Luis Monti, sua participação no WorldSkills e o paisagismo no seu trabalho
Autor: Letícia Costa - Data: 20/09/2022
Na edição de outubro conheceremos o Arquiteto e Paisagista Luis Alberto Monte, profissional do departamento de Construção Civil do SENAI, ex-competidor e agora membro da comissão do evento mundial World Skills . Hoje, a sua empresa está consolidada em Brasília. Veja a sua trajetória e trabalhos!
A representação do Brasil como início no paisagismo
Antes de ingressar no mundo da Arquitetura, Luis Monti fez curso técnico em Edificações, posteriormente em Jardinagem e Paisagismo pelo SENAI. Mas a sua história com o paisagismo começou efetivamente quando ele representou o nosso país pela primeira vez na edição da WorldSkills que ocorreu no Japão, no ano de 2007, em que sua equipe conquistou 11º lugar.
Essa competição acontece de 2 em 2 anos em países diferentes, sendo 85 países participantes e o projeto é desenvolvido por um arquiteto Nação sede, que tem o comprometimento trazer, através de seu projeto, qual é o seu país e suas características. Em 2015, ano em que o evento foi sediado no Brasil, o urbanista foi responsável pelo projeto paisagístico e se inspirou nas obras de Burle Marx, garantindo o 4º lugar na colocação geral.
A ideia do jardim que desenvolvido foi trazer para o projeto alguns elementos que são marcos nacionais, como o calçadão de Copacabana, a Catedral de Brasília, um deck inspirado no piano de Tom Jobim e principalmente demonstrar a riqueza natural existente em nosso país.
"A divisão é feita em duas etapas, sendo a primeira voltada para convidar a conhecer o espaço e despertar a curiosidade sobre o que tem ali dentro. Quando sobe no deck, é possível ver um ambiente com descanso e contemplativo, com diversas plantas que estão ali dispostas."
Como Luis já tinha contato com a área construtiva, a competição chamou sua atenção, uma vez que nela é preciso executar todo o projeto e seus elementos, construir lago, deck, pergolado, parede e piso de pedra, pavimentações de concreto das mais variadas possíveis, entre outros.
Essas experiências com o evento vêm afinando sua sintonia com o paisagismo e ampliando sua visão como profissional de áreas verdes.
"(...) quando a gente engloba o paisagismo para dentro das cidades, passamos a ter contato no dia a dia com a natureza e principalmente de grandes centros urbanos onde temos problemas como ilhas de calor, a vegetação ameniza-os e ajuda no bem-estar dos habitantes de uma forma surreal."
Assim, o arquiteto enxerga a inserção da natureza como uma estratégia para gerar conforto e pouso para as pessoas, principalmente no meio urbano. Para ele a arquitetura já deve ser pensada aliada ao paisagismo para que o projeto fique mais rico, com espaços verdes integrados, bem ventilados, iluminados e acolhedores.
A moda antiga e o seu trabalho como um todo
Mesmo diante ao avanço tecnológico, Luis Alberto é adepto à hábitos que podem ser considerados antigos, mas que são importantes para que o projetista não perca dom de poder criar. Para estimular a sua criatividade ele gosta de fazer croquis à mão, de folear um livro para absorver referências, visitar parques, ir para o "meio do mato" e de ficar longe de qualquer aparelho eletrônico.
Todavia, a tecnologia também tem lugar importante em seu trabalho e escritório, através dos equipamentos e softwares utilizados que são importantes para a precisão, qualidade e agilidade de seus projetos.
Quando faz suas visitas técnicas ele recorre à utilização de drones para ajudar fazer o levantamento fotográfico, faz também o estudo do solo e características ambientais, mapeando o lugar que será trabalhado e suas características.
Na parte de anteprojeto é analisado o desejo do cliente e o que tem de condicionante no espaço para fazer a proposta. A partir disso, as ideias são representadas através de maquetes e imagens eletrônicas para que o cliente consiga uma boa compreensão da ideia, e de como pode ficar o projeto ao fim, antes de executar.
Em se tratando das mudanças e tendências no paisagismo, o antigo abriu espaço para o novo: antes o jardim era retratado em uma fachada ou área de lazer e atualmente esse espaço planejado recebe destaque trazendo a possibilidade de criar um pátio interno da casa e outros projetos que não estejam limitados à área externa.
Para finalizar, deixamos uma mensagem do Luis Alberto Monte para quem almeja ingressar na profissão:
"É desafiador como qualquer outra profissão que trabalha com a transformação de espaço, mas é muito gratificante você fazer um rascunho e depois ver aquilo executado e mudando o cotidiano da vida das pessoas pois, assim como a arquitetura, o paisagismo influencia muito no modo de vida. Hoje, eu posso dizer que tenho amigos e não clientes, porque você acaba tendo entendimento de como aquela família funciona e do que gosta, e você está trabalhando exatamente em como realizar o sonho dela. Afinal, isso é o que mais vale."
Confira abaixo a entrevista completa!
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