Luminosidade e irrigação: Fatores importantes considerados ao adquirir uma planta

Autor: Matheus Augusto P. Leôncio - Data: 04/04/2023

A luminosidade e a disposição de água são de suma importância quando o assunto é cultivar um vegetal, existem plantas que são super resistentes a luz, do mesmo jeito que existe as que são bastante sensíveis. Você sabe o porquê dessas diferenças, sendo que todas utilizam a luz solar para produzir seu alimento? Ao longo da matéria explicaremos como se dá essa diferenciação e os fatores a serem considerados quando você for adquirir uma planta.

Que as plantas utilizam a luz solar para produzir sua energia já sabemos, mas como elas fazem isso não é um assunto familiarizado entre as pessoas. Basicamente, a fotossíntese se dá através do CO2 (dióxido de carbono) e H2O (água) e é dividida em duas etapas. Ambas ocorrem no Cloroplasto (Organela vegetal que é responsável por dar a cor verde para a planta) mas em locais diferentes, nos Tilacoides ocorre a fase fotoquímica, aonde a energia luminosa será transformada em energia química e no estroma do cloroplasto ocorrerá a fase química, onde ocorre a fixação do Carbono.

O dióxido de carbono é importante para que seja produzida a glicose, uma molécula orgânica energética. É na segunda etapa que ocorre a abertura dos estômatos (estruturas que controlam a entrada e saída de gases nas plantas) para que o Carbono seja fixado, e é através dele que ocorre a transpiração, ou seja, perda de água do organismo, já que quando o estômato se abre ele perde água. Algumas plantas têm bastante dificuldade com a exposição constante ao sol pois para manterem seus processos fotossintéticos funcionando teriam que deixar seus estômatos abertos por mais tempo, mas existem grupos de plantas que já não possuem essa sensibilidade com a luz solar pois possuem mecanismos mais adaptados para fixar esse dióxido de carbono ou optam por fixá-lo a noite.



O ciclo de Kelvin é a fase química da Fotossíntese, é nele que serão coletadas moléculas simples de CO2 e serão transformadas em moléculas mais complexas que são necessárias para os seres vivos, como aminoácidos(proteínas), ácidos graxos (gorduras, lipídios) e Carboidratos. Distribuímos as plantas em 3 grupos com mecanismos diferentes: C3, C4 e CAM (Metabolismo ácido das crassuláceas).

Mecanismo C3: Tem esse nome por conta do ácido 3-fosfoglicerato que é formado depois da fixação das moléculas simples de CO2. A maioria das plantas possuem esse tipo de mecanismo e são endêmicas de regiões tropicais úmidas, sendo valorizadas comercialmente por manter os locais onde se encontram mais úmidos “esbanjando” água. Esse mecanismo tem como característica o atingimento da Taxa máxima de Fotossíntese (TMF) em uma intensidade luminosa baixa, ou seja, em locais com muita incidência luminosa esses vegetais tendem a perder muita água pois seus estômatos estarão abertos, mas ele já terá atingido sua TMF. Plantas C3 não necessitam de muita luminosidade e precisam de bastante água caso estejam em lugares com mais luz, sendo ideais para ambientes fechados ou com sombra.

Figura 1: Lírio da Paz (Spathiphyllum cannifolium) exemplo de planta C3.


Fonte: Guilherme Motta


Mecanismo C4: Esse mecanismo tem esse nome devido ao ácido oxalacético possuir 4 moléculas de carbono em sua estrutura após a fixação do CO2. As plantas com esse mecanismo são endêmicas de regiões mais áridas e com incidência luminar maior, sendo ideais para ficarem em jardins abertos ou em regiões com solo pouco seco. Diferente das plantas C3, as plantas com mecanismo C4 demoram para atingir sua TMF fazendo com que precisem de regiões com bastante luminosidade, e por possuírem 4 moléculas de CO2 elas conseguem ter mais carbono por unidade de água perdida. São chamadas de “Plantas de Sol “.

Figura 2: Bambu listrado (Bambusa vulgaris) exemplo de planta C4.


Fonte: Guilherme Motta

Mecanismo CAM: O mecanismo CAM ou Metabolismo ácido das crassuláceas, é ainda melhor no que diz respeito a perda de água pois durante a noite eles fixam seu CO2 sem correr o risco de muita perda de água por meio do ácido málico e o armazenam para que durante o dia a planta não precise abrir seus estômatos (menos água sendo perdida) continuando assim sua atividade fotossintética sob muita incidência luminosa. Os vegetais com esse mecanismo são comuns em regiões desérticas e com solo muito seco já que armazenam mais água. Também são chamadas de “Plantas de Sol “.

Figura 3: Figueira da Índia (Opuntia ficus-indica) exemplo de planta CAM.


Fonte: Guilherme Motta


Por isso é importante, ao adquirir uma espécie de planta, procurar saber com o fornecedor qual são seus hábitos e de qual região aquela planta é endêmica pois isso afetará o ambiente na qual ela precisará ser inserida, tipo de solo, frequência de irrigação e luminosidade são fatores determinantes para o cultivo de plantas ornamentais. Não é recomendado colocar uma planta C4 (Meio sol e sol pleno) na sala de estar pois ela morrerá, do mesmo jeito que não é recomendável colocar uma planta C3 (sombra ou meia sombra) em uma região exposta ao sol pois ela também morrerá, ou até mesmo colocar uma planta CAM em um solo muito úmido pois o resultado será o mesmo.

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