A causa da sua alergia pode estar no seu jardim

Autor: Laís Manço Frattini - Data: 15/10/2021

Salix humboldtiana Willd. - Specimen Oliver Whaley et al. 148
Fonte: Página www.plantsoftheworldonline.org. Imagem de Oliver Whaley

Imagine que um belíssimo jardim, ao invés de alterar a paisagem para entregar a beleza das plantas, ofereça uma rinite alérgica. Os polén anemófilos, ou seja, que são dispersos pelo vento, podem gerar esse problema à saúde.

Representando o gameta masculino, os microscópicos grãos de pólen produzidos pelas flores, são fundamentais na reprodução de variadas espécies de plantas.

Nas épocas de floração, a fim de ir de encontro a uma flor com gameta femino, o pólen se dispersa com a ação do vento e uma rinite alérgica pode ser estimulada com a exposição a esse fino pó. Essa alergia, nomeada de polinose, levou MENDES e LACAZ, na década de 70, à contagem de pólens em suspensão no ar da cidade de São Paulo. Dentre as espécies alergógenas identificadas na coleta, se destaca a gramínea Cynodon dactylon e a herbácea Solidago microglossa, espécies com potencial ornamental.

Estudos realizados na cidade de Curitiba apontam que a polinose, desencadeada por gramíneas, foi identificada em 1,8% nas crianças e 10,4 % em adultos.

Plantas da família Cupressaceae , largamente utilizadas em projetos paisagísticos, liberam altas quantidades de pólen, que também são agentes alérgicos.

Outras espécies que possuem pólen alergisantes são:

- Salix humboldtiana var. humboldtiana
- Salix hastata L.
- Salix humboldtiana Willd
- Artocarpus heterophyllus Lam.
- Brosimum guianense (Aubl.) Huber ex Ducke
- Pourouma guianensis Aubl.
- Celtis iguanaea (Jacq.) Sarg.
- Trema micrantha (L.) Blume
- Laportea aestuans (L.) Chew
- Pilea pubescens Liebm.
- Cecropia glaziovii Snethl.

A alergia é desencadeada não só pela ação física, mas também pelo contato com as proteínas contidas nos pólens. Portanto, sem o intuito de causar alardes, as pesquisas servem como prevenção para evitar problemas e preocupações futuras de projetos paisagísticos, os quais, há clientes com histórico de sensibilidade alérgica.

Para auxiliar na escolha das plantas para ornamentação, o pesquisador Thomas Leo Ogren criou uma escala para plantas com potencial alergênico, chamada OPALS (Ogren Plant Allergy Scale). A escala é um número de 1 a 10, onde as plantas com os valores mais baixos têm menos potencial de provocar alergia.

Fonte: https://www.fix.com/blog/plant-sneeze-free-plants/

Além de prevenir o problema evitando o uso de plantas já catalogadas com pólen alergênico, reduzir o uso de plantas ditas masculinas também é uma forma de evitar polens anemófilos.

Encontramos informações sobre a expressão sexual das plantas no catálogo, presente na interface inicial do LandOFFICE.

Elas podem ser classificadas em femininas, masculinas ou hermafroditas, ou seja, que possuem flores com ambos os sexos. Elas também podem ser separadas em monóicas (uma planta que apresentam os dois sexos, em flores distintas), dióicas (apresentam um sexo, seja ele masculino ou feminino), andromonóicas (apresentam o sexo masculino ou hermafroditismo), andróicas (apenas o sexo masculino), ginócas (apenas o sexo feminino) e trimonóicas (apresenta o sexo feminino, masculino e hermafrodita na mesma planta).

Referências:

CAEIRO, Elsa et al. Aerobiologia do pólen de Cupressáceas em Portugal. Revista Portuguesa de Imunoalergologia, S.L., v. 28, n. 1, p. 19-30, 19 mar. 2020. Publicações Ciência e Vida, Lda. http://dx.doi.org/10.32932/rpia.2020.03.029.

MELHEM, Therezinha s; MAKINO, Hiroko. Grãos de pólen de plantas alergógenas. Boletim Ig, S.L., v. 9, p. 145, 1 dez. 1978. Universidade de São Paulo, Agência USP de Gestão da Informação Acadêmica (AGUIA). http://dx.doi.org/10.11606/issn.2316-8978.v9i0p145-152.

OGREN, Thomas Leo. OPALS - The Worlds First Plant-Allergy Scale. Disponível em: http://www.allergyfree-gardening.com/opals.html. Acesso em: 13 out. 2021.

Imagem de capa disponível em http://www.plantsoftheworldonline.org/taxon/urn:lsid:ipni.org:names:777818-1

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