Jardins Históricos de Juiz de Fora - Final
Autor: Regina Motta - Data: 09/01/2016
Parque do Museu Mariano Procópio
Complementando e concluindo nosso relato sobre os Jardins Históricos de Juiz de Fora, aqui vão algumas informações sobre este parque que encanta a todos que o visitam.
Estas informações são do Jardins Históricos de Juiz de Fora que nos proporciona um passeio belíssimo e informações de grande valor histórico e paisagístico.
"O Parque Mariano Procópio foi construído em 1861 pelo grande empreendedor Mariano Procópio Ferreira Lage. O projeto paisagístico é atribuído ao arquiteto francês Auguste Glaziou Jardins que esteve nesta época no Brasil, a convite de D. Pedro II, para planejar diversos jardins do império.
Pesquisas atuais confirmam os traçados de sua arquitetura pela ideia de multiplicidade revelada na presença de lago com ilhas e canal, bambus na ilha central, caminhos com linhas curvas, pontes, gruta e jardins simétricos. Além de um grande número de plantas exóticas e espécies nativas, como jabuticaba, grumixama e pitangas, que produzem frutos e atraem pássaros, tornando o ambiente ainda mais belo.
Alfredo Ferreira Lage, filho de Mariano, herdou todo este patrimônio histórico, artístico, cultural e ambiental. No fim de sua vida, doou ao povo de Juiz de Fora, entregando o patrimônio à Prefeitura Municipal em 1934.
Ao longo das duas últimas décadas, a MAPRO atua em projetos educativos, recebendo crianças e jovens para conhecer este maravilhoso sítio." (Maria das Graças Sarmento Duarte, Chefe do Departamento de Planejamento e Manejo do Parque)
HISTÓRIA
Foto MAPRO
Impressões dos visitantes
"O parque do Museu Mariano Procópio vem servindo de inspiração aos visitantes para registros em prosa e verso, por meio de cartas, cartões, diários, livros e na imprensa, desde 1861, quando o comendador Mariano Procópio Ferreira Lage (1821/1872) o apresentava, por ocasião da inauguração de sua mais importante obra, a Rodovia União e Indústria, ligando Petrópolis a Juiz de Fora. Desde então, o jardim desperta encantamento pela sua beleza, pela arte, pela botânica e por outros atrativos que motivaram tantos textos sobre o espaço, embora ainda sejam desconhecidas do público as lembranças e impressões pessoais do cidadão comum, mas que, com certeza, são importantes para a preservação da memória. Registros iconográficos são também fontes importantes para compreender os processos de intervenções ao longo de um século e meio.
Jardim simétrico Foto Aline Santana
É importante destacar que os jardins faziam parte do universo de interesse da elite brasileira, principalmente a partir do século XIX, como é o caso da família Ferreira Lage, que sempre exibiu gosto apurado em suas casas, tanto nas cidades como no campo ou nas fazendas. Esse interesse fica evidenciado por meio de correspondência de Marciano Maximiano Ferreira Lage, datada de 10 de janeiro de 1848, quando estudava no Braham College, endereçada à sua irmã Mariana Barbosa de Assis Ferreira, solicitando: "Mande me dizer se a casa e o jardim estão acabados". Referia-se às obras da residência de sua mãe, Maria José de Sant Anna, a futura Baronesa de Sant Anna, no Rio de Janeiro.
Jardim simétrico Foto Fernando Barbosa
Esse encantamento é ainda mais evidente pelo gosto de Mariano Procópio, ao criar um jardim à inglesa, mesclado com a geometria dos jardins franceses. O projeto é atribuído ao francês Auguste Marie François Glaziou e, apesar da ausência, por enquanto, de documentação comprovando sua autoria, existe relato de Alfredo Ferreira Lage, fundador do Museu e filho de Mariano Procópio, bem como o reconhecimento das características do traçado e outras singularidades presentes em obras do paisagista.
Jardim simétrico MAPRO
Existem outros indicativos sobre a autoria de Glaziou, entre elas, trabalhos realizados para pessoas com vínculos de amizade e negócios com a família Machado Coelho, da mulher de Mariano Procópio, Maria Amália, como seu padrinho de batismo, o Barão de Nova Friburgo. Glaziou também manteve ligação com a Companhia União e Indústria, como demonstra anúncio publicado no "Diário do Rio de Janeiro", na edição de 18 de outubro de 1870, na qual o "paisagista do império" fica responsável pela análise das justificativas dos candidatos ao cargo de agrônomo para lecionar na Escola Agrícola União e Indústria.
Possuir um jardim histórico do século XIX como o do Museu Mariano Procópio, em plena área urbana e em parte aberto ao público, é um privilégio que a cidade do Juiz de Fora tem a oferecer aos seus moradores e visitantes. Mas é preciso que ele sirva para além da contemplação e que cumpra outras funções, inclusive as de proporcionar ações sociais e de pesquisa, estimular o turismo e promover ainda mais a aproximação da instituição com as escolas, como é a proposta deste pequeno site."(Douglas Fasolato, Diretor Superintendente)
FLORA DO PARQUE
Jambo amarelo . foto de Flávia Cocate
Constituída em sua maioria por espécies nativas, na flora do parque podemos observar:
- plantas típicas de jardins como rosas, íris, lírios, jasmins do imperador, romãzeira, azaleia, camélia e muitas outras;
- orquídeas de diferentes espécies florescem, principalmente em troncos de árvores do jardim.
- bambus compõem a vegetação em uma ilha e contornam parte do canal do lago;
- a vegetação de grande porte é formada por palmeiras, sapucaias, jatobás, cedros, jaqueiras, braúnas, jacarandás, arvores do viajante, e tantas outras.
FAUNA DO PARQUE
Mico estrela - Foto MAPRO
Há uma fauna protegida e escondida, nos jardins e arvoredo deste sítio histórico de 78.240 m², inserido na malha urbana de Juiz de Fora. Em busca de alimento, abrigo e lugar para reproduzir, há muitos invertebrados, entre eles insetos e aranhas. Também aves e mamíferos encontram-se espalhados e em liberdade, encantando o visitante mais observador.
Socó dorminhoco - Foto MAPRO
cisnes - foto Antonio Jorge Costa
Cisnes
foto Flavia Cocate
MONUMENTOS
Seguindo o desenho romântico dos jardins do Parque Ferreira Lage, figuram as fontes, chafarizes, estátuas em ferro fundido, a exemplo das esculturas A Arte e A Ciência de Mathurin Moreau, a Diana de Gabi, produzidas pelo grupo Val dOsne, importante fundição artística do século 19. Entre os tijolos maciços da alvenaria da Villa Ferreira Lage, ao gosto burguês, podem ser apreciados esculturas, medalhões e vasos em cerâmica que ornamentam as escadarias do passadiço.
À frente do Museu Mariano Procópio encontra-se o busto do personagem de mesmo nome, cuja família deu origem às importantes coleções que podem ser vistas entre os jardins e exposições do complexo que se formou. No jardim, que dá vista ao Museu, os visitantes são recepcionados por um conjunto de esculturas em mármore branco, representando os continentes América, Ásia, Europa e África.
Avenida do Viajante - Foto Fernando Barbosa
Avenida do viajante - foto Aline Santana
Av. Saboneteira - foto Carlos Barbosa
Todo o parque e as edificações históricas se integram através dos monumentos, onde o mesmo visitante que se encanta com a natureza encontra motivos para aproveitar esse lugar privilegiado: shows, exposições e acervos artísticos.
MUSEU
Conjunto Arquitetônico
O museu foi doado para Juiz de Fora em 1936. Atualmente, o patrimônio do Mariano Procópio é tombado pelo Município e pelo Estado, e foi um dos primeiros a ser tombado pela União, em 1939.
O conjunto arquitetônico e paisagístico do museu é composto pela Villa Ferreira Lage, o prédio Anexo, chamado Mariano Procópio, o Parque e o acervo.
A Villa, onde fica o prédio do museu, foi construída em 1861 como uma chácara da família de Mariano Procópio, que chegou a hospedar o imperador Dom Pedro II em visitas à região. Ela tem estilo eclético, com inspiração em modelos do renascimento italiano.
Já o prédio Anexo foi inaugurado em 1922 por Alfredo Ferreira Lage a fim de abrigar a galeria de Belas Artes.
O Parque, no qual a Villa, o Museu e outros equipamentos estão inseridos, tem área verde reflorestada entre a segunda metade do século 19 e início do século 20, lago artificial, jardim, bosque e rio, cruzado por duas pontes de madeira construídas no século 19 com ancoradouro para pequenos barcos.
Conta ainda com elementos artísticos, estátuas de mármore, muretas, bustos, escadarias e monumentos, além de uma fauna diversificada. O paisagismo do local é atribuído ao francês Auguste François Marie Glaziou.
O acervo do museu histórico, artístico e de história natural, é formado por amplas coleções de pintura, escultura, mobiliário, porcelana, cristais, numismática, medalhística, artes decorativas, joias do século 19, arquivo fotográfico, biblioteca, entre outros objetos.
Veja aqui o Projeto de revitalização do Parque Mariano Procópio, da Paisagista Claudia Zanini, usando o PhotoLANDSCAPE em versão mais antiga, em 2008.
Fotomontagem Paisagista Cláudia Znini
Revitalização do Parque Mariano Procópio
Fotomontagem do projeto
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