Viviane Freitas e a sua atuação na área de Paisagismo
Autor: Letícia Costa - Data: 08/08/2022
Na edição deste mês, conheceremos a paisagista e engenheira agrônoma Viviane Freitas, que atua no paisagismo e em manutenção de áreas verdes. Conheça a sua trajetória e a sua percepção sobre os projetos que envolvem paisagem!
Aue Paisagismo: Qual a sua formação profissional e por qual motivo optou pela profissão de paisagista?
Sou engenheira agrônoma e tive a minha primeira experiência profissional ainda na residência agronômica, tendo contato com o paisagismo. Atuava na manutenção de áreas verdes, onde havia a preocupação contínua de manter o estilo e projeto paisagístico adotado por seu projetista, Fernando Chacel. Entender a importância de se manter tal estilo nas novas criações (novos espaços) me encantou pois foi uma submersão no universo do projetista, assim como entender a forma de criar os espaços e seus objetivos nas criações me fez perceber que a paisagem devidamente pensada aos seus usuários é muito mais que uma ornamentação com plantas, é a percepção da necessidade desses usuários e proporcioná-los uma experiência agradável e confortante, atingindo o objetivo de tal projeto.
Espaço antes do projeto
Foto do projeto
Aue Paisagismo: Como tem sido sua jornada dentro dessa área?
Desde a Residência Agronômica em 2012, atuo no paisagismo ora com criações de novos espaços, ora com a implantação, manutenção e reformulação dos espaços existentes. Hoje quando estou diante de um novo projeto procuro deixar clara a minha intenção, qual o objetivo, mais do que uma planta baixa ou memoriais poderiam dizer, estes são documentos que podem ao tempo se perder, porém a paisagem criada poderá mostrar por si só.
Aue Paisagismo: Como você organiza as etapas do processo de paisagismo?
A elaboração se inicia desde a primeiro contato com o cliente. Em minha metodologia, essa conversa não se faz presente somente na etapa inicial para entender demanda e necessidades, mas em todo decorrer do processo. Após o entendimento das suas necessidades e demandas, faço o levantamento do ambiente do local alvo do projeto, com muita atenção ao mapeamento de sombras, corredores de ventos, enfim, avaliação de todos os elementos presentes no ambiente, sejam físicos ou ambientais. Ainda nessa fase de avaliação do lugar já costumo a idealizar o projeto. Por isso, quando possível, o faço com o cliente e nesse processo já saio desta avaliação com o projeto praticamente definido, apresento o anteprojeto ao cliente para avaliação deste e para qualquer ajuste que se faça necessário e logo que aprovado, prossigo para a elaboração do projeto definitivo.
Espaço antes do projeto; foto do projeto; desenvolvimento do projeto e resultado final
Aue Paisagismo: Como funciona a sua criatividade nesses momentos?
A partir de um bom entendimento das reais necessidades dos que o irão desfrutar, me coloco no lugar destes, de forma que a criação vai surgindo quase que espontaneamente. Tenho em mente sempre o emprego das paletas cromáticas x vegetativa para cada espaço, as texturas e odores que posso relacionar e proporcionar uma nova experiência aos que por ali passarem.
Aue Paisagismo: Para você, como surge um projeto considerado ideal?
A partir de uma escuta apurada e percepção da rotina de seus futuros usuários. Quando você compreende tais necessidades e as traduz para um projeto, é um projeto ideal. Aquele que atende seu publico alvo e proporciona aos mesmos uma nova perspectiva do ambiente.
Espaço antes do projeto
Foto do projeto
Aue Paisagismo: Qual(is) profissional(is) mais te inspirou(raram) nesse ramo?
Como meu primeiro desafio na área foi realizando a manutenção de um projeto de Fernando Chacel, não há como não dizer que é meu maior inspirador, assim como seu orientador Roberto Burle Marx. Ainda nesse hall de inspirações, tive o prazer de aprender a ter o olhar mais apurado ao paisagismo com o hoje amigo e também engenheiro agrônomo paisagista Eduardo Linder, que me introduziu realmente na área e na paixão pela profissão já que ele era meu orientador na empresa em que eu pratiquei a residência agronômica.
Aue Paisagismo: Fale-nos acerca de algum projeto que mudou a vida de um ambiente ou das pessoas que habitam nele, bem como a experiência de criá-lo.
Há um projeto que foi para cenografia de uma minissérie em 2015, sendo ele o primeiro e o mais "louco" que já fiz porque ele foi elaborado in loco, executando. Prestando serviço na empresa de manutenção de áreas verdes eu fico locada no estabelecimento do cliente, então fui chamada para uma visita técnica a princípio para fazer avaliação de uma árvore. No entanto, chegando no local, o diretor da série foi logo falando o que ele queria, tipo, “aqui quero um ambiente tipo Amazônia, ali, uma casa bem anos 20 com seu jardim bem cuidado, horta, pomar e uma área de mata próxima”, eu não entendia o que ele queria, eu olhava e só via um lugar de terra batida e bem seca, nada parecido com a Amazônia. Mas enfim, achava que ele havia se confundido e estava falando com a pessoa errada. Após a reunião, a cenógrafa então me explicou que ele queria que eu fizesse o paisagismo daquele cenário, e as instruções deveriam seguir exatamente o que ele solicitou com o prazo de 30 dias para iniciar as gravações. Não tinha tempo para pensar ou dizer que não faria, tinha que iniciar os trabalhos, então literalmente fui idealizando o que havia me pedido e já implantando e a medida que ia implantando, novos elementos se agregavam ao cenário e novas necessidades eram conhecidas e atendidas. Esse projeto mudou completamente minha percepção quanto a criar, me desafiou e eu consegui atingir o objetivo. Somente depois da série ir ao ar em 2017 foi que eu me dei conta que ali eu havia feito meu primeiro projeto, criei, implantei e realizei a manutenção e desde tê-lo feito eu formei minha metodologia de criação. Então esse projeto, mudou a vida do ambiente e minha vida.
Processo de paisagismo do espaço
Processo de paisagismo do espaço
Processo de paisagismo do espaço
Processo de paisagismo do espaço
Aue Paisagismo: Sabemos que você frequenta várias feiras do ramo de paisagismo. Dito isso, teve alguma delas marcante ou acontecimento que você gostaria de falar sobre?
Sim. O estudo precisa ser constante, acompanhar novas tecnologias e produtos disponíveis no mercado é fundamental para agregar em meu trabalho. A última que estive presente foi a Enflor & Garden Fair em Holambra, após 2 anos de pandemia poder presenciar o retorno deste evento foi gratificante e surpreendente pois o paisagismo ganhou mais espaço com diversas palestras, expositores e profissionais renomados na área paisagística contribuindo e dividindo suas experiências e produtos com os participantes, proporcionando ótimos debates e trocas.
Aue Paisagismo: Qual a importância da inovação nesse mercado e na sua prática?
Todos os profissionais precisam entender que o perfil do cliente está mudando constantemente graças as inovações tecnológicas que nos cercam, então é preciso inovar junto com seu cliente ou com as novas demandas deles. É importante se manter atualizado as inovações, como apresentar os projetos. Hoje é imprescindível que se apresente em perspectiva realista, uma planta baixa em 2D já não atende ao cliente, ele precisa ver o espaço para ter noção mais realista do que se propõe o projeto, então nesta linha é indispensável uma apresentação de fotomontagem mas principalmente em 3D, como a experiência oferecida pelo VisualPLAN. Hoje, quando vou fazer a avaliação in loco, já capturo umas imagens do local e ainda na formação do anteprojeto já mostro ao cliente uma fotomontagem, retratando a síntese do idealizado para o projeto, e isso funciona muito pois o cliente participa do processo de forma ativa, interessado visto que entende o que quero projetar. Na apresentação do anteprojeto, já apresento as imagens em perspectivas 3D que o VisualPLAN me permite criar, tais ferramentas permite a imersão do cliente no projeto, tornando o atendimento diferenciado, fazendo que o cliente se sinta exclusivo, como de fato é.
Aue Paisagismo: Qual a sua expectativa para os próximos anos de trabalho com áreas verdes?
O mercado em ascendência me cria boas expectativas. Com a crescente demanda de projetos hoje, geram demandas de implantação e futuras demandas de manutenção. Eu atuo em todas as etapas, como engenheira agrônoma que sou, particularmente, adoro acompanhar a fase de implantação pois é onde o que foi projetado de fato acontece, não havendo uma boa implantação o projeto pode-se perder a médio prazo e não é isso que desejo quando projeto ou quando implanto um projeto de um colega.
Vejo o mercado aberto para novas parcerias, aliás, acredito na parceria entre os profissionais sempre. Um projeto ideal só alcançará seu objetivo quando bem concebido, implantado e cuidado, então nesse longo caminho, diversos profissionais se somando num objetivo único torna dinâmico o processo, nos tornando mais produtivos e assertivos.
Foto do projeto
Resultado final
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