Descoberta de Árvore Frutífera Única no Brasil: Parente das Jabuticabeiras
Autor: Victor Campanate - Data: 27/08/2024
Uma nova espécie de árvore frutífera, parente das jabuticabeiras, foi descoberta no Brasil. Até agora, existe apenas um exemplar dessa árvore em uma pequena área de conservação no Rio de Janeiro.
O Jardim Botânico do Rio de Janeiro fez mais uma descoberta científica importante, destacando a necessidade de preservar as florestas brasileiras. Em um estudo liderado por Thiago Fernandes e João Marcelo Braga, foi revelado que a árvore frutífera Siphoneugena carolynae, encontrada no Monumento Natural Municipal da Pedra de Itaocaia, em Maricá (RJ), é única no mundo.
De acordo com o estudo, essa espécie é um parente próximo das jabuticabeiras (gênero Plinia), mas se diferencia por características como pecíolos longos, folhas flexíveis com um pequeno canal na parte superior, flores em cachos de caule achatado, hipanto constringido, cálice em forma de cone, ovários com dois lóculos e quatro óvulos cada, e cotilédones cobertos por glândulas.
Apesar de ser considerada única, a Siphoneugena carolynae foi inicialmente classificada como “deficiente de dados” em termos de conservação. Seu habitat é descrito como florestas de inselberg, localizadas a cerca de 200 metros acima do nível do mar, e até agora, apenas no Morro Itaocaia. A árvore pode ser visitada por meio de uma trilha aberta ao público.
Com aproximadamente 7 metros de altura, a árvore se destaca por seu tronco de casca rugosa com manchas irregulares em tons de marrom-claro, rosa ou vermelho. Seus frutos, ainda em estágios iniciais de maturação, foram coletados em outubro, enquanto as flores aparecem entre março e junho.
“Não conhecemos os frutos maduros, mas podemos prever que são semelhantes às jabuticabas, já que são parentes próximos”, explica o pesquisador Thiago Fernandes, que conduziu o estudo junto com Jair Eustáquio de Faria, Diana Kelly Dias Caldas, Marcelo da Costa Souza e João Marcelo Alvarenga Braga.
A região tem atraído o interesse de naturalistas desde o século 19, incluindo Charles Darwin, que visitou a área em 1832 e ficou hospedado na histórica Fazenda Itaocaia, onde a nova espécie foi descoberta.
“Essa descoberta é um avanço significativo para o conhecimento da flora da Mata Atlântica, que ainda abriga muitas espécies desconhecidas pela ciência. Além disso, destaca a importância das áreas protegidas para a conservação de espécies raras e com distribuição restrita”, afirma Fernandes.
O nome científico Siphoneugena carolynae foi dado em homenagem à pesquisadora Carolyn Elinore Barnes Proença, da Universidade de Brasília, por suas contribuições à taxonomia e biologia reprodutiva das Myrtaceae.
Os resultados da pesquisa foram publicados em julho na revista científica Brittonia, do Jardim Botânico de Nova York. As expedições que levaram à descoberta começaram em 2018 e foram concluídas em 2023, com monitoramento periódico da árvore e estudo de suas fases de desenvolvimento reprodutivo.
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