Conheça a Paisagista e Artista Plástica Eliana Azevedo, Presidente da ANP.
Autor: Milayne Ferraz - Data: 13/10/2020
A Revista AuE Paisagismo sempre apresentando os paisagistas e demais profissionais da área de paisagismo, plantas e meio ambiente, te presenteia no mês do paisagista com a entrevista da Paisagista e Artista Plástica Eliana Azevedo, presidente da Associação Nacional de Paisagismo, a ANP.
Auepaisagismo: Fale um pouco sobre sua carreira e como chegou a Presidência da ANP.
Paisagista e Artista Plástica Eliana Azevedo: Comecei a trabalhar com paisagismo em 1986, logo após voltar de Milão, Itália onde estudei e estagiei no escritório AG&P – greenscape – de Emanuelle Bortolotti e Paolo Villa.
Foi uma experiência muito interessante! Aprendi muito, inclusive a valorizar a nossa flora, que os europeus no geral apreciam tanto. Nessa época, sinto que foi semeado em mim o interesse extremo pela ecologia, por paisagens harmoniosas, por nossas paisagens. O interesse pela função ambiental do paisagismo só fez crescer com o passar do tempo.
Assim que cheguei ao Brasil fundei a Green House paisagismo, e ao longo desses anos fizemos vários projetos, com destaque para a casa de praia do cineasta Hector Babenco, Háras Carandá, Coudelaria Rocas do Vouga, Botanic Gourmand Hotel – este último em parceria com o paisagista inglês John Brookes.
Sempre considerei muito importante reciclar os conhecimentos e assim fiz vários cursos, desde Botânica – USP (ouvinte), Geo design na PENN State University e mais recentemente Especialização – MBA em Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável na UNINTER.
Em 1995, como resultado da insatisfação de vários paisagistas em relação à falta de reconhecimento da profissão, a falta de base acadêmica específica para o bom desenvolvimento do profissional, foi feita uma reunião muito importante na casa do Marcelo Faisal. Foi nessa reunião que decidimos fundar a ANP – Associação Nacional de Paisagismo, com o propósito primeiro de regulamentar a profissão de paisagista, difundir a importância da profissão e criar as melhores condições para o desenvolvimento pleno do profissional no Brasil.
Em junho de 1995 a ANP foi fundada e eu estava lá junto com cerca de 200 paisagistas dentre eles Marcelo Faisal, Gilberto Elkis, Raul Canovas, Osvaldo Policarpo Jr, Celso Bergamasco e Maria Lucia Alalou.
Minha aproximação da diretoria da ANP aconteceu em 1998 quando Anna Maria Cavallari – presidente na época – me convidou para ser diretora de marketing.
Em 2008 fui eleita presidente da ANP, e em agosto de 2011, pelas mãos do deputado federal Ricardo Izar, foi criado o PL2043/11 que visa a Regulamentação da Profissão de Paisagista no Brasil.
Auepaisagismo: Qual a posição da ANP sobre a regulamentação da profissão do Paisagista?
Paisagista e Artista Plástica Eliana Azevedo: A ANP iniciou o processo pela regulamentação da profissão de paisagista, somos portanto totalmente favoráveis, essa é a nossa causa primeira. Vou além, penso ser extremamente prejudicial ao Brasil o fato de ainda não termos a profissão regulamentada.
No meu primeiro mandato percebi que precisávamos crescer enquanto instituição e sermos reconhecidos no Brasil e Internacionalmente. O intuito era buscar apoio de grandes instituições para a nossa causa. E conseguimos! Como fruto de várias ações nos aproximamos de instituições estrangeiras e conseguimos o apoio formal da A.S.L.A. – American Society of Landscape Architects – a maior e mais importante associação de paisagistas do mundo, a IFLA – International Federation of Landscape Architects, CLARB – Council of Landscape Architects Registration Boards e o GBC – Green Building Council.
Assim, os maiores órgãos internacionais de paisagismo apoiam abertamente a regulamentação da profissão de Paisagismo no Brasil. Fiquei emocionada com esse apoio tão franco, com tanto empenho. Eles nos enviaram materiais importantíssimos demonstrando a enorme relevância da regulamentação da profissão de paisagista para os países que se preocupam com os efeitos das mudanças climáticas. Ter profissionais com formação acadêmica robusta específica em Paisagismo faz toda a diferença para o planejamento urbano sustentável.
O PL2043/2011 foi aprovado na Câmara dos Deputados e agora segue para o SENADO.
Estamos na reta final! Após o Senado o projeto de Lei seguirá para sanção presidencial.
Além dos apoios citados anteriormente, também tivemos grande apoio da UFRJ, que tem a única faculdade de Paisagismo no Brasil. Com a regulamentação, o objetivo é ter muitas faculdades de paisagismo mais. Estamos trabalhando para isso!
Auepaisagismo: Qual a melhor alternativa para quem está no mercado informalmente? A quem procurar? Como proceder?
Paisagista e Artista Plástica Eliana Azevedo: Para os profissionais que atuam na área do paisagismo e que são formados em Arquitetura, Engenharia Florestal, Agronomia, Biologia e Artes Plásticas, não precisam se preocupar pois tudo continuará como está, sem nenhuma alteração.
Para os formados em outras áreas, teremos duas situações:
1. formados em qualquer outra área porém com diploma de pós graduação em Paisagismo, serão considerados Paisagistas;
2. Os que não possuem graduação, mas que na data da aprovação da Lei conseguirem provar (por meio de notas fiscais, acervo técnico, sites, projetos aprovados pelos clientes, imagens, reportagens, etc) que atuam no Paisagismo há mais de 5 anos, também serão considerados Paisagistas. Porém, nos dois casos isso é apenas até a aprovação da Lei. Após isso apenas cursando a faculdade específica de Paisagismo.
Auepaisagismo:Como a ANP enxerga o mercado atual, com toda essa Pandemia, e o cenário de curto prazo?
Paisagista e Artista Plástica Eliana Azevedo: Antes de mais nada quero dizer que me solidarizo com todos que foram duramente atingidos por essa doença terrível.
Com relação ao mercado de paisagismo, apesar da pandemia ter pegado todo mundo de surpresa, parando tudo, e há quem diga que se prolongue mais até meados do ano que vem, eu digo que sou muito otimista e gosto de ver o lado bom das coisas. Se há um lado bom na pandemia é o lado que nos fez parar para pensar no que estamos fazendo com o nosso planeta, nas agressões desmedidas à natureza. As consequências estão começando a aparecer e não são boas.
Isso claramente ficou explícito no início da pandemia, após 2 ou 3 meses quando foi divulgado na televisão um comparativo por foto de satélite sobre a poluição na Europa antes e depois - como ela diminuiu nos grandes centros. Sem a interferência do homem – com tudo parado por conta da pandemia - a natureza se recuperou rapidamente. Isso nos leva a pensar o seguinte: não é possível parar a humanidade, mas precisamos urgentemente encontrar uma forma de ter crescimento e desenvolvimento sem prejuízo ao meio ambiente, pois do contrário os maiores prejudicados seremos nós mesmos.
A profissão que atua mais diretamente no planejar a vida harmoniosa entre o homem e a natureza é o Paisagista. É o Paisagista que poderá transformar nossas cidades em cidades resilientes e sustentáveis.
Sendo assim, estou certa de que para os profissionais que tiverem o viés para o paisagismo ecológico, com soluções baseadas na natureza, o momento pós-pandemia será promissor.
Para conhecer mais sobre o trabalho da Paisagista e Artista Plástica, acesse: https://www.greenhousepaisagismo.com.br/
Para mais informações sobre a ANP: http://anponline.org.br/portal/.
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