Nova tecnologia oferece cultivo sustentável de Tomate-Cereja

Autor: Victor Campanate - Data: 27/08/2024

Cultivo Sustentável de Tomate-Cereja
A Embrapa Agroindústria Tropical (CE) criou uma tecnologia que permite o cultivo de tomate-cereja utilizando casca de coco como substrato. Nesse sistema, as plantas crescem em vasos ou sacos com o substrato, dentro de estufas e telados. As necessidades de água e nutrientes das plantas são atendidas por meio de soluções nutritivas. Em testes realizados na Serra da Ibiapaba (CE), entre 2020 e 2022, essa técnica resultou em uma produtividade 33% maior do que a obtida pelos métodos tradicionais na região, além de ser uma alternativa econômica e ecologicamente sustentável.

Com a implementação das técnicas da Embrapa, os produtores locais conseguiram, nos experimentos, uma produção de 80 toneladas de tomate-cereja por hectare, superando em 33% a produtividade em campo aberto, que é de 60 toneladas por hectare.

A adoção do cultivo protegido em substrato pode resultar em produtividades ainda maiores do que as observadas nos testes na Serra de Ibiapaba.

Além disso, essa tecnologia oferece diversos benefícios: melhor controle da irrigação e da nutrição, maior eficiência no uso da água e de fertilizantes, redução no uso de defensivos agrícolas (herbicidas, nematicidas, fungicidas e inseticidas), obtenção de frutos mais uniformes e de maior qualidade e valor comercial, e menores custos com mão de obra, devido à eliminação ou diminuição de práticas culturais como capinas e pulverizações.

O substrato de fibra de coco é recomendado para o cultivo protegido do tomateiro no Nordeste, pois, além de apresentar melhores resultados nesse tipo de produção, é uma matéria-prima abundante na região e viável economicamente. Outros aspectos que tornam a fibra de coco um produto de boa relação custo-benefício são suas excelentes características físico-químicas, como estabilidade física, baixo peso, alta porosidade, boa aeração, elevada capacidade de retenção de água e pH neutro. Seu uso também beneficia a cadeia produtiva do coco, agregando valor a um resíduo da produção desse fruto.

O cultivo em substrato vem crescendo em países da Europa — principalmente Holanda, Espanha e Itália —, nos Estados Unidos, no México, na China, no Norte da África e no Brasil, especialmente para hortaliças-fruto, como tomate, pimentão, pepino, melão e morango, além de flores de corte e plantas ornamentais.

Menor incidência de pragas
A menor incidência de pragas é uma das vantagens do cultivo protegido e sem solo. Os primeiros experimentos para a produção de tomate nesse sistema foram realizados nos municípios cearenses de Guaraciaba do Norte e São Benedito. Produtores que antes cultivavam tomates tradicionais em campo aberto, agora estão adotando variedades especiais, como o tomate grape, em um ambiente controlado.

Ao mudar a abordagem do cultivo, os produtores buscaram apoio da Embrapa para implementar o cultivo protegido e sem solo. Antes, o plantio era feito em grandes áreas de terra com baixa produtividade. Após visitas a feiras do setor, perceberam que era possível plantar em espaços mais compactos e obter maior produtividade, o que os motivou a adotar essa nova técnica.

No cultivo protegido, a incidência de pragas tende a ser menor devido ao ambiente fechado e controlado. Caso ocorra alguma infestação, o manejo integrado de pragas pode ser aplicado de forma mais eficiente, com medidas de controle precisas.

Além do cultivo de tomate-cereja, o modelo de cultivo protegido e sem solo também pode ser utilizado na produção de mudas de hortaliças. Na Estufa Timbaúba, por exemplo, são produzidas mudas de pimentão, tomate e pepino, entre outras.