Entrevista com a arquiteta Cláudia Souza Ramos
Autor: Adriana Corrêa - Data: 11/07/2005
Unir o paisagismo ao urbanismo é o desafio que a arquiteta Cláudia Souza Ramos se propôs nos últimos quinze anos de trabalho. Formada pela Universidade de Taubaté, Cláudia realiza projetos comerciais, residenciais e institucionais em várias partes do país, sobretudo na grande São Paulo, onde funciona o escritório presidido pela arquiteta, o Eco Urbano Paisagismo. Em entrevista para a Revista Digital AuE Soluções, ela fala de suas experiências e dá preciosas dicas sobre paisagismo urbano.
AuE: Por que decidiu ingressar na profissão de paisagista?
Cláudia: Sempre gostei de natureza, isto é, de mato, de bichos, da luz e energia proveniente dos seres vivos. Poderia dizer que foi este o motivo. Entretanto, sempre fui apaixonada por urbanismo, tanto que busquei a faculdade que mais enfoca a disciplina de planejamento urbano. Após vários estágios em escritórios especializados, aprendi a trabalhar os dois temas, e a cada novo projeto vislumbrava o poder de transformar os espaços em meios agradáveis, trabalhando os sentidos mais ocultos dos usuários. Desde então, me envolvo intensamente com as obras, fazendo do trabalho parte da minha própria vida.
AuE: Na sua opinião, o que é indispensável em um projeto?
Cláudia: Buscar um diagnóstico preciso e minucioso para cada cliente. Compreender a necessidade de projetar não apenas no sentido estético, mas criativo, mnemônico e encantador, buscando resultados e otimização de custos. Outro ponto importante é integrar e inovar conceitos, adotando, partido e harmonizando cores e formas.
AuE: Considera a tecnologia importante para a sua vida profissional? Por quê?
Cláudia: Utilizo desde 1999 o AutoLANDSCAPE, porque facilita o desenvolvimento do trabalho e otimiza as informações necessárias para a apresentação inicial, sobretudo o projeto de plantio, por meio de recursos como a tabela de espécies vegetais e os blocos de informações precisas. Além disso, a ferramenta conta com um banco de dados que pode ser alterado pelo usuário, o que é muito útil para profissionais. Contudo, o software é apenas mais uma ferramenta de trabalho. Não podemos esquecer que antes de usá-lo, precisamos saber desenvolver o projeto e ter conhecimentos básicos de desenho e espécies vegetais.
AuE: Como lida com a moda no paisagismo?
Cláudia: A atualização mercadológica é importante para orientar o cliente sobre novos materiais e espécies vegetais mais comerciais, no entanto, ela não é preponderante nos meus projetos, que visam mais o desenho do contexto geral. Acredito na boa arquitetura, bem como no bom projeto paisagístico, isto é, os jardins de Burle Marx sempre serão pontos de referência para mim e muitos outros profissionais.
AuE: Qual a contribuição do paisagismo para a qualidade de vida das pessoas?
Cláudia: São inúmeros. Integrar a natureza com o cidadão e aproveitar as áreas externas, valorizando as atividades ao ar livre e o empreendimento, faz toda a diferença para o aumento da qualidade de vida do usuário.
AuE: De que maneira as espécies vegetais podem nos trazer ensinamentos?
Cláudia: O que mais admiro nas plantas é a possibilidade de aprender com o seu ciclo de vida. Respeitar o processo de crescimento e a sazonalidade, por exemplo, é compreender que, cada vez mais, precisamos do equilíbrio deste meio complexo e maravilhoso (do qual fazemos parte) para nos mantermos vivos e sadios.
AuE: Qual o seu último trabalho?
Cláudia: Atualmente estou desenvolvendo o projeto paisagístico do Aeroporto Internacional de Vitória, no Espírito Santo, e terminando uma fazenda na região do Pantanal. Ambos me proporcionaram muita satisfação e aquisição de novos conhecimentos. Precisei pesquisar desde clima à espécies nativas, endêmicas e ornamentais adaptáveis à região.
Eco Urbano Paisagismo
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