Meio ambiente e jardins
Autor: admuller@hotmail.com.br - Data: 07/10/2014
Nos dicionários a palavra interação é interpretada como: " ...um tipo de ação que ocorre entre duas ou mais entidades quando a ação de uma delas provoca uma reação da outra ou das restantes.".
No meu caso, não foram entidades no sentido estrito da palavra mas, literalmente, uma coisa leva à outra. Não sei o que veio primeiro; se o amor aos animais ou o amor às plantas. De qualquer forma desde cedo, convivi com animais domésticos e embora, ainda na adolescência, trabalhando de dia e estudando à noite, arrumava tempo para nos fins de semana cuidar do pequeno jardim feito por mim na casa de meus pais.
Trabalhando, ainda jovem, como revisor em uma editora, acabei criando minha própria empresa nessa mesma área. Entretanto, o que me atraía, era sempre o voltado à ecologia. Quando vi, estava enfronhado com ambientalistas como Engenheiro Agrônomo José Lutzenberger - este também paisagista, Augusto C. Cunha Carneiro e outros.
Passei a investigar o tráfego de animais e peles, algo que até hoje, rende o terceiro maior montante financeiro em contrabando, perdendo, a nível mundial, apenas para o das drogas e das armas, e a me interessar cada vez mais pelas plantas, fora o trabalho em minha pequena empresa.
Parcão
No verão de 1999, fui convidado pela empresa do Lutz, como era conhecido, para transformar uma área de 3ha no centro de Gravataí - RS, em uma praça- parque. Ali só havia um antigo açude, assoreado pelo lixo e alguns maricás, preservados por mim. Quando chovia muito, a água transbordava e invadia lojas na avenida em frente.
Lembrei-me dos rios de planície e suas sinuosidades, reproduzindo-os, com meandros escavados na área assoreada, mais drenagem dirigida a estes, foi solucionado o problema. Mudamo-nos para cidade próxima a Porto Alegre; em área de batinga, onde apenas crescia algumas gramíneas, aos poucos, construí o sítio Recanto da Ilha -devidamente registrado em órgão ambiental.
Foi onde nossos filhos tornaram-se adultos, convivendo com fauna bastante diversificada, inclusive lontras e capivaras que acorreram ao local, devido à água em abundância e parte da área deixada isolada para o ir e vir desses animais com outra protegida nas proximidades. Pensando principalmente na avifauna, elenquei plantas, a maioria nativa, que florescem e frutificam em épocas distintas. Para atrair e alimentar beija-flores e borboletas, nada mais simples que as lantanas, as russélias e as corticeiras-do-banhado, com suas belas flores.
Após a morte de José Lutzenberger, a casa construída por seu pai, arquiteto renomado, ficou abandonada por dez anos. Tive o privilégio de reconstruir o jardim da mesma, onde hoje está situada a sede da empresa Vida, fundada por este grande ambientalista. Nesse lugar com árvores já adultas, acresci samambaias e marantas, entre outras, para dar um efeito de sub-bosque.
Casa Lutzenberg
Em suma, como muitos, sou autodidata no âmbito paisagístico. Profissão muito abrangente que envolve conhecimentos técnicos atinentes a mais de uma área profissional. Creio que tanto a PL 2043, a ser aprovada ou não no congresso brasileiro e questionada por arquitetos a reivindicarem, tão-somente para si, atividade tão bela e complexa, a ponto de pedirem o arquivamento dessa PL , em abaixo-assinado, deveriam considerar a autodidaxia - devidamente comprovada.
Algo feito, há quatro décadas e meia, com a profissão de jornalista, através da figura do "jornalista provisionado" . Figura esta, criada pelo Decreto nº 972 de 1969, que mais tarde, permitiu a transformação desse registro para o de Jornalista profissional, desde que comprovados dois anos de atividades. Dessa forma, manteria-se legalmente alguns bons paisagistas no mercado. Acho ser esta uma boa discussão a ser aventada.
Adolfo Müller
admuller@hotmail.com.br
(51) 9916 1446.
Sitio Recanto da Ilha
Projeto com o PhotoLANDSCAPE
Residencia
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