ao virar a chave e fazer essa mudança em sua vida, ela precisou buscar conhecimentos além daqueles básicos que tinha e foi atrás de fazer cursos de jardinagem, paisagismo, de gestão, tudo com o objetivo de trabalhar com plantas.
“Este início é de bateção de cabeça para todo mundo. Você mesmo não sabe o que quer, então é muito complicado se colocar no mercado de trabalho. O que eu sabia era só o que eu não queria, eu não queria trabalhar como paisagista e como florista. Dentro deste universo a jardinagem era o que mais me encantava.”
E não era somente a jardinagem em si que ela buscava, o plantar, fazer manutenção de jardins; ela queria algo a mais, conectar suas duas paixões: comunicação e plantas. Então deu início ao site Minhas Plantas com o objetivo de instruir as pessoas através de matérias e aulas. Contratou uma equipe, alugou uma sala de coworking e mesmo com todo esse planejamento ela não entendia o motivo de as coisas não estarem dando certo, ficava muito tempo em frente ao computador e pouco tinha o contato real com a natureza, entre outros problemas. Ainda precisava acertar alguns pontos para que ela se sentisse bem com o que estava fazendo. Então remodelou novamente as suas ações para que conseguisse chegar ao que é hoje e ter este contato com as plantas e com o público.
O universo do Minhas Plantas
Site Minhas Plantas
Hoje o Minhas Plantas é uma empresa que traz diversas informações de forma gratuita através das redes e mídias sociais site, facebook, instagram e youtube; além de conteúdos exclusivos (mais didáticos e completos) presentes através de cursos online no Universidade Minhas Plantas.
O sucesso se reflete nos números do público que acessa seu conteúdo: são mais de 1 milhão e 600 mil inscritos no Youtube, 722 mil seguidores no Instagram, 219 mil curtidas no Facebook e 30 mil alunos cursos online. Muito disso é relacionado à forma como a Carol entende e se relaciona com os seguidores:
“a gente tem pessoas de diversos tipos. É muito importante que a gente saiba com quem a gente fala para poder adequar a linguagem, e este é o maior mérito que o jornalismo me deu na minha atual jornada. (...) sacar eventualmente depois de muita bateção de cabeça que não adianta dizer ‘sol pleno’, tem que dizer 8h de sol na folha. Eu vou pecar pelo tamanho da frase, mas eu não peco pelo não entendimento do que eu estou dizendo. Precisamos ir além dos termos técnicos que os livros popularizaram.”
E é isso que faz com que o conteúdo atraia todos os públicos, a linguagem simples, com detalhes descomplicados, e que faz com que qualquer pessoa consiga entender o que precisa ser feito para que sua planta fique sempre bonita. Outra atenção que a Carol faz questão de manter é o contato com o público, mesmo com a correria do dia-a-dia, pois sabe que é essa troca que faz com que o leitor se sinta importante e é essa proximidade mais íntima que faz com que ele permaneça. Isso auxilia também a conhecer o tipo de audiência que está alcançando, as dúvidas do momento que podem virar pautas para vídeos e cursos, e como se comunicar com cada público em específico (leigos, decoradores, jardineiros, paisagistas, biólogos, agrônomos).
As mulheres como protagonistas
Sabendo as diversidades que possuem o seu público, a Carol faz a divisão de um jeito bem interessante! Isso porque ela não usa essa separação por categorias mecanizadas como idade, interesse, sexo; ela novamente traz essa linguagem de proximidade tratando os grupos com nomes de pessoas reais! Faz com que a pessoa se identifique com aquele personagem, afinal, é muito melhor você pensar “Eu sou uma Manu”, do que “Eu sou categoria do sexo feminino, faixa etária 25/35 anos”.
Ao reunir esses públicos podemos contar a história de uma família:
A Dona Leonor é uma mulher acima dos 55 anos, que mora em uma casa com quintal, já planta suas flores no canteiro a um tempo, mais segura e sabe o que funciona ou não no seu jardim. Já o Seu Fonseca seria o marido da Dona Leonor, um homem mais velho e que gosta de cuidar do seu gramado, podar sua cerca-viva, trabalhar com árvores frutíferas e, devido às suas preferências, acaba utilizando ferramentas mais pesadas como motosserras e roçadeiras. A Mãe da Manu, que ainda está em processo de criação de nome, é filha da Dona Leonor e do Seu Fonseca, está passando por uma crise, em transição de carreira, deixando o trabalho que a sobrecarrega demais e mudando para o ramo de plantas sendo, por exemplo, paisagista. E a Manu é uma mulher margeando os 30 anos, mora em apartamento, trabalha muito, sem filho ou com filho pequeno, cachorro de pequeno porte, gosta mais de folhagens, busca as plantas no pinterest, ainda não tem muita experiência, a “mãe de planta” de primeira viagem. Por fim temos o Dani, irmão adolescente da Manu e que começou a cuidar de plantas recentemente, durante a pandemia, como forma de se sentir bem mentalmente, buscar um refúgio.
Relacionando a quantidade de pessoas aos perfis correspondentes, temos uma maioria de mulheres dentro do universo das plantas, cerca de 80% se enquadra dentro das Manus e Donas Leonores. E elas estão revolucionando a forma de trabalhar em seus jardins e se tornando empresárias no mercado de plantas.
“nos últimos anos a gente viu um aumento de ferramentas motorizadas à bateria, e aí as mulheres se empoderaram e hoje a gente tem também demanda de um público jovem e feminino, especialmente quando elas me veem usando motosserra, uma perfuradora de solo.”
Essa história de sexo frágil nao combina mais com as mulheres, elas estão realmente colocando a mão na massa e pegando no pesado. E essa força também está se refletindo na atuação delas nos diversos ramos de carreira que englobam plantas, são mulheres que trabalham com consultorias online, paisagismo, atelier botânico, possuem uma loja de planta, participam de feiras para vender kokedamas e terrários.
O mundo está repleto de mulheres inspiradoras e que estão se conectando cada vez mais com a natureza e sentindo o poder de transformação que trabalhar com as plantas pode causar no indivíduo e na sociedade como um todo. Para Carol essa figura feminina é a engenheira agrônoma Ana Maria Primavesi:
”Ana Maria Primavesi será sempre a minha mestra máxima”
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No próximo mês teremos a segunda parte dessa entrevista com foco no cenário pós pandemia do setor, a importância do ensino de plantas e sobre a relação jardineiros e paisagistas. Já anote na agenda para não perder!
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Conheça mais sobre o trabalho da Carol Costa nas suas redes sociais:
Site: Minhas Plantas
Facebook: Minhas Plantas
Instagram: @minhasplantas
Youtube: Minhas Plantas
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