Plantas que fogem do jardim
Autor: Marinês Eiterer - Data: 06/03/2015
Nós usamos muitas espécies de plantas exóticas em nossos jardins. O que é uma planta exótica? É uma planta não nativa, que não ocorre naquele lugar naturalmente. Nós cultivamos muitas plantas que ocorrem naturalmente em outros países como as azaleias, hortênsias, rosas etc. Nem todas elas tem a capacidade de fugir do cultivo do jardim. Parece estranho plantas fugirem do jardim, mas é isso mesmo. Plantas podem escapar do cultivo reservado do jardim e invadir áreas de florestas e campos naturais, tornado-se uma grande ameaça a biodiversidade. Espécie exóticas invasoras são a 2ª maior causa de extinção de espécies, perdendo apenas para a perda de habitat.
Jaca (Artocarpus heterophyllus). Foto Guilherme Motta
Plantas que escapam do cultivo e invadem áreas naturais são chamadas invasoras. Uma espécie exótica invasora é aquela que fugiu de sua distribuição natural no presente ou no passado e ameaça a biodiversidade nessa nova área, formando grandes populações. Espécies exóticas invasoras são hábeis para reproduzir rapidamente e se espalhar com muito sucesso em sua nova área e dominar os ambientes invadidos exercendo pressão sobre as espécies nativas. Por isso, uma espécie invasora é considerada uma grande ameaça a biodiversidade.
Vamos ver alguns exemplos de plantas invasoras. A jaqueira (Artocarpus heterophyllus), árvore originária do sudeste asiático que invade áreas de floresta. Ela tem sido um grande problema em áreas de Mata Atlântica. O beijo (Impatiens walleriana), nativo do continente Africano. Esta planta costuma colonizar ambientes mais abertos e antropizados, como terrenos baldios, jardins e beiras de estrada. Mas, ela pode avançar mata adentro, sendo um problema em diversas unidades de conservação do Brasil, pois invade e compete com as espécies nativas do sub-bosque. O beijo-do-brejo (Hedychium coronarium), nativo da Ásia, invasora de áreas úmidas e sub-bosques da floresta atlântica.O pinheiro-americano (Pinus elliot), originária do Estados Unidos da América, invade ecossistemas abertos como campos, cerrados e restingas, assim como áreas degradadas, pastagens e áreas agrícolas. Pode invadir clareiras em ambientes florestais ou áreas florestais em fase secessional inicial. O pinheiro-americano aumenta a acidez do solo e o regime hídrico em áreas abertas, onde substitui vegetação de pequeno porte.
Impatiens Walleriana. Foto: Guilherme Motta
Espécies invasoras causam muitos problemas como a interferência no desenvolvimento das espécies nativas, podendo ocasionar extinções locais ou regionais, descaracterizam e homogenizam ecossistemas, alteram ciclos ecológicos, rebaixam lençóis freáticos. O impacto econômico por espécies invasoras é enorme, na ordem de bilhões de dólares por ano.
Em 2006 foi inciada as discussões sobre as espécies invasoras na 8ª reunião da Convenção Internacional sobre Diversidade Biológica (CDB). Neste mesmo ano foi instituída no Brasil pela Comissão Nacional de Biodiversidade (Conabio), a Câmara Técnica permanente sobre Espécies Exóticas Invasoras com a finalidade de integrar estratégias contra os impactos negativos dessas espécies.
E, o que nós podemos fazer? Procure informações sobre as plantas que cultiva ou deseja cultivar. Evite o cultivo de plantas exóticas, principalmente aquelas com características invasoras. Cultive plantas nativas. Valorize a flora nativa da sua região.
Pense nisso!
Fonte:
Instituto Hórus
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