Simone Ribeiro e a Escola de Paisagismo de Brasília
Autor: Taís da Costa Morais - Data: 04/05/2023
Na entrevista AuE Paisagismo deste mês, conversamos com a Simone Ribeiro, Engenheira Agrônoma que além de fazer projetos e implantações de paisagismo, é coordenadora e professora da Escola de Paisagismo de Brasília, onde estudou em 2004.
Transcorrido dez anos desde a última entrevista na AuE, conversamos sobre as mudanças na escola neste período, assim como as necessidades do profissional de paisagismo.
Mudanças no paisagismo
Simone enxerga o grande crescimento e valorização do paisagismo, e fala que em números pode dizer que o mercado cresceu 100%. Tanto em procura por projetos, quanto por profissionais que buscam se especializar na área.
Além do crescimento, a exigência do cliente em ter projetos elaborados por profissionais qualificados fez com que a escola aumentasse o número de cursos oferecidos, desta forma é possível atender a demanda específica de cada profissional.
Uma novidade, é a pós-graduação em paisagismo, que está na décima turma, com a próxima prevista para agosto de 2023. O curso é voltado para profissionais do ramo que procuram se especializar em paisagismo, como arquitetos, designers e engenheiros.
Para se adaptar ao período pandêmico, a escola passou a ministrar as aulas de forma remota, o que possibilita que alunos do Brasil e de todo o mundo possam ter acesso aos cursos profissionalizantes, referência no mercado paisagístico.
"Prezamos muito pelo profissional qualificado, o estudo de paisagismo precisa ser continuado, pois sabemos que a área está em constante evolução. Sempre surgem novos estilos, técnicas e nomenclaturas, o paisagismo não para. Sempre tem novidades. O presente do paisagismo é trabalhar com projetos sustentáveis que favoreçam o meio ambiente."
Escola de Paisagismo de Brasília
Sobre a escola, a questionamos sobre qual o maior desafio teve que enfrentar e a entrevistada fez uma análise sobre a criação da escola, em 2001, fundada para suprir demandas de amigos arquitetos e engenheiros, dentro do campus da UNB (Universidade de Brasília). Trazer reconhecimento à escola que no início era um curso de extensão foi um processo difícil e demorado, para ser reconhecido pela Secretaria de Educação, o curso teve que se desvencilhar da Universidade. Em 2007 a escola montou sua primeira sede.
Fonte: Simone Ribeiro
Caminhando ao lado do mercado da área, a escola criou novos cursos, com intuito de acompanhar os profissionais em áreas específicas do paisagismo e até mesmo da irrigação.
Simone relata sobre a importância e crescimento dos jardins em vasos que é um curso ministrado pela escola. O tema aborda as facilidades e características deste tipo de projeto, e como é necessário ser qualificado para entender as especificidades de cada espécie escolhida e sua adaptação em vasos.
Na pandemia, percebeu que o ser humano precisou ficar mais próximo da natureza, e isso pode ser visto nos projetos de paisagismo em áreas de saúde. Além do crescimento por compra de plantas, ela enfatiza importância do cuidado e escolha correta das espécies, evitando seu descarte.
Traz uma novidade que chama de Vitamina N, que são cursos livres de paisagismo associados com terapeutas, a fim de levar o contato com a natureza, propiciando momentos relaxantes, onde o aluno sai da rotina e vivência algo exclusivamente para ele, sem a obrigação de trabalho. Informou ainda que a procura é grande por esse tipo de ensino. Enfatizou também sobre a conscientização das crianças em relação ao plantio, para crescerem com responsabilidade ambiental.
O uso de tecnologia no ensino de projetos de paisagismo
O AutoLANDSCAPE está na grade curricular da escola, e descreve sobre a facilidade que o software traz para o paisagista, oferecendo recursos práticos que valorizam o projeto, transformando o projeto técnico em algo entendível pelo cliente e economizando tempo por fornecer todos os dados das plantas inseridas.
"Indicamos sempre o AutoLANDSCAPE, está no nosso currículo. Eu vejo que os alunos que aprenderam a ferramenta, continuam usando após os cursos. Cada vez mais o paisagismo evolui e com isso o cliente quer compreender o projeto. O AutoLANDSCAPE é uma ferramenta que possibilita isso"
Finalizando, perguntamos qual conselho Simone daria para quem pensa em fazer um curso de paisagismo e ingressar na área
A primeira coisa que julga importante antes de buscar formação e ser profissional na área, é ter certeza de que é aquilo que deseja para si, e ter consciência da dedicação que o paisagismo exige. Acompanhar o assunto, estudar as instituições e possibilidades também são de suma relevância. Buscar informações para definir público-alvo, renda, estilo de trabalho devem ser pensados pelo profissional antes do início no mercado.
"O paisagista tem que ser observador, a partir do momento que inicia o trabalho com paisagismo, você começa a prestar atenção ao seu redor, no paisagismo, na natureza e levar sua percepção para os projetos".
Dentro dos planos, a coordenadora da escola menciona sobre a criação de novas pós-graduações, e o desejo de uma graduação de paisagismo. Assim, abordaria vários segmentos da área, desde botânica, jardins residenciais à estudo de solos e projetos.
Agradecemos a participação da Simone, somos felizes pela parceria de longa data, e estimamos sucesso a ela e todos os alunos da escola!
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