Arborização Urbana e a umidade relativa do ar
Autor: Anita Cid - Data: 31/08/2010
Na última semana um dos temas mais debatidos pela população e pelos meios de comunicação foi a baixa umidade relativa do ar. Este conceito diz respeito a quanto de água em forma de vapor existe na atmosfera e está intimamente relacionado com a nossa qualidade de vida. O ar excessivamente seco é uma das maiores causas de problemas respiratórios, além de problemas de pele. Nestas condições favorece a permanência da poeira no ar e seca as vias respiratórias, sendo péssimo para pessoas com alergias. Além disso, efeitos da poluição são bem mais intensos por causa da baixa umidade do ar.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o índice ideal é acima de 60%. Quando este fica entre 30% e 25% é considerado estado de atenção; entre 25% e 12% é decretado estado de alerta e abaixo disso é estado de emergência Para se ter idéia, na última semana no interior do estado de São Paulo, pelo menos seis regiões tiveram o índice de umidade relativa do ar abaixo de 30%. Barretos, Araraquara, Araçatuba, São José de Rio Preto, Votuporanga e Lins registraram índices menores de 25%, nível de clima de deserto. E Mirante de Santana, na Zona Norte de SP, chegou a registrar 13% de umidade relativa do ar, o que fez com que a cidade ficasse em estado de alerta.
As crianças e os idosos precisam de atenção especial, pois são os mais afetados pela baixa umidade do ar. Podemos tomar algumas medidas paliativas que podem minimizar os efeitos deste fenômeno. Seguem algumas dicas:
*Quando a umidade do ar fica entre 30% e 25%, já é preciso evitar exercícios físicos ao ar livre entre 11h e 15h;
*Quando o índice fica mais baixo, entre 20% e 12%, é melhor suspender as atividades ao ar livre por um tempo maior: entre 10h e 16h;
*Quando a umidade fica abaixo de 12%, eventos ao ar livre devem ser suspensos;
*Evite banhos demorados, acima de dez minutos, e o uso das buchas;
*Depois do banho tire com a toalha apenas o excesso de água e no próprio banheiro aplique hidratante sobre a pele;
* Torne o ambiente mais úmido. Você pode usar, por exemplo, bacias com água, toalha molhada e um umidificador de ar, mas lembre-se de lavar o aparelho antes de usar;
*Beba ao menos dois litros de água por dia;
*Umedeça olhos e nariz com soro fisiológico (0,9%) quantas vezes precisar.
Estas são ações paliativas que podemos realizar para minimizar os efeitos. Mas onde está a causa? Um dos fatores que levam a estes baixos índices de umidade é a falta de vegetação urbana. Isso porque em locais nos quais há uma vegetação arbórea significativa, o vapor de água sobe para a atmosfera e se acumula em forma de nuvens, possibilitando chuvas e, assim, o aumento da umidade relativa do ar. É por esse motivo que as ruas arborizadas possuem a temperatura do ar mais amena e a umidade relativa do ar mais elevada do que em vias sem vegetação significativa.
De acordo com o site Jardim de Ideias, às 16h do dia 25 de agosto de 2010, a temperatura e a umidade relativa do ambiente no cruzamento das Avenidas Rebouças e Brigadeiro Faria Lima, no bairro de Pinheiros, em São Paulo teve uma diferença de 7,3°C na temperatura e 17% de umidade relativa do ar por influência da arborização. No canteiro central, próximo ao refúgio dos ônibus foi aferido 33,4° C de temperatura e 21% de umidade do ar. Já nos jardins do térreo do conjunto de edifícios a 50 m de distância, em uma área arborizada, a temperatura verificada foi 26,1° C e 38% de umidade do ar.
Cada árvore constitui um micro oásis. Isso ocorre devido à evapotranspiração - perda de água do solo por evaporação e a perda de água da planta por transpiração - de cada espécie. O solo armazena a água que chega através das chuvas. Esta água tem duas maneiras de retornar à atmosfera. Uma é a evaporação direto do solo, a outra é através das plantas. O jambolão, por exemplo, chega a perder 101 litros de água por dia. A 10 m dessa árvore, a umidade média é de 68%, segundo estudos realizados pela Unicamp. A 50 m de distância, esse índice cai para 57%. São essas gotículas que envolvem a planta que proporcionam o conforto -mesmo que a pessoa esteja sob o sol. A lógica é a mesma de um borrifo de água: a temperatura não muda, mas a sensação é de frescor.
Além de aumentar a umidade do entorno, a vegetação também ajuda na absorção de parte da radiação que vem do Sol. Vejamos ainda o caso do jambolão - a absorção promovida pela copa da árvore chega a 89%. Para completar os galhos e as folhas também atenuam a velocidade do vento, o que é mais um fator positivo para o conforto térmico, já que o vento forte, além de incomodar a pele, espalha a umidade promovida pela árvore, fazendo com que ela não seja menos percebida.
Plante uma árvore e propague esta idéia. Além de deixar o ambiente mais bonito, elas ainda nos ajudam a viver melhor!