Museu Judeu em Nova Iorque expõe a obra de Roberto Burle Marx
Autor: Regina Motta - Data: 10/06/2016
Conhecido mundialmente com o criador do Jardim Moderno, segundo o Instituto de Arquitetos Americanos, tem outros aspectos artísticos que nem sempre são lembrados: Não só a Arquitetura paisagística mas também a escultura, cenografia, tapeçaria e joias.
Filho de um pai alemão judeu e mãe descendente de franceses, portugueses e holandeses, espalhou as suas ideias para a arquitetura paisagista no mosaico dos passeios da praia de Copacabana, os jardins de Brasília, cidade criada do nada nos anos 60, a partir de edifícios de Oscar Niemeyer, outras paragens do Brasil e do mundo. Por exemplo, Biscayne Boulevard. Notabilizou-se mundialmente na sua disciplina.
Byscayne Boulevard
Burle Marx cresceu em ambiente artístico, falava seis línguas e sua dedicação musical o levou a ser barítono. No final dos anos 1920, seu pai o trouxe para tratamento oftalmológico em Berlim, onde viveu dois anos. No Jardim Botânico da capital alemã, o artista descobriu a flora brasileira, que os europeus já colecionavam há muito. Na foto, vitórias-régias adornam jardim da Fazenda Vargem Grande.
Burle Marx deve a Lúcio Costa sua primeira grande encomenda: os jardins do antigo Ministério da Educação, primeiro arranha-céu moderno do mundo projetado em 1936, hoje Palácio Capanema. Influenciado por formas de Hans Arp e Joan Miró, ele resgatou a textura e quebrou a simetria dos jardins franceses.
Palácio Capanema
A exposição Roberto Burle Marx: Brazilian Modernist explora o trabalho do artista através de mais de 150 trabalhos. E poderá ser vista no Deutsche Bank KunstHalle, em Berlim, entre 7 de julho e 8 de outubro de 2017, e depois, no Museu de Arte do Rio, entre novembro de 2017 e março de 2018, na cidade onde existe um museu que lhe é dedicado.
O que diferenciou Burle Marx de outros paisagistas foi não somente ter um conhecimento profundo de plantas, mas também de ele mesmo cultivá-las em seu sítio em Barra de Guaratiba, bairro litorâneo do Rio de Janeiro.
Sítio em Guaratiba, RJ Burle Marx
Comprado com seu irmão Sigfried, em 1949, foi lá que o artista residiu até sua morte. Hoje, ali se encontra o Centro de Estudos de Paisagismo, Botânica e Conservação da Natureza. Ali reunia a sua coleção de plantas tropicais e semi-tropicais, uma das maiores do mundo, segundo o museu nova-iorquino. Dedicou a sua vida a encontrar espécies raras de plantas. Descobriu cerca de 50.
Roberto Burle Marx abraçou o modernismo nos anos 30, como muitos artistas plásticos e arquitetos do seu tempo no Brasil. Gostava do abstrato e favorecia o uso de flora local, e colorida. Aos modelos franceses de jardim, que imperavam no Brasil do final do século XIX e início do XX, devotos da simetria, dois aspetos que Burle Marx ignorou, preferindo as plantas locais, descobertas nas suas explorações da floresta brasileira.
Era também horticultor e um ecologista que só usava plantas adequadas ao ambiente. Era um ativista político contra a destruição da Amazónia. Na foto, ele segura uma "Heliconia hirsuta burle marx ii", flor que leva seu nome.
Heliconia hirsuta burle marx ii
Nos seus mais de 60 anos de carreira, desenhou 2 mil jardins. Ao mesmo tempo, pintava, esculpia e exercia como designer têxtil. Era também um talentoso barítono e bom cozinheiro, um homem da Renascença, pleno de criatividade e engenho, de acordo com um comunicado do Museu Judeu, sobre o artista.
Influenciado pelo jardim japonês, Burle Marx introduziu os seixos no paisagismo moderno, onde criou formas e texturas que preenchia às vezes com plantas, às vezes com pedras. Para ele, o paisagismo deveria ter uma estrutura básica, o que lhe permitiu transformar seus jardins em pinturas quando observados de longe. Mas, de perto, eles assumem outras dimensões, como no Banco Safra, em São Paulo.
Banco Safra SP Burle Marx
O seu legado influenciou o trabalho de outros artistas como o venezuelano Juan Araujo, as brasileiras Beatriz Milhazes e Paloma Bosquê, o francês Dominique Gonzalez-Foerster, a italiana Luisa Lambri e os americanos Nick Mauss e o músico experimental Arto Lindsay.
Entre os projetos não executados de Roberto Burle Marx, apresentados na mostra do Museu Judaico de Nova York, está o desenho de oito vitrais, que foram projetados em 1985 para a sinagoga Beit Yaakov, no Guarujá em São Paulo. Mais uma vez, aqui se encontra o mesmo jogo de formas e cores que caracterizou toda a obra do artista brasileiro.
Nos últimos anos, Roberto Burle Marx desenhou sinagogas e outros monumentos judeus que são agora mostrados pela primeira vez.
Vitrais de sinagoga
Paisagismo e calçadas de Copacabana
Fonte: Fonte: http://www.dw.com/pt/burle-marx-o-criador-do-jardim-moderno/g-19319237
Veja também:
* Curso: Roberto Burle Marx, paisagista.
* PAISAGENS PARTICULARES: JARDINS DE ROBERTO BURLE MARX
* Aue Paisagismo homenageia Niemeyer, o arquiteto que promoveu o paisagismo de Burle Marx.
Anterior Próximo