Paisagista Rose Antonelli: Paisagismo em lage de prédio
Autor: Rose Antonelli - Data: 10/04/2013
AuE Paisagismo: Como foi a sua escolha desta profissão de paisagista? Quais as dificuldades que encontra e quais a maiores alegrias?
Rose Antonelli: Formei-me em matemática mas nunca exerci. Sou artista plástica registrada na Secretaria de Cultura do DF, e trabalhava como designer de interface de sistemas de ensino a distância. Também tenho experiência com projetos e construção porque temos uma pequena empresa nessa área e construir sempre foi minha rotina.
Quando foi chegando a época de pensar numa aposentadoria, escolhi fazer um curso onde eu pudesse ter o prazer de cuidar do meu jardim, de quase 2 mil metros quadrados, e trabalhar em casa a maior parte do tempo. Foi unir as habilidades e o útil ao agradável.
AuE Paisagismo: Costuma frequentar Congressos e Eventos de Paisagismo?
Rose Antonelli: Sim. Já fiz algumas viagens com a Escola de Paisagismo de Brasília acompanhada dos professores para visitas a jardins muito especiais. Participo da Exploflora-SP, da Festflor-DF, e já estive também no Congresso Internacional de Paisagismo na Universidade de Lavras-MG.
AuE Paisagismo: Como fazer para integrar o gosto do cliente, com a obra arquitetônica e a seleção adequada de espécies botânicas em um projeto paisagístico?
Rose Antonelli: O gosto do cliente é o que sempre fala mais alto. Caso não seja possível adequá-lo, explico todas as possibilidades sobre a planta escolhida e tentamos entrar num consenso.
| A arquitetura da obra me traz a linguagem a ser seguida, e converso também com arquitetos e decoradores pois são profissionais que já conhecem bastante o cliente também. | | |
AuE Paisagismo: Como você faz a seleção das espécies botânicas? Você leva em consideração a frequência de manutenção no processo de escolha?
Rose Antonelli: Aqui em Brasília o clima seco e os grandes tamanhos de jardins, na maioria das vezes, fazem o cliente pedir plantas de baixa manutenção. O uso de texturas como seixos e lascas também agrada muito exatamente pelos motivos citados (clima e manutenção).
Para a escolha das plantas a entrevista com o cliente é longa e eu carregava uma pasta pesada com dúzias de revistas para mostrar. Era uma dificuldade e os clientes queriam folhear absolutamente tudo. Tentei o tablet para facilitar essa parte mas a maioria das pessoas ainda preferem ver fotos impressas. Passei uns dias recortando todas as minhas revistas de paisagismo e jardinagem, aproveitando somente as melhores fotos, fiz um índice e encadernei. Esse meu book foi uma ótima ideia e mais prática de carregar. Com ele os clientes fazem suas escolhas e eu vou apresentando as características das plantas para decidirmos se é ou não adequada e cada caso é um caso.
AuE Paisagismo: Como o paisagismo pode contribuir na qualidade de vida da população?
Rose Antonelli: No caso específico do jardim que implantamos no Setor Bancário Norte, bem no centro de Brasília, foi como um mini-oásis oferecido às pessoas que apenas passavam por ali para cumprir suas rotinas de trabalho.
Agora, essas centenas de pessoas têm um banco para sentar, tomar um lanche ou se aquecer nas manhãs frias de inverno. Nos corredores sombreados também fizemos espaços acolhedores para quem quiser fugir do sol. Tudo em volta era apenas um piso de concreto e agora está tudo verde.
Com a rotina e a correria do dia-a-dia acho que a maioria nem presta atenção por onde passa, muito menos percebe as mudanças da paisagem ao longo das estações do ano. Com as pessoas mais próximas de mim - amigos e familiares-, passei a "narrar" o caminho por onde eles costumam passar, apontando as floradas, as cores, os aromas e outras características dos grandes espaços de Brasília. E eles ficam até surpresos pois passavam por ali todos os dias e nem reparavam que de uma semana para outra todas as árvores ficavam floridas!
AuE Paisagismo: Qual o papel do paisagismo em um empreendimento imobiliário?
Rose Antonelli: O paisagismo valoriza o empreendimento. Podemos ver nos conjuntos habitacionais onde as casinhas ou prédios são todas iguais, mas aqueles onde plantaram flores, uma árvore ou uma hortinha torna-se o destaque, o ponto focal.
AuE Paisagismo: Frente às diversas catástrofes naturais que estamos vivenciando, tais como enchentes, vulcões, terremotos, entre outras, as profissões que lidam diretamente com o meio ambiente ganham especial destaque. Qual é o papel do paisagismo neste cenário?
| Os fenômenos da natureza não são controlados pelo homem, qualquer que seja sua profissão, mas o paisagismo após essas catástrofes cumpre um papel de alento, de capricho, de zelo e fé no amanhã | | |
.
Rose Antonelli: Se plantamos hoje uma árvore é com a certeza de que dali a alguns anos alguém vai estar aproveitando sua sombra, ou uma criança estará brincando em volta dela. Nos momentos de reconstrução, as paredes, ruas e viadutos não trazem o mesmo aconchego para as pessoas. Um canteiro e uma graminha é o lugar mais procurado!
AuE Paisagismo: Como você utiliza os softwares AutoLANDSCAPE e o PhotoLANDSCAPE em seu dia-a-dia profissional?
Rose Antonelli: Utilizo esses softwares em todos os meus projetos devido a rapidez que me proporcionam em todas as etapas de elaboração do projeto e não há dúvida de que uma imagem vale mais que mil palavras. Todos gostam de visualizar o projeto e de participar da elaboração.
AuE Paisagismo: Quais as vantagens de usar os programas?
Rose Antonelli: Para mim, a maior vantagem é o tempo que se ganha.
AuE Paisagismo: Dentre os projetos que você realizou, qual deles vocês destacaria? Conte-nos um pouco sobre este projeto.
Rose Antonelli: O projeto do jardim sobre laje foi o mais envolvente pois havia muitos desafios envolvidos e uma logística peculiar.
Foi meu primeiro contrato logo depois de formada. A laje fica no térreo do prédio, mas esse prédio fica numa depressão do terreno, então esse térreo na verdade é o quarto pavimento, muito ilhado e sem ter como chegar de carro até lá.
Conheça mais sobre o projeto Jardim em lage
www.roseantonelli.wordpress.com
Fone: 61-8414-2409
Anterior Próximo