Como a arquitetura paisagística pode minimizar os efeitos das mudanças climáticas
Autor: Taís da Costa Morais - Data: 18/11/2024
Vimos ao longo deste ano que falar sobre alternativas que mitigam as alterações climáticas é de extrema importância para nossa sobrevivência.
De acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas), as concentrações de gases de efeito estufa estão nos níveis mais elevados em 2 milhões de anos. E ainda de acordo com a organização, os resultados da crise climática não impactam somente na elevação da temperatura, mas em secas intensas, declínio da diversidade, derretimento do gelo polar, incêndios severos, aumento no nível do mar, inundações e tempestades catastróficas.
Ações governamentais, indústrias e tecnologias sustentáveis são aliadas no tratamento desse assunto. Há muito "do verde" a ser explorado e incorporado para preservar o meio em que vivemos, o que, em contrapartida, reflete diretamente em tudo o que pudemos acompanhar nos noticiários deste ano.
O paisagismo é uma forma de combater o aceleramento desse processo, mas é certo afirmar que há muito mais a ser feito, especialmente no que diz respeito à mudança da nossa educação e entendimento sobre o tema.
As plantas, por si só, são naturalmente capazes de diminuir os níveis de gás carbônico na atmosfera, por meio da fotossíntese, reduzindo a quantidade de gases que intensificam o efeito estufa. Com isso, um projeto de paisagismo bem planejado pode potencializar essa troca, o que, consequentemente, eleva a qualidade do ar e proporciona uma melhor qualidade de vida.
Por isso, desde a pandemia, temos observado um aumento no número de projetos de paisagismo, uma vez que a população entende que apenas a massa vegetativa é capaz de proporcionar a sensação de "vitalidade, saúde, ar puro" - algumas espécies podem ser destacadas pelo uso medicinal, e aromas que propiciam sensações no corpo humano.
Áreas urbanas, como as cidades, tendem naturalmente a sofrer com temperaturas mais elevadas devido ao grande número de superfícies impermeáveis que retêm calor, como o asfalto, por exemplo. Uma boa forma de tornar as cidades mais verdes e respiráveis são:
Incorporar nos projetos o uso de jardins verticais, terraço-jardim.Revitalização de áreas abandonadas.Criação de pequenas ilhas verdes (aumentando o sombreamento e o nível de umidade do ar, liberada por meio da evapotranspiração).
Há outras tecnologias e métodos construtivos que podem ser agregados a um bom projeto de paisagismo:
O uso de placas fotovoltaicas nos empreendimentos.Irrigação inteligente (que contribuirá para o consumo eficiente da água).Criação de jardins de chuva, com captadores de água pluvial.Uso de materiais naturais, como madeira de reflorestamento, terra encontrada no próprio local da construção, bambu e materiais renováveis.Plantas nativas, criando ecossistemas locais.
Sobre o uso de plantas nativas, há uma série de benefícios: redução do custo logístico, economia no consumo de água e menor necessidade de manutenção, além do aumento da biodiversidade. A diversidade de plantas pode atrair novas espécies de insetos, pássaros e outros animais, fortalecendo o ecossistema.
Em escala arquitetônica, é importante mencionar o percurso da água ao longo de uma construção e os cuidados com a terraplanagem, agregando uma visão ecológica, funcional e estética ao corte. É possível, por meio de estudos, identificar qual área é mais rica em nutrientes, o potencial de erosão e a massa de vegetação invasora que deve ser substituída por espécies nativas, minimizando, assim, os efeitos climáticos de forma micro.
Outra prática que cresce atualmente é o incentivo à criação de hortas nos projetos, principalmente de cunho residencial. Além de ser extremamente funcional, essa técnica aproxima ainda mais o ser humano do paisagismo do contato com o natural, gerando a sensação de pertencimento - conscientizando-o sobre a importância de ter hábitos sustentáveis em prol da humanidade e das futuras gerações.
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